O Pequeno Príncipe
A obra “Pequeno Príncipe”, do francês Antoine de Saint-Exupery é cheia de lições filosóficas, apesar de ser uma literatura, em tese, destinada para crianças. A obra aborda a perda da inocência ao longo do nosso crescimento, e o que isso significa na prática. Os adultos trocam a imaginação fértil e a alegria de simplesmente viver, comum a todas as crianças, por uma visão racional e “quadrada” da vida, uma vida em preto e branco, em contraste com o excesso de cores dos pequeninos. Essa seria a razão dos adultos serem tão solitários, por “contruírem muros em torno de si ao invés de pontes”, já que um verdadeiro amigo não está à venda no mercado. A visão de vida superficial que nos faz perder tanto tempo com coisas sem importância, nos roubando a oportunidade de enxergar a beleza e profundidade da vida nas pequenas coisas, é tratado na obra com a expressão “o essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração”. O ponto alto do livro é o diálogo travado entre o pequeno príncipe e a raposa, que lhe ensina o valor da amizade, e o que faz algo ser realmente especial. O que torna uma pessoa diferente das outras bilhões de pessoas é exatamente o tempo e atenção que dedicamos a ela, criando laços duradouros de amor e amizade. De tal raciocínio surge a célebre frase que é o clímax da obra, facilmente reconhecida por adultos e crianças mundo afora: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. E você, se sente vazio? Não encontra significado para sua vida, e vive se arrastando, apenas sobrevivendo, sem qualquer energia ou entusiasmo? Talvez você só esteja olhando para o lugar errado, pois o que é realmente importante, o que alimenta a alma, “é invisível aos olhos, e só pode ser visto com o coração”. Os personagens que o pequeno príncipe encontra em sua jornada antes de chegar à Terra são um verdadeiro tapa da cara com luvas de pelica, pois expõe de forma simples e direta a realidade da humanidade, se empenhando quase sempre em atividades sem o menor sentido, sem o menor propósito, apenas por uma tradição ou praxe tosca e mal pensada. Temos um rei sem súdito, um bêbado incronguente, que bebe para esquecer a vergonha de beber, um vaidoso sem platéia, um empresário ambicioso que se julga dono das estrelas, um acendedor de lampiões que não pode dormir pois precisa cumprir sem descanso sua tarefa, ainda que não haja a quem iluminar, o géografo hipócrita, que conhecia tudo que estivesse nos mapas, mas não separava tempo para conhecer seu próprio planeta, e até um astrônomo, que só conseguiu receber crédito por suas descobertas quando “usou roupas ocidentais”, uma clara alusão aos preconceitos sociais. A obra é baseada em fatos reais. Antoine realmente era piloto, realmente se acidentou, e realmente ficou perdido por 4 dias no deserto do Saara, sofrendo de desidratação e fome, e ao que tudo indica, tendo alucinações. O seu infortúnio foi a nossa sorte, pois a obra, de leitura obrigatória, apesar de ter uma linguagem simples, vem recheado de questionamentos morais e muita filosofia. E aí, vamos questionar mais? Sejamos buscadores, procurando sempre, sempre...