Sentimentos na Pandemia (Vozes da Enfermagem), de Mariana Franzoi (criadora e organizadora da obra).
Acabei de ler. Antes a professora, Dra. Mariana Franzoi, criou dentro do Projeto de Mentoria Estudantil em Enfermagem a atividade acadêmica “Enfermeiros Incríveis”, que obteve grande repercussão na mídia, bem como aprovação acadêmica, por sua proposta inédita e temporal. O livro veio reforçar essa excelente avaliação pública do seu trabalho. A obra é escrita por 34 autores, todos relacionados direta ou indiretamente ao projeto mãe, e também amadores na arte de escrever e desenhar. Assim há textos curtos, outros longos, alguns com manifestações sentimentais e posições profissionais semelhantes; outros com conteúdo surpreendente. São as Vozes da Enfermagem no Brasil, miscigenadas de experiência e conhecimento pessoal e profissional. No entanto, há um ponto convergente em todas essas vozes, que é desmistificar a ideia de que os trabalhadores da linha de frente na Pandemia são os heróis do segmento, muitas vezes exaltados pela mídia como inatingíveis e incansáveis.
Na sua apresentação Mariana deseja que ao ler o livro possamos enxergar a enfermagem desnuda, sem filtros – “ há muita alma e presença de quem compôs cada página da obra”, ressalta. Aceitei a proposta e li cada linha com atenção. Gostei de tudo e de conhecer os participantes dessa empreitada.
Alguns dos autores me impressionaram mais. Elias Teixeira, no meu entender, é um filósofo que explora muito bem a relação entre as pessoas, estejamos nós em qualquer papel na interlocução. “O cuidado é produzido a partir das necessidades do outro e, lembre-se, eu também sou o outro para o outro. ...tudo o que construímos repercute em nós, no outro e entre nós”.
Bia Vieira complementa a partir de raciocínio e texto próprios: ” o apoio do outro faz compreender a verdadeira dimensão que somos passageiros do tempo nesta vida. ” Depois escreve “ Tudo passa... E isto também passará...” Aí vem Carolina Ossege lembrar que não devemos nos esquecer da “ verdade é que também sofremos angústias”. mas há que seguir com o trabalho prestado à Ciência, a qual pertencemos ...antes de pertencer a nós mesmos”. E angústia atinge também a Alessandra de Oliveira que considera difícil “ ter que decidir quem sai ou entra na UTI”. Estéfane Câmara acha que os enfermeiros não são heróis: “ Também choramos e perdemos vidas importantes. ” Isabella Costa e Silva e Giovanna Macedo falam em versos sobre o compromisso assumido, a dor do invisível e a sobrecarga de trabalho. Na mesma linha Taynara Almeida reclama do peso da responsabilidade. Já a enfermeira e desenhista Luiza Rosa relata a sua dor de perder a inspiração e se anima porque uma luz brilhou novamente e ela conseguiu produzir um pouco de beleza, mas não gosta da sugestão para estudar medicina: ...”na verdade é porque sou enfermeira que sou boa no que faço”. Leides Moura versifica a rotina da Enfermagem, envolvendo aspectos técnicos e até políticos. Gabriela Veiga também fala da rotina e de descrença. Mariana Franzoi escreveu um poema lindo onde diz: Um ciclo sem fim/ em tempos de muitos fins/ Todos os dias/ São mais de três mil... Sobre (viver) é o meu fim. ”. Alessandra Ferrari está se sentindo perdida no tempo e no espaço e deseja que: “...você encontre você e perceba, que há muitas versões. Você precisa de todas elas. ”. Ester Carone vê um furacão passando dentro da sua cabeça: E se eu morrer ao invés de me formar? ...raiva de não poder fazer nada”. Victoria Gutmann acha que apesar de tudo, ainda é tempo de sonhar. Simone Vital é poetisa de versos compassados e mensagem clara. Hévane dos Santos fala do seu papel de preparar alguém para a morte e repensa seu protagonismo no grande ciclo da vida, “que nos pede ação e resiliência”. O poema do trio Bianca Santana, Nathália Silveira e Mariana Franzoi reafirma com leveza a tese base do livro: “ Heróis? Não, Enfermeiros (as)! Igor Perali escreve à mão: ”... não há como esquecer que, diante de tanta dor em uma pandemia de horror, há muito amor a oferecer.” Helen Rocha escreve para si mesma: Carta ao meu eu futuro. E aconselha “”... viva um dia de cada vez, tudo vai passar...”. Jocélia Moreira escreveu 13 versinhos delicados de esperança. Ana Patrícia Carvalho sente orgulho de sua profissão e reconhece a importância da visibilidade dada aos seus colegas profissionais. Maria Emília Bottini e Moema Borges contam a história da obra do artista britânico de rua. BANKSY. A pintura exalta e valoriza a enfermagem. Nayara Lisboa desenha o Retrato de uma Intubação. Tatyane Paiva fala de esperança e de uma nova vida que começará. Vitor Sales e Andrea Matheus perguntam e respondem em versos as suas dúvidas. Simone Silva lembra que os enfermeiros não são como os heróis do desenho animado e que pouco a pouco fazem a diferença na vida das pessoas. Ela fala da sua experiência de trazer ao mundo novas vidas de um jeito emocionante e leve. Moema Borges conta em detalhes a saga no dia da própria vacinação. Leides Moura em “Viver é Tornar-se” fala com carinho e respeito sobre seu pai João, de 89 anos.
Na entrevista de lançamento do livro estava presente também o editor da Editora baiana Oxente, que se declarou surpreso e muito contente com a realização do trabalho. A capa e os desenhos também são lindos. Estão todos de parabéns.
