O amor em duas épocas

A música “Monte Castelo” do grupo Legião Urbana foi composta e adaptada pelo integrante Renato Russo e lançada em 1989. Adaptada porque trechos desta música foram extraídos do poema de Luís Vaz de Camões, poeta português que participou das grandes navegações de Portugal. Navegações estas que foram proporcionadas pela busca de especiarias no Oriente, as conquistas e pelo avanço científico. Esta literatura construída refletiu um espírito novo, pois, era centrado no ser humano, nos seus problemas e nas suas conquistas e, esta visão do homem no centro de todas as coisas, o antropocentrismo, deu luz ao período do Classicismo, no século XVI. O poema, por sua vez, trata-se de um soneto, sendo um dos itens herdados dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade que valorizava os poemas épicos, bem como os deuses e musas eram enaltecidos. Por exemplo, em Os Lusíadas de Camões, Vênus era a deusa do amor, Marte era o deus da guerra e, Baco, o deus do vinho, pois, tenta atrapalhá-los e destruí-los. A literatura clássica não era subjetiva como no lírico, nem está carregada de sentimentalismo, mas, no uso da razão para expressar as verdades universais fornecidos pela natureza. Ademais, o Classicismo aborda o homem como seres superiores, semideuses e sem defeitos.

Na música, Renato faz alusão ao capítulo 13 de I Coríntios, verso 1: “Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (A BÍBLIA SAGRADA, 1993, p. 186). Paulo refere-se neste versículo o amor do homem por Deus e pelo próximo de que, quem não tem amor nada será e, ao compadecer-se com a dor e a necessidade do outro, conhece o amor verdadeiro e pratica a bondade. Porém, a vontade de ajudar o próximo contraria o que a sociedade em todas as eras promove: o interesse próprio e a busca da felicidade. Além do mais, muitos estão acordados enquanto outros dormem diz um verso na música. Os acordados estão preocupados com esse sentimento idealizado do homem com o próximo e a quem ama. No Soneto diz que o amor é um sentimento que esquenta e aquece, mas, não se vê. É a busca pela perfeição, é obstáculos vencidos, é a plenitude da felicidade; é cultivar, sobretudo, esse amor de gratidão e carinho por Deus e pelo próximo.

A relação, pois, que se tem da música composta e adaptada por Renato Russo e o poema de Luís Vaz de Camões é sobre o amor, ou, a dificuldade de amar o próximo. A forma de amor apresentada no Soneto de Camões é justamente uma das características abordadas no período Clássico, dessa necessidade universal de liberdade, de desprezar o que é particular, individual e, é através da razão, da qual procura filtrar essas particularidades. Este amor é de amantes, ou seja, o amor idealizado que, concomitantemente, traz prazer e sofrimento porque se ama. Contrapartida, a forma de amor apresentado na música ‘‘Monte Castelo’’ é observado na contemporaneidade como uma satisfação pessoal e imediata, um prazer imediato, sentimentos imediatos e a busca pelo prazer momentâneo, efêmero. Entretanto, a causa do prazer contemporâneo é: depressão, insatisfação, frustração, angústia, dor e conflito de sentimentos que dificultam o amor pelo próximo, típico amor concretizado em que a atração amorosa é puramente corporal.

Segue a análise estrutural dos poemas aplicados aos estratos segundo cada classificação, didaticamente. Inicialmente, a escansão ou contagem silábica de uma poesia ou poema significa assinalar o número de fonemas que o compõem e, ao escandir um verso, considera-se apenas a última sílaba tônica. Segue a escansão da música Monte Castelo:

A/in/da/ que eu/ fa/las/se a /lín/gua/ dos/ ho/mens

E/ fa/las/se a /lín/gua/ dos/ an/jos,

Sem/ a/mor/ eu/ na/da/ se/ria.

É/ só/ o a/mor, é/ só/ o a/mor

Que/ co/nhe/ce o/ que é/ ver/da/de

O a/mor/ é/ bom/, não/ quer/ o/ mal

Não/ sen/te/ in/ve/ja/ ou/ se en/vai/de/ce.

A/mor/ é/ fo/go/ que ar/de/ sem/ se/ ver

É/ fe/ri/da/ que/ dói e/ não/ se/ sen/te

É/ um/ con/ten/ta/men/to/ des/con/ten/te

É/ dor/ que/ de/sa/ti/na/ sem/ do/er.

A/in/da/ que eu/ fa/las/se a/ lín/gua/ dos/ ho/mens

E/ fa/las/se a/ lín/gua/ dos/ an/jos,

Sem/ a/mor/ eu/ na/da/ se/ria.

