ANÁLISE E RESENHA DO LIVRO "OU ME CHAMA DE MANO AMOR, OU GUILHERME", de Guilherme Ulica
* SOBRE O LIVRO
Ulica é o pseudônimo de Guilherme Pedro Ulica, jovem escritor angolano e co-fundador da Editora extremistas, natural da província do Bengo. Autor das obras: EKUTA, A PEPERSPECTIVA ADIADA, A GAROTA QUE NÃO ME QUIS e LIXOPATIA.
A mais recente obra do escritor, "OU ME CHAMA DE MANO AMOR, OU GUILHERME" eis o grande título, um pequeno livro de contos, publicado em Maio do ano corrente. Tive a oportunidade de lê-lo com calma e apreciar cada porção da surpresa que o autor preparou.
* O MEU OLHAR
O título é um daqueles que chama atenção e, sem dúvidas, é uma grande originalidade. Bom, então estava lendo a narrativa, o que no final mexeu-me o lado emocional, não esparava por essa. Achei que fosse aqueles histórias de amor, talvez entre uma rejeição e uma aceitação, mas não é isso.
Às vezes amamos alguém e queremos tê-la ao lado para além da simples amizade, então tentamos e demonstramos o nosso querer, essa pessoa tem uma grande consideração por nós, ela ama e aceita-nos do modo como somos, mas simplesmente não cede ao outro lado dos sentimentos, por razões que só ela conhece, o que fica por conta do destino e, claro, sem deixar de fora os nossos esforços. Então, ao invés de tratar por outros nomes, ela usa simplesmente um título, que para ela é o mais apropriado - outrora, às vezes também para despistar o nosso outro sentir -, com todo amor e carinho: MANO.
Mas, afinal o que realmente mexeu-me a emoção?
A história tem um final triste, acima de tudo, muito para refletir sobre a vida, posso dizer que até ao momento estou sob efeitos dessas meditações.
A Joana, a garota desejada por Guilherme, era doente de câncer, a situação era desconhecida, o que foi descoberto quando seus dias já estavam contados,
tinha câncer de cólon já na fase 3 - fase avançada -, o que leva-lhe a morte após um mês do diagnóstico feito. Por outro lado, temos o lado de Alcides, amigo confidente do narrador, a vida estava tudo na boa, só não se sabia quando seria o momento para partir, como nunca era de esperar, num curto momento a morte leva-o. Por mais incrível que pareça e mais doloroso, as duas mortes sucederam no mesmo mês, Guilherme perdeu duas pessoas importantes em sua vida.
Nunca sabemos quando nos despedir de alguém, nem mesmo o que pode acontecer connosco depois, por mais que estejamos bem. A morte é um mistério incompreensível, simplesmente acontece, nunca sabemos quando.
O autor escreveu, a narração de Guilherme após as duas mortes:
Os doentes de câncer têm mais ou menos a previsão de quando será a sua morte, já todos nós andamos desapercebido de quando será. Hoje? Amanhã? Quem sabe? Você está bem agora, e no virar da esquina um carro pode passar por cima de ti e ser fatal. Você pode ter uma morte súbita ou algo assim. Somos todos doentes, temos todos um câncer que se chama câncer de circunstância.