Sentimentos na Pandemia é uma obra histórica, que contará um pouco desse tempo adverso, mas cheio de esperanças.
Acabei de ler. Antes a professora, Dra. Mariana Franzoi, criou dentro do Projeto de Mentoria Estudantil em Enfermagem a atividade acadêmica “Enfermeiros Incríveis”, que obteve grande repercussão na mídia, bem como aprovação acadêmica, por sua proposta inédita e temporal. O livro veio reforçar essa excelente avaliação pública do seu trabalho. A obra é escrita por 34 autores, todos relacionados direta ou indiretamente ao projeto mãe, e também amadores na arte de escrever e desenhar. Assim há textos curtos, outros longos, alguns com manifestações sentimentais e posições profissionais semelhantes; outros com conteúdo surpreendente. São as Vozes da Enfermagem no Brasil, miscigenadas de experiência e conhecimento pessoal e profissional. No entanto, há um ponto convergente em todas essas vozes, que é desmistificar a ideia de que os trabalhadores da linha de frente na Pandemia são os heróis do segmento, muitas vezes exaltados pela mídia como inatingíveis e incansáveis.
Na sua apresentação Mariana deseja que ao ler o livro possamos enxergar a enfermagem desnuda, sem filtros – “ há muita alma e presença de quem compôs cada página da obra”, ressalta. Aceitei a proposta e li cada linha com atenção. Gostei de tudo e de conhecer os participantes dessa empreitada.
Alguns dos autores me impressionaram mais. Elias Teixeira, no meu entender, é um filósofo que explora muito bem a relação entre as pessoas, estejamos nós em qualquer papel na interlocução. “O cuidado é produzido a partir das necessidades do outro e, lembre-se, eu também sou o outro para o outro. ...tudo o que construímos repercute em nós, no outro e entre nós”.
Bia Vieira complementa a partir de raciocínio e texto próprios: ” o apoio do outro faz compreender a verdadeira dimensão que somos passageiros do tempo nesta vida. ” Depois escreve “ Tudo passa... E isto também passará...” Aí vem Carolina Ossege lembrar que não devemos nos esquecer da “ verdade é que também sofremos angústias”. mas há que seguir com o trabalho prestado à Ciência, a qual pertencemos ...antes de pertencer a nós mesmos”. E angústia atinge também a Alessandra de Oliveira que considera difícil “ ter que decidir quem sai ou entra na UTI”. Estéfane Câmara acha que os enfermeiros não são heróis: “ Também choramos e perdemos vidas importantes. ” Isabella Costa e Silva e Giovanna Macedo falam em versos sobre o compromisso assumido, a dor do invisível e a sobrecarga de trabalho. Na mesma linha Taynara Almeida reclama do peso da responsabilidade. Já a enfermeira e desenhista Luiza Rosa relata a sua dor de perder a inspiração e se anima porque uma luz brilhou novamente e ela conseguiu produzir um pouco de beleza, mas não gosta da sugestão para estudar medicina: ...”na verdade é porque sou enfermeira que sou boa no que faço”. Leides Moura versifica a rotina da Enfermagem, envolvendo aspectos técnicos e até políticos. Gabriela Veiga também fala da rotina e de descrença. Mariana Franzoi escreveu um poema lindo onde diz: Um ciclo sem fim/ em tempos de muitos fins/ Todos os dias/ São mais de três mil... Sobre (viver) é o meu fim. ”. Alessandra Ferrari está se sentindo perdida no tempo e no espaço e deseja que: “...você encontre você e perceba, que há muitas versões. Você precisa de todas elas. ”. Ester Carone vê um furacão passando dentro da sua cabeça: E se eu morrer ao invés de me formar? ...raiva de não poder fazer nada”. Victoria Gutmann acha que apesar de tudo, ainda é tempo de sonhar. Simone Vital é poetisa de versos compassados e mensagem clara. Hévane dos Santos fala do seu papel de preparar alguém para a morte e repensa seu protagonismo no grande ciclo da vida, “que nos pede ação e resiliência”. O poema do trio Bianca Santana, Nathália Silveira e Mariana Franzoi reafirma com leveza a tese base do livro: “ Heróis? Não, Enfermeiros (as)! Igor Perali escreve à mão: ”... não há como esquecer que, diante de tanta dor em uma pandemia de horror, há muito amor a oferecer.” Helen Rocha escreve para si mesma: Carta ao meu eu futuro. E aconselha “”... viva um dia de cada vez, tudo vai passar...”. Jocélia Moreira escreveu 13 versinhos delicados de esperança. Ana Patrícia Carvalho sente orgulho de sua profissão e reconhece a importância da visibilidade dada aos seus colegas profissionais. Maria Emília Bottini e Moema Borges contam a história da obra do artista britânico de rua. BANKSY. A pintura exalta e valoriza a enfermagem. Nayara Lisboa desenha o Retrato de uma Intubação. Tatyane Paiva fala de esperança e de uma nova vida que começará. Vitor Sales e Andrea Matheus perguntam e respondem em versos as suas dúvidas. Simone Silva lembra que os enfermeiros não são como os heróis do desenho animado e que pouco a pouco fazem a diferença na vida das pessoas. Ela fala da sua experiência de trazer ao mundo novas vidas de um jeito emocionante e leve. Moema Borges conta em detalhes a saga no dia da própria vacinação. Leides Moura em “Viver é Tornar-se” fala com carinho e respeito sobre seu pai João, de 89 anos.
Na entrevista de lançamento do livro estava presente também o editor da Editora baiana Oxente, que se declarou surpreso e muito contente com a realização do trabalho. A capa e os desenhos também são lindos. Estão todos de parabéns.
Sentimentos na Pandemia é uma obra histórica, que contará um pouco desse tempo adverso, mas cheio de esperanças.