É/ um/ não/ que/rer/ mais/ que/ bem/ que/rer

É/ so/li/tá/rio an/dar/ por/ em/tre a/ gen/te

É/ um/ não/ con/tem/tar/-se/ de/ con/ten/te

É/ cui/dar/ que/ se/ ga/nha em/ se/ per/der.

É/ um/ es/tar/-se/ pre/so/ por/ von/ta/de

É/ ser/vir/ a/ quem/ ven/ce, o/ ven/ce/dor;

É/ um/ ter/ com/ quem/ nos/ ma/ta/ leal/da/de.

Tão/ con/trá/rio a/ si/ é o/ mes/mo a/mor.

Es/tou/ can/as/do e/ to/dos/ dor/mem/ to/dos/ dor/mem/ to/dos/ dor/mem

A/go/ra/ ve/jo em/ par/te

Mas/ en/tão/ ve/re/mos/ fa/ce a/ fa/ce.

É/ só/ o a/mor/, é/ só/ o a/mor

Que/ co/nhe/ce o/ que é/ ver/da/de.

A/in/da/ que eu/ fa/las/se a/ lín/gua/ dos/ ho/mens

E/ fa/las/se a/ lín/gua/ dos/ an/jos,

Sem/ a/mor/ eu/ na/da/ se/ria (RUSSO, 1989).

Em seguida o poema escandido de Luís Vaz de Camões:

A/mor/ é um/ fo/go/ que ar/de/ sen/ se/ ver;

É/ fe/ri/da/ que/ dói e/ não/ se/ sen/te;

É/ um/ com/ten/ta/men/to/ des/con/ten/te;

É/ dor/ que/ de/as/ti/na/ sem/ do/er;

É/ um/ não/-que/rer/ mais/ que/ bem/-que/rer;

É/ um/ an/dar/ so/li/tá/rio/ por/ em/tre a/ gen/te;

É/ nun/ca/ con/ten/tar/-se/ de/ con/ten/te;

É/ um/ cui/dar/ que/ ga/nha em/ se/ per/der;

É/ que/rer/ es/tar/ pre/so/ por/ von/ta/de;

É/ ser/vir/ a/ quem/ ven/ce, o/ ven/ce/dor;

É/ ter/ com/ quem/ nos/ ma/ta/ leal/da/de.

Mas/ co/mo/ cau/sar/ po/de/ seu/ fa/vor

Nos/ co/ra/cões/ hu/ma/nos/ a/mi/za/de,

Se/ tão/ con/trá/rio a/ si é o/ mes/mo/ A/mor? (CAMÕES, 1993).

Pode-se afirmar que há elisão em alguns versos nos poemas, de sorte que, elisão, significa a junção de uma palavra que termine com vogal e a seguinte inicie com vogal, considerando uma única sílaba métrica. Exemplo: A/in/da/ que eu/ fa/las/se a /lín/gua/ dos/ ho/mens.

A dialefa é um termo que designa a separação das vogais no encontro de dois vocábulos, repelindo-se. Exemplo: Não/ sen/te/ in/ve/ja/ ou/ se en/vai/de/ce.

Quanto aos tipos de versos nos poemas e seus ritmos, pode-se afirmar que os versos das estrofes da música são compostos em versos livres, ou seja, o número de sílabas varia, tendo um verso de sete sílabas (heptassílabo) com as tônicas nas sílabas 2ª, 4ª e 7ª. Exemplo: A/go/ra/ ve/jo em/ par/te. Contem verso octossílabo nas tônicas nas sílabas 4ª e 8ª. Exemplo: O a/mor/ é/ bom/, não/ quer/ o/ mal. Também, um eneassílabo nas sílabas tônicas 3ª, 6ª e 9ª. Exemplo: Tão/ con/trá/rio a/ si/ é o/ mes/mo a/mor. O verso a seguir é um decassílabo heroico com suas tônicas nas sílabas 6ª e 10ª. Exemplo: É/ um/ não/ que/rer/ mais/ que/ bem/ que/rer. Por outro lado, o soneto de Camões é em todo decassílabo heroico com suas sílabas tônicas nas 6ª e 10ª. Exemplo: Mas/ co/mo/ cau/sar/ po/de/ seu/ fa/vor. Assim, como nas demais estrofes do poema.

