Zona Morta - vívida em minha memória

Johnny Smith é um dos personagens mais bem construídos por Stephen King. Pude acompanhar as peripécias do bom professor ao me debruçar pelas mais de 470 páginas do excelente A Zona Morta (The Dead Zone) sétimo romance assinado pelo mestre do terror, lançado em 1979, um clássico com boa dose de horror e ficção.  

Apesar do carisma de Smith, a narrativa não abdica do tom sisudo, até pela condição desditosa a sucumbir o protagonista. A noite tinha tudo para ser perfeita, Johnny descobria o grande amor da sua vida, estavam prestes a passar a primeira noite juntos. As coisas acabaram fugindo do planejamento prévio e um grave acidente lhe impôs um longo sono a perdurar por quase meio decênio.  

Enfim desperto do coma, Johnny precisa lidar com as mudanças. A principal delas: a namorada Sarah, após árdua espera por sua recuperação, decide seguir a vida e se une em matrimônio com um advogado cheio de aspirações políticas. Além disso, o trauma parece ter aguçado a capacidade do bom professor que, antes invadido por pequenas intuições quanto ao futuro, passa a ter de conviver com o fardo de despertar visões apenas tateando as pessoas, trazendo à tona revelações inusitadas, desde os segredos mais ocultos a visões sobre graves incidentes.  

Com o tempo as novas habilidades, o acidente possivelmente despertou a zona morta de seu cérebro, levam Johnny a auxiliar a polícia a pôr fim nas ações de um estuprador insano e calculista, além de tentar livrar o país das garras de um político tirano, que se eleito presidente irá levar os Estados Unidos à condição de um verdadeiro mar sangrento.  

Embora não figure, necessariamente, como o livro favorito entre os cerca de vinte já lidos do autor, talvez a jornada de Johnny desponte até agora como a trama mais impactante, por esbanjar disposição em imprimir, de forma bastante precisa, às Iniquidades da vida. Seriam elas ocasionadas pelo destino ou fruto do mero acaso? Tomara não ter sido necessário nenhum grave evento para King ostentar o poder de realinhar sentimentos que antes pareciam ter encontrado eterna morada na zona morta do meu cérebro.  

Rafinha Heleno
Enviado por Rafinha Heleno em 04/05/2021
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