Halloween Ends
Halloween 2018, H40, ou simplesmente, Halloween, reavivou a rivalidade entre Laurie Strode e Michael Myers, surgida lá trás, no final da década de 70, uma sequência direta do clássico dirigido pelo notável John Carpenter, desconsiderando as demais continuações. Neste mesmo período do ano passado, o ótimo Kills invadiu as salas de cinema e a despeito de privar o público de mais um embate entre a protagonista e o desumano algoz, a talvez personificação do mal, apresentou o ponto mais excelso da nova trilogia e assim o ajuste de contas com a personagem perpetuada pela icônica Jamie Lee Curtis ficara para depois, em Halloween Ends, terceiro capítulo, assinado pelo diretor David Gordon Green, à frente também dos filmes antecessores.
O desfecho de Kills foi pura frenesia, atribuindo ainda mais ódio e desejo de vingança a Laurie Strode. Quatro anos se passaram desde os eventos dos dois primeiros filmes e tudo que se esperava era ver Myers ressurgir das sombras para macular mais um dia das bruxas e assim decorreria a batalha derradeira. No entanto, David Gordon Green parece ser pouco ou nada afeito ao óbvio, não hesitando em percorrer um caminho quase oposto, muito mais complexo e eu confesso que o aclamo por isso, afinal todos assentem ser mais fácil fincar os pés na tal zona de conforto.
Halloween Ends passa ao largo de ser um filme perfeito e carrega suas incongruências, mas não abdica de entregar um desfecho honesto à trilogia, sem abdicar de jogar as cartas na mesa e carregar uma marca, obtendo sim, uma identidade. O enredo, na maior parte do tempo, não esconde estar rechaçando o terror, com obvia inclinação para o drama. Mas nos momentos finais, a trama reclama por suas origens e não faz nada feio.
No capítulo final, a história é retomada quatro anos após o súbito desaparecimento de Michael Myers, mostrando os esforços de Laurie e sua neta Alysson em reconstruir suas vidas após tantos eventos trágicos. Com o desenrolar, é mostrado que o impetuoso Myers nem de longe representa a única maldade a assolar Haddonfield e quiçá seja a pior delas. Por essa e outras abordagens, Halloween Ends é um filme tão peculiar, que encerra um ciclo sem oportunizar a perfeição e deixa o futuro em aberto. Afinal, conforme a própria Laurie Strode assentiria, o mal não desiste, também não morre, somente muda de forma.