Segundo a classificação das estrofes dos poemas, a música Monte Castelo é denominada na primeira e sexta estrofes de terceto por conter três versos; na segunda, quarta e quinta estrofes contêm quatro versos denominados de quarteto ou quadra; a última estrofe é um quinteto de cinco verso e a terceira estrofe denominada sétima, pois, contém sete versos e, diferentemente, o poema de camões é denominado de soneto por apresentar quatro versos nas duas primeiras estrofes e três versos nas duas últimas estrofes.

Em relação à estrutura, a música é classificada em estíquica ou livre, pois, as suas estrofes se montam de forma irregular e/ou variadas e suas medidas são diferentes. Por sua vez, o soneto é isostrófico ou regular ou uniforme, justamente por apresentar um só tipo de estrofe. A classificação da música em relação ao metro denominaria de heterométrica ou polimétrica por suas estrofes apresentarem número variável de sílabas, ou seja, versos e estrofes com medidas diferentes. Já o soneto, é classificado de isométrico ou simples por apresentar versos com a mesma métrica ou medida, a saber, duas quadras e dois tercetos com versos decassílabos.

Sobre a classificação das rimas que é a repetição de sons iguais ou semelhantes de diferentes combinações com vogais ou consoantes, acentuadas ou não, evidencia a recorrência de sons através da fonética. Divide-se quanto à natureza, ao acento, à qualidade e à disposição. Em relação à natureza (rima vocálica) da música, podem-se exibir tais versos:

Que conhece o que é verdade

Não sente inveja ou se envaidece

É um estar-se preso por vontade

É um ter com quem nos mata lealdade (RUSSO, 1989).

O mesmo segue no soneto:

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É um andar solitário por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É querer estar preso por vontade;

É ter com quem nos mata lealdade (CAMÕES 1993).

Quanto ao acento, os poemas são de rima grave ou paroxítona acentuadas na penúltima sílaba. Exemplo: É ferida que dói e não se sente; / É um andar solitário por entre a gente. Quanto à qualidade da música e do soneto, verifica-se que, a música, apresenta versos de rima rica, pois, contêm substantivos, verbos, adjetivos etc. Exemplo: É um contentamento descontente (adjetivo) / É só o amor, é só o amor (substantivo) / Sem amor eu nada seria (verbo). Quanto à disposição de rima inicial nas estrofes dos poemas abordados, o soneto destaca esta classificação nos versos: É um andar solitário por entre a gente; / É um cuidar que ganha em se perder. Para a variante da anterior a rima acontece do último vocábulo de um verso com o primeiro vocábulo do verso seguinte. Exemplo: É um cuidar que ganha em se perder; / É querer estar preso por vontade. A rima interna se dá no interior do verso, entre palavras internas e finais do mesmo verso em ambos os poemas. Exemplo: É solitário andar por entre a gente / É um não-querer mais que bem-querer; / é nunca contentar-se de contente. A rima encadeada é um subtipo da anterior e consiste na homofonia, ou, sons iguais entre o vocábulo final de um verso e um vocábulo no meio do verso seguinte, como no soneto. Exemplo: É um cuidar que ganha em se perder; / É querer estar preso por vontade. Em rima final ou externa é constitui-se a rima no final dos versos como comumente se faz e, o item contínua ou uníssona, apresenta a mesma solução fonética nos versos do soneto. Segue um deles: É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente. No item rimas alternadas ou cruzadas quando corresponde ao esquema AB AB, como numa estrofe da música. Exemplo:

É um estar-se preso por vontade

É servir a quem vence, o vencedor;

É um ter com quem nos mata lealdade.

Tão contrário a si é o mesmo amor (RUSSO, 1989).

Há algumas estrofes na música e no soneto que apresentam rimas intercaladas ou opostas e obedece ao esquema A BB A. Exemplo de uma das estrofes da música:

É um não querer mais que bem querer

É solitário andar por entre a gente

É um não contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder (RUSSO, 1989).

Em rimas misturadas ou deslocadas, a música é que mais apresenta, pois, não obedece ao esquema fixo, sendo livre na sequência de rimas. Apenas uma estrofe como exemplo:

É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade

Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,

Sem amor eu nada seria (RUSSO, 1989).

Quanto ao nível fônico ou sonoro, a aliteração é um dos níveis que consiste na construção métrica dos tipos de rimas, de cadência e ritmos e aborda a repetição de fonemas consonantais dentro dos versos. Exemplo na música: É um contentamento descontente / É um não contentar-se de contente. Outro nível de construção métrica é a paranomásia que compreende palavras semelhantes no som, mas diferentes no sentido. Exemplo num verso da música: É um contentamento descontente. Porque, basicamente, contentamento define-se como alegria, satisfação, felicidade e, descontente, infeliz, insatisfeito, triste.

