MÃE CORAGEM E SEUS FILHOS
"Mãe Coragem e seus filhos" é uma peça teatral escrita pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht em 1939. A história se passa durante a Guerra dos Trinta Anos na Europa, e acompanha a trajetória de Anna Fierling, conhecida como Mãe Coragem, uma vendedora ambulante que segue o exército sueco vendendo suprimentos e mantimentos para os soldados. A peça é uma crítica à guerra e aos valores capitalistas, e Mãe Coragem é um símbolo dessa crítica.
Mãe Coragem é uma personagem forte, determinada e astuta, que luta pela sobrevivência de si mesma e de seus filhos em meio à guerra. Ela é uma mulher que se adapta às circunstâncias, negociando com os soldados, escondendo seus bens, e utilizando sua inteligência para sobreviver. Entretanto, em sua luta pela sobrevivência, ela acaba perdendo seus filhos, um a um, para a guerra e para os interesses de terceiros.
A personagem de Mãe Coragem traz a história uma reflexão sobre a relação entre a guerra e o capitalismo, mostrando como a ganância e a busca pelo lucro levam pessoas comuns a se envolverem em conflitos violentos, colocando em risco suas próprias vidas e as de seus entes queridos. Ela é um exemplo de como a necessidade de sobreviver em um mundo em conflito pode levar as pessoas a fazerem escolhas morais duvidosas, em um contexto em que a ética é colocada em segundo plano.
Além disso, Mãe Coragem também representa a dor da perda e a impotência diante do destino imposto pela guerra. Ela é uma mãe que luta para proteger seus filhos, mas que acaba perdendo-os para o conflito. Sua história é um alerta para as consequências da guerra, que não escolhe vítimas e que pode destruir tudo o que as pessoas têm de mais precioso.
Embora a peça contenha muitos diálogos impactantes, aqui estão alguns dos mais memoráveis:
"A guerra é um negócio. Os soldados são os compradores e os mortos, a mercadoria." - Mãe Coragem
Esse diálogo resume a visão cínica da personagem principal sobre a guerra. Para Mãe Coragem, a guerra é simplesmente uma oportunidade de lucro, e ela está disposta a sacrificar tudo, até mesmo seus próprios filhos, para sobreviver.
"Não fui eu quem começou esta guerra. Por que devo ser eu a sofrer?" - Kattrin
Essas palavras são ditas pela filha de Mãe Coragem, Kattrin, que é muda. Ela questiona a lógica da guerra e por que as pessoas inocentes devem sofrer as consequências. Esse diálogo mostra a ingenuidade e a humanidade de Kattrin.
"Onde há guerra, há um mercado. Onde há um mercado, há negócios. Onde há negócios, há espertalhões." - O Recrutador
Esse diálogo é dito pelo Recrutador, que recruta homens para lutar na guerra. Ele é uma das muitas figuras que lucram com a guerra. Esse diálogo ilustra a visão de Brecht sobre a corrupção e a ganância que a guerra traz consigo.
"Primeiro vem a comida, depois a moralidade" - essa é uma das frases mais famosas da peça, e é dita por Mãe Coragem enquanto discute com um soldado sobre as escolhas que as pessoas fazem na guerra.
"O que é o roubo de um lenço comparado ao roubo de um país inteiro?" - essa frase é dita por Kattrin, filha de Mãe Coragem, quando um soldado acusa ela de roubar um lenço. Ela argumenta que as pessoas muitas vezes cometem atos pequenos de roubo em tempos de guerra, mas essas ações são insignificantes em comparação com os crimes maiores que são cometidos.
"Eu preferiria ser cega e surda a ter um coração de pedra" - Mãe Coragem diz isso depois de ver uma mulher sendo morta, e expressa sua dor e desespero com a crueldade da guerra.
"A guerra é o pai de todas as coisas" - essa frase é dita por um personagem chamado Eilif, e é uma referência a um poema do filósofo grego Heráclito. Eilif argumenta que a guerra é a força que impulsiona o progresso e a mudança na sociedade.
"O que é um homem sem um país?" - essa pergunta é feita por um soldado alemão para um soldado suíço, que está lutando contra seus próprios compatriotas. Ele questiona o que significa ser leal a um país em tempos de guerra, e se essa lealdade tem algum valor real.
Esses diálogos são apenas alguns exemplos do poder e da profundidade da peça "Mãe Coragem e seus filhos". A peça é conhecida por sua crítica à guerra e à ganância humana, e essas falas são uma parte importante dessa crítica. Enfim, uma obra incrível que merece ser mais lida, entendida e encenada!
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Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, Anjo da Guarda. Bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos.