Por um Corredor Escuro
"Depois que uma porta se abre, não dá para controlar quem passa por ela. Esse lugar é amaldiçoado."
Após esquadrinhar com afinco o bom “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, resolvi descortinar mais o trabalho da saudosa Lois Duncan, em uma verdadeira incursão pela estranha mansão Blackwood. Com uma trama breve, "Por um corredor escuro" em algumas passagens até consegue capturar o leitor no transcorrer de suas pouco mais de 200 laudas, sem abdicar momento algum da proposta de horror tênue, rechaçando hermetismo ou acontecimentos apoteóticos.
O enredo, durante seu desenrolar, estrategicamente oferece pistas para o leitor preencher as lacunas que saltam aos olhos. Após ser levada para Blackwood pela mãe e padrasto que seguiriam para um tour pela Europa como parte da lua de mel, Kit com o passar dos dias se esforça para se adaptar à nova rotina do internato. Sua estadia é marcada por calafrios descomunais causados pela vultosa mansão e todas as histórias que adornam o misterioso local. A estadia passa a tomar contornos mais aterrorizantes quando as colegas passam a ostentar habilidades nunca antes demonstradas.
A despeito de tantos elementos consonantes, Blackwood não consegue acarrear inquietude e tampouco despertar qualquer inconveniente sensação de confinamento. Gradativamente a trama vai evocando ares sobrenaturais, semelhante a “A Assombração da Casa da Colina”, de Shirley Jackson, contudo sem oferecer a mesma fluidez e tensão paulatina.
Ainda assim, "Por um corredor escuro" passa ao largo de oferecer uma experiência descartável, embora claramente poderia ser dotado de menor previsibilidade e submeter o leitor a um desfecho menos preguiçoso.