PREFÁCIO DO LIVRO DE ESTHER RIBEIRO GOMES
PREFÁCIO
“Aceita Um Café?”
Eis um poema desta obra, que nos propicia uma chance de revigorar a alma com as memórias deliciosas de um momento, possivelmente corriqueiro na convivência, porém, jamais banal.
“Aceita Um Café?”
_Aceite, faça uma pausa na corrida cotidiana e viva um momento de poesia. Sorva e assimile este, que é um “café poético” oferecido por Esther Ribeiro Gomes. Tem o clássico sabor da tradicional bebida, é coado com todos os rituais propícios à elevação da alma. Ascensão aquecida pelas palavras elevadas à temperatura ideal.
Esther é poetisa que atendeu ao chamado da poesia após os sessenta anos de idade. Até então, embora sempre desenvolvesse o gosto pela escrita de crônicas, dedicou-se a exercer o sagrado papel de mãe de três filhos e ao trabalho advocatício, formada que é em Direito pela PUC - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, até aposentar-se como tal.
Não sem razão, a poesia fisgou-a (digamos, despertou-a surpreendentemente), quando avistou uma moça, professora de piano, debruçada na janela, com um olhar tristonho. Foi o gatilho para que a mãe e advogada, que a vida inteira lera Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Florbela Espanca, Cora Coralina e outros poetas, transformasse aquele olhar em versos e não mais os abandonasse. Para alegria de seus leitores e para a própria razão de viver, pois lhe dá ânimo e a faz “voar sem asas”, conforme suas palavras.
Segundo ela, a inspiração surge como se os anjos soprassem-lhe nos ouvidos e isso acontece - como é próprio da poesia e suas sutilezas na relação com os poetas-, quando menos espera. Mais de década após o chamado poético, este advindo do poema “Moça Na Janela”, Esther continua no ofício de pescar poesia na vida diária, pois “a moça da janela trouxe de volta a emoção”. Isto já lhe rendeu prêmios e dez livros publicados anteriormente a este.
De um lado, Esther Ribeiro Gomes tem a sensibilidade de mãe e o firme pulso de advogada em prol de propósitos justos. De outro, o olhar enternecido atraído pela natureza e pelo sentimento poético que lhe chegam pela brisa dos tempos. Sim, sua poesia verte-se pura como pura é a natureza e “dedilha versos recheados de amor”, como fica claro em Lapidando Poesias. Seus versos nos remetem, por vezes, à infância, tremeluzindo nossas lembranças, como em Você Já Viu Vaga-lumes? E ela mesma nos informa o porquê de sua escrita. Diz que escreve o que sente seu coração e que a inspiração lhe vem do vento, “por isso escrevo no entardecer da vida”, conforme explica em “Porque Escrevo”.
Dessa junção de aptidões, surgiu-nos a sensível poetisa, que hoje nos encanta com seus versos. Sua poética nos põe leveza na alma e faz com que viajemos com ela pelo universo da sensibilidade e subjetividade, sob diferentes recortes de sua inspiração.
Atrevo-me a entender esta coletânea de poemas como uma sinfonia de vida, pois que nos toca a alma por movimentos alados em jardins floridos da existência. Em Sonhos de Primavera, Esther Ribeiro Gomes trava um diálogo íntimo com a estação das flores, permitindo-nos a visualização perfeita de seus matizes. Em seus versos, enxergamos ipês floridos como raios de sol em cores variadas. Sob frondosas árvores, ela une-se à inspiração de outras poetisas, como o faz em Espelho, em que temos uma narrativa poética sobre as marcas do tempo, em citada alusão a Cecília Meireles. Tudo na obra é movimento, que brota poeticamente da vida em mobilidade diante dos olhos da poetisa.
Repito, aceite este excelente e encorpado café poético e deixe-se engolir pelo prazer da poesia oriunda dos melhores frutos in natura!
Dalva Molina Mansano
Prof ª Esp. em Lit. Brasileira e Lit. Portuguesa