“O Pecado e o Medo”

O autor Jean Delumeau ao partilhar sua visão ampla sobre a vivência religiosa no ocidente buscava traçar um caminho para que seus leitores obtivessem um olhar crítico e histórico completo acerca da Reforma Protestante, por isso, “O Pecado e o Medo” tornou-se um dos livros na lista dos mais consultados durante décadas entre os estudiosos do Renascimento. É preciso ressaltar que nas monarquias eclesiásticas da Idade Média, o medo era utilizado como instrumento central para causar a obediência. O medo de arder no inferno pela condenação da Santa Igreja era usado contra os fiéis para incutir-lhes a obediência ao Rei, da qual a monarquia não podia prescindir. A visão luterana enquanto ao “pecado e o medo” é modificado em sua teologia, pois é baseada na justificação através da fé e não, mas, temendo a morte, crendo agora na salvação adquirida pela Graça e não pelo efeito de obras como se ouviam nas paróquias, revelada agora pela morte e ressurreição de jesus na cruz, o Apóstolo Paulo declara: “o justo viverá pela fé.” Hb 10.48. Nessas palavras Lutero baseou suas 95 teses e mudou a ideia de um Deus carrasco e propagado erroneamente. Sendo aceito também por outros reformadores.

O medo do Deus carrasco, ainda permeava nos corações e nas mentes dos eruditos, os embates e questionamentos do pecado original levou teólogos a busca constante para compreender ou a se submeter a teologia Agostiniana, enquanto os Protestantes Calvinistas caminhavam para uma devoção não mais opressora, sem penitências onde receberam o perdão desse Deus, doutrina essa baseada na predestinação que exemplifica toda a ideia de um Deus longe do ser humano e cheio de cólera.

A insistência sobre o tema ainda era motivo de muitas discussões, a incerteza de como seria a morte e o que haveria de acontecer na eternidade consumia os pregadores que teriam uma importante postura pedagógica na hermenêutica de acordo as escrituras, os mesmos manteriam nos púlpitos uma dupla mensagem, sendo de ameaça e consolação. Mas perceberam que o evangelho de Jesus não poderia ser pregado pelo medo ou ameaças, era lhes necessário ensinar a lei para desarmar os corações rebeldes e levá-los ao conhecimento de si mesmo, sendo assim, eles apresentariam para um coração contrito a poderosa graça chamada Jesus "o Logos". Logo a pregação passou a ser baseada nas escrituras sagradas sendo ministrada aos ouvintes com a ousadia do espírito de Deus, um instrumento libertador capaz de esquadrinhar as intenções dos corações e transformar vidas, dando-lhes a paz de espírito. (Hb 4.12).

Precisamos entender as limitações que possuímos enquanto seres humanos, mas, não podemos ser inerte a nossa história, os sofrimentos dos nossos antepassados e renegar a responsabilidade com as futuras gerações. O saber tem um poder extraordinário, é como Cristo declara, a verdade vos libertará, ao discorrer as facetas da Idade Média e a forma que realizavam o percurso da fé, o medo que incutiram na sociedade por obediência é assustador. Analisamos as mudanças dos séculos e percebemos que as ferramentas foram trocadas, mas o objetivo opressor é o mesmo. Temos em mãos as ferramentas que são as sagradas escrituras para notificar as boas novas e não fazê-la ao nosso modo, mas, de acordo aos princípios de Deus; direcioná-los ao caminho de relacionamento e socialização ao próximo, não serem alienadas ou aprisionadas pela falta de conhecimento.

O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos. Isaías 61:1.

Não posso fazer coro aos opressores, devemos respeitar o próximo e direcioná-los ao caminho da escolha individual. Os historiadores tiveram uma grande importância ao posicionarem a sua visão e a exposição de mundo protestante declarando as errôneas formas de condução dos mais influentes, deixaram-nos um caminho mais amplo e exemplos que não devemos seguir como representantes de um Deus Libertador.

O Pecado e o Medo A Culpabilização no Ocidente

CAPÍTULO 18 e 19

Pequenas contribuições.

Josemias Samuel
Enviado por Josemias Samuel em 13/06/2022
Código do texto: T7536579
Classificação de conteúdo: seguro