X - Ti West assina longa no melhor estilo slasher
Vem sendo uma tarefa cada vez mais árdua ser um entusiasta de filmes de terror, haja vista a quantidade de produções descartáveis que parece povoar o gênero, sendo necessário garimpar muito coisa ruim para se deparar com produções inteligentes. Chega a ser presumível idear que o ostracismo está perto, tudo de bom já foi inventado e nada muito original irá invadir o circuito, até os adeptos se depararem com produções do calibre de X, do diretor Ti West.
A trama do filme até sugere ser mais um daqueles enlatados genéricos com ênfase na ação de um assassino: um grupo de cineastas pornográficos entra em cena para gravação de um novo longa. As locações acontecem em uma fazendo no Texas, onde são recepcionados por um casal de idosos que apresenta comportamentos, no mínimo, bastante invulgares.
Introspectivo, sangrento, desafiador, traços contratantes com produções do mesmo calibre, além de preterir inteiramente a adoção dos exaustivos jumpscares. O enredo de X, na primeira metade, dedica-se a delinear os personagens, explorado as agruras, atribuindo forma a um conjunto de relações interpessoais. Na segunda metade, o mal se estabelece de modo avassalador, sendo capaz de suscitar inquietude, despertando no espectador uma perturbante sensação de confinamento diante da matança minuciosamente orquestrada.
Direção e roteiro falam a mesma língua e ostentam uma fusão praticamente perfeita, mas outros trunfos são capazes de saltar os olhos. A bela Mia Goth entrega uma atuação mais do que satisfatória, seja como a atriz pornô Maxine ou a maquiavélica idosa Pearl.
Com enredo simples e investimento modesto, X esbanja originalidade no âmbito de um gênero que parece fatigado, mas ainda com fôlego de sobra para imprimir particularidades. Pelo menos quando existe criatividade, uma direção inspirada e um roteiro altamente preciso.