Apresentação da Coletânea Sarau-Live de Poetas de Minas e Gerais - A Antologia

APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

Sarau-Live de Poetas de Minas e Gerais - A Antologia

Poesia e Alegria em Tempos de Pandemia

Por Paulo Siuves

O jesuíta filósofo Teilhard de Chardin criou uma célebre frase; no men is an island, ou seja, nenhum homem é uma ilha. Essa expressão quer dizer que nenhum homem pode viver isoladamente e que todos precisamos uns dos outros para a subsistência e manutenção de nossa vida em sociedade. Com essa ideia de estar unidos para vencer, incitei à participação em coletâneas. Muitos autores julgam desnecessário esse tipo de empreendimento, tecem comentários maldosos sobre quem organiza as antologias e coletâneas e até os chamam de "caça níqueis".

Na prática, uma coletânea é um artifício que temos para ser usada em defesa do autor autônomo, que busca um lugar ao sol, que procura divulgar seu nome e sua escrita. Assim, as coletâneas funcionam como reverberadores, levando esse trabalho a lugares que, sozinho, o autor ou autora não conseguiria alcançar. Há trabalhos coletivos em bibliotecas públicas e particulares, em escolas, fora do país, até mesmo além mar. São obras coletivas que vão impulsionando o mercado literário de modo incomum e com força inexplicável.

Na ocasião do lançamento, vários leitores se encontram com escritores que antes não conheciam, compram livros que antes não tinham conhecimento de suas existências, e isso é impossível fazer no lançamento solo de escritora ou escritor, patrocinado ou não. É contrário à ética, vender seu livro no lançamento do seu colega é contrário aos valores que orientam a maneira de agir em uma sociedade ou um grupo de pessoas. Ao passo que, no lançamento de uma coletânea, isso é comum. Meus leitores entram em contato com colegas que escrevem outra linha de literatura, quer dizer então que um escritor de romance encontra leitores no local onde está o escritor de poemas ou de prosa, enfim.

A coletânea sarau-live de poetas Sarau-Live de Poetas de Minas e Gerais - A Antologia - Poesia e Alegria em Tempos de Pandemia está abrindo esse caminho em meio à pandemia onde muitos escritores estão sem saber como divulgar seus trabalhos, encontrando, no trabalho desenvolvido pela poeta e palestrante Francine Rodrigues, um alento, em época de distanciamento social, período em que a ansiedade se torna presente em muitos lares, as lives chegaram como válvulas de escape para afastar a solidão, aproximar sem riscos de contágio, brincar recitando poesias e cantando saudosamente, aguardando pela volta da liberdade de nos reunirmos como outrora. Esta é uma oportunidade de divulgar nomes e trabalhos, também é uma forma de marcar esse tempo sombrio e uma forma de dizer à posteridade: 'passamos por um período terrível, mas, vencemos! Somos remanescentes da pandemia do COVID-19."

Foram 38 encontros online onde poetas de todo o Brasil participou com sua música, seu poema, sua recitação, livres de preconceitos, livres de formatos engessados e, principalmente, livres de doutrina político-partidária que tanto ódio cultua e dissemina pelo país afora. Foram muitos momentos de alegria e festas a exemplo do sarau de carnaval, quando os artistas se enfeitaram em suas casas e pulamos um carnaval jamais visto por nossas gerações, brincamos o carnaval à distância, porém unidos no sentimento de que tudo isso era apenas um momento ruim. Muita música, muitas risadas, muitos aplausos uns para os outros e todos aplaudindo à vida.

Vencemos com cultura, poesia, alegria, arte de viver e sobreviver, permanecemos vivos, apesar das circunstâncias adversas, quando respirar era sinônimo de morrer sem ar. Continuamos existindo após esse acontecimento desolador onde milhões de vidas se perderam, no Brasil, milhares de famílias viveram o luto dessa pandemia e fomos obrigados a viver dentro das nossas casas, distanciados uns dos outros, socialmente isolados, e vimos que a arte salva, ar te salva. Não somos criados para a solidão, para ficarmos sozinhos, ilhados. A todos quanto tiver a oportunidade da leitura dessa coletânea, desejamos cultura para todos, vida longa e que o sol volte a brilhar poeticamente sobre todos nós, dia após dia.

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 10/11/2021
Reeditado em 10/11/2021
Código do texto: T7382468
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