POESIA DO VALE DO AÇU - "As vezes que lhe amei", da poetisa assuense Lidiane Cristina.

Lidiane Cristina é uma poetisa que, assumidamente, não sabe viver. É que, na ebulição de seu amar e sentir, essa mulher está disposta a encarar a morte de tudo o que não a fizer transbordar, mas sem deixá-la cheia. É perigoso demais! Amante que é, ela não tem medo de se recolher em cacos e se doar a quem desejar, ou se contentar com o sobejo, a ausência, o desdém. Em seu poema “Te amo”, matematicamente a autora calcula seus sentimentos, como quem diz: assim estou ciente de meus/seus riscos. E ela os encara, pois não há nada pior para quem decide amar do que a ausência da sensação de lucidez. Pode nos destruir o desconhecimento da medida de onde pisar os nossos pés em território amável.

“As vezes que lhe amei” é um relato arrancado da pele com as unhas, das marcas que são deixadas naqueles que amam para além do sonho. O amor é essa sujeira que fica em nossas feridas abertas, em carne viva: uns preferem curar, alguns aprendem a conviver, enquanto outros encontram nisso prazer. Em todos os casos há alguma medida de coragem, de morte e, às vezes, um pouco de vida.

Pedro Henrique Farias
Enviado por Pedro Henrique Farias em 07/01/2022
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