POESIA DO VALE DO AÇU - "As vezes que lhe amei", da poetisa assuense Lidiane Cristina.
Lidiane Cristina é uma poetisa que, assumidamente, não sabe viver. É que, na ebulição de seu amar e sentir, essa mulher está disposta a encarar a morte de tudo o que não a fizer transbordar, mas sem deixá-la cheia. É perigoso demais! Amante que é, ela não tem medo de se recolher em cacos e se doar a quem desejar, ou se contentar com o sobejo, a ausência, o desdém. Em seu poema “Te amo”, matematicamente a autora calcula seus sentimentos, como quem diz: assim estou ciente de meus/seus riscos. E ela os encara, pois não há nada pior para quem decide amar do que a ausência da sensação de lucidez. Pode nos destruir o desconhecimento da medida de onde pisar os nossos pés em território amável.
“As vezes que lhe amei” é um relato arrancado da pele com as unhas, das marcas que são deixadas naqueles que amam para além do sonho. O amor é essa sujeira que fica em nossas feridas abertas, em carne viva: uns preferem curar, alguns aprendem a conviver, enquanto outros encontram nisso prazer. Em todos os casos há alguma medida de coragem, de morte e, às vezes, um pouco de vida.