O que acho de Houellebecq: I parte.
Todos os meus "heróis" do mundo literário, da música, da filosofia, da teologia, da Arte em geral estão mortos, excetuando-se o escritor francês Michel Houellebecq.
Conheci a obra de Houellebecq em 2020 quando li a obra "Plataforma" (já li cinco obras dele e farei resenhas delas nos próximos textos), vi-me refletidamente visto naquele personagem e no próprio Houellebecq: homem misantropo, como eu; espírito avesso a convencionalismos, dogmatismos e padrões, como eu; homem ao mesmo tempo apaixonante e indiferente; um niilista não por vocação, mas por reflexão, por racionalidade, como eu; um espírito crítico e ácido que solta o verbo sem formalidades e floreios quando quer ser direto em algum assunto, que trata das principais questões do homem moderno: a perda dos valores com a "morte dos deuses" praticada pelos próprios filhos nesse parricídio metafísico; o fundamentalismo religioso e ao mesmo tempo Houellebecq cultiva, como eu, um certo olhar cético com relação à própria ciência (tudo se torna alvo de desconfiança hoje em dia) kkkkk.
Houellebecq discorre também sobre o consumismo desenfreado, o hedonismo como filosofia de vida para milhões de pessoas; a crise nas relações humanas que já começa no próprio seio familiar; as depressões do homem pós-moderno; o que é o amor e o sexo nos dias atuais?, as tantas máscaras que vestimos em diversos contextos; a busca pela verdade varejista e relativizada; a promiscuidade humana, a pornografia dos corpos e da vida; a vida humana como mais um produto à venda...Poxa, eu poderia citar tantos assuntos e temáticas que são abordados nas obras de Michel Houellebecq, mas, por enquanto, vamos parar por aqui.
Há um ditado que diz que "o diabo está nos detalhes." Ler Houellebecq é buscar sempre estar atento aos detalhes mais prosaicos que possam aparentar, pois de lá tiramos revelações incríveis, afinal Houellebecq adora bancar o "diabo" para buscar acordar nossos olhos e alma para o sagrado e o profano, o trivial e o incomum, o asqueroso e o belo, a inocência e o pecado, o Eros e Thánatos; a fantasia e a realidade, a ficção e a vida despida, real e inapreensível como ela sempre foi e será.
Em suma, a escrita poderosa de Houellebecq não é indicada para pessoas de estômago fraco, pois os gênios, como Houellebecq inegavelmente é, são (quase sempre) seres difíceis de se compreender e conviver até consigo mesmos.