As Terras Devastadas
Como um leitor contumaz de Stephen King, sempre exprimi propensão às narrativas com abordagem ao melhor estilo terror, como visto em “Christine”, “It”, “O Iluminado”, “O Cemitério” e em tantos outros, incluindo uma vastidão de contos. Tendo King como um escritor de facetas abundantes, o bom Leitor Fiel até pode ter suas preferências, mas seria um néscio se prescindisse as incursões do mestre do terror por outras vertentes e por isso venho me debruçando sobre A Torre Negra, acompanhando Roland por suas aventuras pelo mirabolante Mundo Médio.
“As Terras Devastadas”, terceiro volume da saga, dada a acentuada qualidade textual, muito provavelmente tende a irromper como um dos principais livros da história iniciada com a frase, “O Homem de Preto fugia pelo deserto e o Pistoleiro ia atrás”. Se o primeiro volume (“O Pistoleiro”) se mostrava um tanto inconstante e o enredo atingiu novas condições com o capítulo seguinte (“A Escolha dos Três”), a sequência mantém constância com um ritmo avassalador, preenchendo lacunas deixadas na mesma medida em que novas interrogações passam a saltar os olhos.
A escrita é sumamente desenvolta, despertando inúmeros frenesis, traz personagens peculiares, desenvolvidos com esmero. A narrativa, em terceira pessoa, esbanja fluidez, explorando as minúcias das figuras dramáticas, com direito a um intrigante paradoxo temporal a adornar a mente do pistoleiro.
O romance é iniciado após os eventos de “A Escolha dos Três”, com Roland, Eddie e Susannah jornadeando rumo a Torre Negra. Enquanto tenta seguir firme diante do objetivo maior, o último pistoleiro se vê assombrado por distorcidas imagens de outro mundo. Logo, descobre que para seguir a missão, será necessário reencontrar um quarto elemento, o garoto Jake, anteriormente abandonado à morte pelo pistoleiro.
Em relação aos títulos precedentes, “As Terras Devastadas” adquire um viés ainda mais reflexivo, filosófico e chega ao fim com várias arestas a serem aparadas, sobretudo em relação a Blaine, um vilão complexo e deveras aterrorizante. Esse é o universo de A Torre Negra, um mundo entorpecente, repleto de aventura, ação, horror e quando se adentra parece impossível dizer adeus.