Necrológio – O exercício de morte que te fará meditar na vida

Desta vez, vou escrever sobre um exercício de filosofia que nos propõe a reflexão sobre o nosso estilo de vida e as virtudes que temos condições de adquirir pelo caminho até o dia em que iremos partir.

É um exercício em que escrevemos sobre nós após a nossa morte, falando das QUALIDADES que a gente tinha... De fato, em um velório, todos buscam exaltar as qualidades daqueles que partiram.

O exercício em questão nos propõe que falemos das nossas qualidades, mesmo que ainda não tenhamos conquistado todas as que a gente gostaria...

Espero, portanto, que esta indicação seja de grande utilidade para quem tiver disposição de refletir sobre o que espera da própria vida.

Este é o objetivo: pensar na morte para melhorar a vida!!

Melhorar as páginas que ainda temos a chance de escrever até que o nosso dia chegue...

Mas, vamos ao exercício que copiei de um artigo no site da Brasil Paralelo:

___ Você morreu. Consegue imaginar como foi sua vida? Para fazer o exercício do Necrológio, é necessário pensar no seu fim para avaliar suas ações no presente.

Exemplo:

"Francisco contemplou a morte por muitos anos de sua vida, mas foi em 18 de dezembro de 2020 que ela lhe retribuiu o olhar. Precocemente, ele a namorou sem desejá-la, ainda que soubesse que um dia seu beijo viria. Demorou 78 anos para que ela se inclinasse fixa e fria sobre ele, que a esperou sereno e firme.

Aos 15 anos, notou que o dia se desenrolava sem a presença de sua irmã mais nova. Seria comum se ela fosse uma menina que tinha amor pela cama como as de sua idade. Levantava-se sempre cedo, mas naquela manhã permanecera no quarto.

Francisco a buscou, mas seu corpo estava frio. Partiu dormindo, provavelmente, pela madrugada. Mas não é sobre o passamento dela este texto. Importa o que aconteceu com ele por causa deste fato.

Ele nunca tinha se sentido tão impotente. Neste dia ele viu a morte e começou a namorá-la. Era certo que ela o queria, mas ele precisava usar o tempo que tinha para compreender como recebê-la.

Esta é a história de um homem que viveu bem, porque compreendeu que suas atividades cessariam. A virtude de Francisco foi dedicar-se ao que não teria fim com o seu fim. 

Ele não foi apegado ao dinheiro, porque o dinheiro terminaria. Nem aos prazeres, porque teriam um fim não prazeroso. Sequer ao próprio ego, justamente porque viu, na morte de sua irmã, que a vaidade é impotente por natureza.

Seus anos, seus estudos, seus esforços, seu suor, sua dor, tudo fora dedicado à medicina. Ele se tornou pediatra. Sua irmã ele não poderia ter de volta, mas muitas outras irmãs, embora não fossem suas, poderiam não deixar seus irmãos como ele fora deixado.

Estou escrevendo, caro leitor, sobre a motivação do maior pediatra que conheci. O doutor Francisco nunca foi um homem triste, ainda que esta tenha sido sua realidade. Ele conseguiu. Sua profissão e seus títulos não o endeusaram. O valor de seu salário não desviou sua razão. Diante do valor da vida dos pequeninos, seus prazeres nunca foram prioridade.

Ele se encontrou com aquela que enxergara ainda de costas no leito de sua amada irmã. Entendeu como é a vida. Viveu feliz salvando vidas e as alegrias dos seus pacientes eram suas alegrias.

Quiséramos nós também ter um propósito tão forte. Francisco teve família, teve filhos, trabalhou nos melhores hospitais e foi respeitado internacionalmente. Mas o que lhe punha brilho e sorrisos na face eram as vitórias de cada alta assinada no hospital.

Ele viveu para curar e sabia disto. Esta sua missão era a primeira na hierarquia. 

Em seu leito, antes do fim, apenas sorriu e disse: 

‘Nunca dormi sem ter me dedicado a um pequenino sequer. Devotei a todos o amor que tinha por minha querida Helena. Sou feliz’”.

___ Vemos no exemplo acima que o personagem Francisco fez a sua auto homenagem "póstuma", mas percebemos que, para este exercício, devemos falar como se fôssemos um melhor amigo da gente, falando sobre as qualidades que a gente tinha. Exatamente como Francisco fez. É como se fôssemos um grande amigo ou amiga, daqueles que realmente têm orgulho da nossa amizade e observam as nossas conquistas com alegria em seus corações.

Espero então, que esta iniciativa de nos fazer refletir sobre o conhecimento e, de certa forma, sobre o autoconhecimento, possa ser de grande utilidade para aqueles que se propuserem a tentar realizá-la. Temos no exercício uma boa oportunidade para avaliarmos quem queremos ser e quais as qualidades queremos ter ao longo das nossas vidas. Não se trata de avaliar as conquistas materiais, mas sim as qualidades pessoais do nosso caráter, que nos fizeram chegar onde chegamos...

Um exercício de filosofia para mostrar a filosofia que queremos seguir em nosso estilo de vida e que nos fará refletir sobre as mudanças necessárias para atingir o objetivo que almejamos. Mas não significa que iniciando e concluindo ele hoje, não teremos amanhã uma nova necessidade de reescrevê-lo, já que afinal, somos seres em constante evolução de experiências e aprendizados.

___ Outro dia, eu estava a pensar como a vida mudou depois que minha mãe se foi... Precisei buscar o fortalecimento pela fé e, com isso, acabei me questionando muitas vezes em que eu poderia ajudar mais as pessoas... qual a contribuição que eu poderia dar ao mundo...

Por vezez isso é cansativo, pois parece que as coisas custam muito para serem modificadas... Parece que muitos preferem o comodismo e isso acaba desviando o foco também...

Mas vivi no modo automático por bastante tempo... Por isso, vou tentar fazer o exercício e assim que possível vou compartilhar aqui no Recanto, buscando assim dar mais atenção a essa busca por um foco... algo que me diga, mesmo nos dias em que eu cansar, que seguir em frente é preciso, mas ter um propósito é essencial para que possamos perceber o valor das nossas vidas.

___ Se alguém fizer o exercício e compartilhar aqui no Recanto, ou se já compartilhou, comenta aqui com o título para que eu também possa ler :D

Claudia RS
Enviado por Claudia RS em 11/01/2021
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