EM BUSCA DE UM LUGAR

"ESCRITORES

EM BUSCA DE UM LUGAR

Escritores desejam ser reconhecidos por seu trabalho e esforço.

Mas não é fácil quando se percebe que as grandes editoras publicam só os livros de maior vendagem de seus escritores notórios e fadados ao sucesso em cada nova publicação feita.

Os escritores independentes surgem com nova proposta e trilham um caminho alternativo, de difícil acesso. É um trabalho lento e gradativo em busca de algum patrocínio financeiro entre amigos e familiares.

Esses autores economizam alguma importância em dinheiro vinda de seu próprio trabalho, mobilizam algumas entidades culturais e editam seus livros com recursos amealhados com sacrifício e suor.

Os livros são vendidos em feiras na capital e interior, ao longo do ano, em saraus e eventos e seus autores perseguem algum reconhecimento quando da apresentação dos novos trabalhos.

Mas todo esse esforço não basta para financiar os custos do lançamento dos autores independentes, com as gráficas, o capista, o diagramador, o revisor ,entre outros.

Quando as prefeituras e empresas compram dezenas de exemplares para distribuir em escolas, estão colaborando para que o escritor se torne conhecido entre algumas comunidades.

Alguns escritores ganham algum reconhecimento em concursos literários, outros saem de porta em porta a oferecer suas obras, alguns vendem suas obras aos turistas que chegam ao país para as férias de verão.

Outros buscam a internet como forma de divulgação e passam a escrever para os jornais digitais, já em grande número.

E vendas pelas redes sociais também são feitas aos interessados.

Alguns podem se tornar palestrantes em eventos empresariais.

Temos os cordelistas e trovadores, repentistas e imediatistas que partem de um tema solicitado e improvisam versos e versos, aos metros.

São tipos populares e de boa fé que vivem como itinerantes instigando a curiosidade do povo que os encontra em praças públicas, a declamar seus ensaios.

Esse é um fenômeno cultural que promove o conhecimento da cultura de um povo, muitas vezes, explorado, humilde e sacrificado e, mesmo assim, servidor de sua pátria.

Modernamente, estão surgindo academias e associações que reúnem seus afilhados e publicam as coletâneas E pretendem conquistar seu espaço no mundo literário contemporâneo.

A primeira academia do Rio Grande do Sul foi a denominada Partenon Literário, em Porto Alegre. Data, a referida academia, de 18 de junho de 1868 e seu fundador foi Apolinário Porto Alegre e seu irmão Aquiles Porto Alegre, entre outros intelectuais da época.

Depois de um ostracismo de muitas décadas voltou a existir e até hoje exerce suas atividades com novos sócios.

Hoje, várias entidades povoam a cidade de Porto Alegre e, aos poucos, vão reunindo escritores e promovendo a divulgação dos mesmos em feiras de livros.

Temos, entre outras, a Casa do Poeta Riograndense fundada por Nelson Fachinelli, em 1964, a AGEI que se filia à Câmara Riograndense do Livro.

Há um projeto cuidadoso que reúne os escritores e seus textos e currículos. Estipula-se um valor para cada participante para que se processe a impressão e o pagamento das despesas da gráfica até a edição final dos volumes.

É um trabalho de cooperativa que oportuniza a inclusão do escritor no mercado e facilita sua interação com a literatura de modo mais econômico e viável.

Cada autor recebe uma quota de livros para comercializar e fazer um fundo para participar de novas obras.

Uma coletânea que reúna autores de vários Estados da federação, pode dinamizar os trabalhos e os resultados e otimizar os esforços de uma coletividade que se apoia solidariamente.

Essa é uma alternativa para autores que não poderiam arcar com os custos de um livro solo. E para outros que não teriam material suficiente para compor um livro.

As obras dos autores independentes podem ser vendidas em saraus literários, em feiras, eventos culturais, entidades outras que se proponham a divulgar as obras, assim com as editoras dos shoppings. E vale a criatividade para descobrir onde colocar os volumes para a melhor visibilidade.

Há grupos de escritores que declamam em praça pública, em saraus de menor porte. E há os que colocam bancas em praças, em casas de cultura .

Há os que convidam para um chá em suas casas e contam com os colegas de trabalho para prestigiarem algum evento literário que sirva como ponte para a venda de novos exemplares de livros publicados.

Em Salvador, na região central do Pelourinho, vários grupos de poetas se reúnem em saraus.

Em São Paulo, os saraus são realizados ns bares da Vila Madalena, no Itaú Cultural e na Casa das Rosas.

No Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Manaus, a literatura independente dá o seu recado, prolifera e se atualiza.

Mas, um autor independente só recebe reconhecimento significativo, quando vence um concurso literário de grande porte como o da Academia Brasileira de Letras, da Academia Paulista de Letras, quando vence o prêmio Jabuti ou da Câmara Brasileira do livro, ou o prêmio Camões.

Ou se destaca em premiações regionais, como o prêmio dos Açorianos ou o prêmio Moacyr Scliar, em Porto Alegre.

As políticas públicas precisam se envolver em projetos que destaquem tantos autores independentes.

Ainda há tantos talentos escondidos e, ao mesmo tempo, tanta divulgação de obras sem valor literário algum.

Cabe ressaltar a importância de buscar a participação das grandes Universidades junto aos movimentos literários.

Isso seria o mesmo que resgatar tendências, valorizar e registrar o surgimento de novos autores, registrar e se envolver em processos de construções relativos aos vários campos da literatura.

Seria a possibilidade de resgatar romancistas ,contistas, ensaístas, poetas, cronistas, cada qual com sua percepção peculiar da existência.

Escritores de toda a terra, estejamos unidos em prol da cultura e literatura, responsável pela permanência dos fatos e da história dos povos, em qualquer tempo.

Estejamos algo alienados porque sonhadores inveterados.

Estejamos a pular corda e amarelinha para resgatar os valores da infância, junto aos nossos netos.

Estejamos unido numa corrente invisível de amor ao próximo, para falar de suas desditas e exigir a justiça que tarda mas não falha.

Estejamos agradecidos ao Senhor nosso Deus pelos êxitos obtidos.

Sejamos os arautos da coletividade carente.

Sejamos a força motriz, que parece obscura mas que já colheu alguns frutos de uma semeadura que não para mais no tempo e no espaço.

Sejamos pequenos príncipes e princesas das ilusões infantis quando lemos belas histórias para os pequenos dormirem em paz.

Sejamos corajosos e invencíveis como coletividade inserida na divulgação da literatura que é capaz de balançar o sistema vigente e erguer um novo caminho, digno e promissor, porque a mudança é inevitável."

Por KATIA CHIAPPINI. "Alguns esclarecimentos, fatos e datas foram retirados da obra Barulho do Mar, de Vladimir Cunha Santos, meu afilhado no Partenon Literário, a quem parabenizo e agradeço."

Katia Chiappini
Enviado por Juares de Marcos Jardim em 06/11/2022
Código do texto: T7643749
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