De acordo com o nível sintático analítico consideram-se as frases, as palavras etc., que contraria as normas da gramática, por meio de acréscimo, supressão, substituição ou inversão. Eis a alteração por acréscimo no soneto, repete-se a mesma palavra com diferentes flexões. É o uso do poliptoto. Exemplo:

É ferida que dói e não se sente;

É dor que desatina sem doer;

É um contentamento descontente;

É nunca contentar-se de contente;

É servir a quem vence, o vencedor (CAMÕES, 1993).

Usa-se a enumeração como adjetivos ou qualidades, nesse caso há apenas um sintagma - dói. Exemplo no soneto: É ferida que dói e não se sente. O paralelismo é a repetição de frases ou da mesma frase em versos diferentes como em alguns versos do soneto. Exemplo:

É um contentamento descontente;

É um não-querer mais que bem-querer;

É um andar solitário por entre a gente,

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade (CAMÕES, 1993).

O polissíndeto consiste na repetição de conjunção entre palavras e frases. Exemplo de versos no soneto:

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não e não se sente;

É dor que desatina sem doer;

É um não-querer mais que bem-querer (CAMÕES, 1993).

O uso do pleonasmo significa o uso desnecessário de palavras. Exemplo: É nunca contentar-se de contente; / É servir a quem vence, o vencedor. A elipse, outra figura analítica, é a supressão simples de elemento não necessário ao verso, no soneto tem-se um exemplo não sendo prescindível o uso do artigo definido masculino: Amor é um fogo que arde sem se ver. O seguinte item de análise é a alteração de substituição de número. Exemplo: Ainda que eu falasse a língua dos homens / E falasse a língua dos anjos. Também, substituição por pessoa, no caso (estou/eu). Exemplo: Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem. No item de tempo (vejo = vi) vale para o verso: Agora vejo em parte / Mas então veremos face a face. Em alteração por inversão, o subitem quiasma constitui palavras que se repetem de forma cruzada como no verso da música: Ainda que eu falasse a língua dos homens / E falasse a língua dos anjos.

Por fim, o nível semântico é imprescindível da análise dos poemas, pois, objetiva o estudo destas relações semânticas que as palavras estabelecem entre si dentro do poema nos seus vários níveis. O item metáfora deste nível é a substituição de um termo ou expressão por outro através da semelhança de sentido. Dado como exemplo o verso do soneto: Amor é um fogo que arde sem se ver. Neste caso o fogo refere-se que o amor é apaixonante, caliente, intenso. Outro item é a alegoria e consiste numa sequência de metáforas em forma de narrativa. Neste caso a alegoria do soneto e da música é o amor descrito nos poemas com suas características. A figura em que há total contrariedade entre os termos é o oxímoro, se dá o termo o sentido de exclusão ao outro. Exemplos na música: É ferida que dói e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer. O paradoxo é outra figura que contraria a opinião comum. Neste os termos de sentido contrário reuni ideias contrárias que, no exemplo dado, se entende que o amor é uma coisa e outra. Exemplo no soneto:

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer (CAMÕES, 1993).

No soneto, a redundância é uma figura que intensifica a qualidade por meio de adjetivos, substantivos etc. Segue o verso do soneto: É servir a quem vence, o vencedor. Finalmente, a antanáclase consiste na repetição de vocábulos idênticos ou semelhantes na forma e som, porém, diferentes no significado e, no soneto, há um verso como exemplo: É um andar solitário por entre a gente.

REFERÊNCIAS

MONTE CASTELO (Adaptação de Renato Russo – “I Coríntios 13” e “Soneto II”, de Camões). (Letra extraída da capa do CD Legião Urbana: As Quatro Estações, de 1989).

SONETO II Luís Vaz de Camões (Extraído de: TUFANO, Douglas [Org.]. De Camões a Pessoa: Antologia escolar da poesia portuguesa. São Paulo: Moderna, 1993.)

A BÍBLIA SAGRADA/ Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

SILVA, Antônio de Siqueira e BERTOLIN, Rafael. Curso Completo de Português: Classicismo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001. p. 87 – 89.

MIMEO: Figuras e tropos aplicados aos níveis ou estratos do poema.

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

Marcela Borges SantAnna
Enviado por Marcela Borges SantAnna em 11/04/2022
Reeditado em 12/04/2022
Código do texto: T7492951
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.