O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO
O Círculo de Giz Caucasiano é uma das peças mais conhecidas e importantes do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Escrita em 1944, a peça é baseada em uma história popular chinesa e se passa na Geórgia, região que fazia parte da antiga União Soviética. A peça conta a história de Grusha, uma camponesa que encontra um bebê abandonado após o assassinato do governador da região. Grusha decide cuidar do bebê e fugir da cidade, pois sabe que será perseguida pelas autoridades. Durante sua jornada, ela encontra o fazendeiro Azdak, que a ajuda e a protege da justiça.
No entanto, quando o verdadeiro pai do bebê aparece, uma disputa judicial é iniciada para decidir a quem o bebê pertence. Azdak, que agora é juiz, propõe um julgamento incomum: um círculo de giz é desenhado no chão, e o bebê é colocado no centro. Grusha e o pai biológico são instruídos a puxar o bebê para fora do círculo, e aquele que conseguir ficar com o bebê é considerado o seu legítimo dono. A peça aborda temas como justiça, moralidade e poder, e apresenta uma crítica à sociedade e à política da época. Brecht usa técnicas de teatro épico, como a quebra da quarta parede e a inclusão de canções, para estimular a reflexão crítica do público sobre as questões apresentadas.
A peça "O Círculo de Giz Caucasiano" de Bertolt Brecht é uma obra complexa e rica em diálogos, mas aqui está um trecho do diálogo entre dois personagens principais:
Personagem 1: Eu trouxe um filho de cinco anos para este mundo, mas como posso sustentá-lo? Eu não tenho nem dinheiro para comprar leite para ele.
Personagem 2: Eu também tenho filhos, e eles também estão passando fome. Mas nós não podemos ficar sentados e lamentando, precisamos agir.
Personagem 1: O que podemos fazer?
Personagem 2: Devemos nos unir e lutar contra a injustiça. Não podemos deixar que os ricos fiquem cada vez mais ricos enquanto os pobres ficam cada vez mais pobres. Precisamos lutar pelos nossos direitos.
Personagem 1: Mas como? Nós somos apenas camponeses, não temos poder.
Personagem 2: Nós podemos nos unir e lutar juntos. A união faz a força. Além disso, temos um trunfo importante: o amor pelos nossos filhos. Devemos lutar por um futuro melhor para eles.
Esse trecho é um exemplo do tom social e político que permeia toda a peça, que discute temas como justiça social, poder e corrupção. E o ponto épico de "O Círculo de Giz Caucasiano" ocorre no final da peça, durante o julgamento do caso do filho de um governador que foi deixado para trás por sua mãe biológica e criado por uma camponesa pobre chamada Grusha. Durante o julgamento, o governador exige que o filho seja devolvido a ele, mas Grusha argumenta que ela o criou e o ama como seu próprio filho. O juiz decide resolver o caso através de um desafio: ele coloca uma criança no meio de um círculo desenhado no chão e ordena que Grusha e o governador disputem a criança, cada um tentando puxá-la para fora do círculo.
Este momento é o ponto épico da peça porque Brecht usa o desafio como uma metáfora para a luta de classes. A disputa pela criança representa a luta pelo poder e pela propriedade, e os personagens que representam as diferentes classes sociais (a camponesa pobre e o governador rico) lutam pelo controle da criança. Além disso, o momento é épico porque Brecht usa técnicas teatrais para alienar a plateia, fazendo com que eles não se identifiquem emocionalmente com os personagens, mas os vejam como representantes de diferentes classes. Dessa forma, Brecht critica a sociedade capitalista e as desigualdades sociais, mostrando como a luta pelo poder pode destruir o amor e a humanidade. O Círculo de Giz Caucasiano é considerado uma das obras mais importantes de Bertolt Brecht e do teatro do século XX, e continua sendo encenada e estudada em todo o mundo até os dias de hoje.
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Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, Anjo da Guarda. Bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos.