GOYA E A ETERNA FACE DA ESTUPIDEZ
Antes, porém, duas reflexões:
Historiador americano Philip Van Doren Stern, em “Tambores do amanhã”:
“A batalha pela liberdade é uma luta que não tem fim.
Nem suas vitórias são finais,
nem suas derrotas são permanentes.
Cada geração deve defender o seu patrimônio,
porque cada conquista desperta novas forças
que tentarão substituir os antigos meios de opressão por outros.
Não pode haver paz em um mundo que vive e cresce sempre,
e cada batalha que os nossos antepassados
supunham ter acabado,
terá de ser travada novamente por nós e pelos nossos filhos,
se quisermos preservar e aumentar o patrimônio da liberdade”
Friedrich Nietzsche, em “Gaia Ciência”, parágrafo 341:
“E se um dia ou uma noite
um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão
e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora
e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez
e ainda inúmeras vezes:
e não haverá nela nada de novo,
cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro
e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande
em tua vida há de te retornar,
e tudo na mesma ordem e seqüência
e do mesmo modo esta aranha
e este luar entre as árvores,
e do mesmo modo este instante e eu próprio. “” ...
Isto posto, vamos ao que importa:
A macabra arte e as horríveis visões de Francisco de GOYA (30/03/1746 – 16/04/1.828), colocadas em tela, estão de volta para a reflexão do cidadão comum.
Se o pacato leitor duvida, acesse na internet as imagens das telas do artista: “O enterro da sardinha” (1810), “A romaria de Santo Izidro” (1.819) e “A carga dos mamelucos” (1.814); etc.
Compare os personagens dos quadros com as faces das pessoas que invadiram o Capitólio americano...;
preste atenção nas faces desta gente estúpida seguindo as ordens de Trump ou do pato amarelo bolsonarista (ou da Sardinha, como no quadro); compare; examine;
o gênio espanhol captou as imagens e as imortalizou nos quadros – essas pessoas idiotizadas a seguir um líder fanático.
São os mesmos olhos enlouquecidos da multidão bêbada de ódio e maus pensamentos, delirante, a seguirem um ídolo vazio – como uma Sardinha.
A história segue seu curso, o mundo muda, transforma-se, mas essa gente, marionetes de algum opressor estúpido, não muda e nunca mudará.
Num dos quadros Goya até deu um nome à nossa situação atual, na gravura de um homem descansando a cabeça em uma mesa como se desistisse de tentar entender o mundo (“Os caprichos”). Ao redor de sua forma desesperada, estranhos monstros da noite se materializam com os olhos brilhantes e frios de corujas e gatos. Ao lado de sua mesa há uma inscrição que pode ser traduzida como: “ O sono da razão produz monstros ”.
Nada mais claro que o alerta...”O sono da razão produz monstros”.
Como não comparar o alerta com o momento atual: a negativa da ciência, o sono daquilo que é racional, a produzir as pessoas monstruosas que hoje, (na internet, principalmente), abandonaram a racionalidade e abraçam o dogmático.
Para finalizar, o gênio espanhol apresenta a pintura “Saturno devorando a um filho”, a horrível imagem do crime odioso de um pai devorando seu descendente, como haverá de acontecer se os tumultos atuais levarem a uma guerra civil, onde irmão matará irmão e pai matará o filho.
Goya testemunhou a ascensão e queda da razão.
Ele nasceu em 1746, no século do Iluminismo e do surgimento da ciência.
Viveu no período da revolução francesa (1.789/1.799) e do domínio das tropas de Napoleão na Espanha (1.808).
Viu muito das faces estúpidas que retornam agora; como a cumprir a maldição do eterno retorno de Nietzsche.
Deus nos livre dos seus pesadelos.
Cruz credo !!
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Obrigado pela leitura.