O Tempo e o Vento : uma saga gaúcha

Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite

Neste mês de setembro, em que o Rio Grande do Sul, de forma especial, no formato digital, comemora a Semana Farroupilha de 2020, exaltando a importância de suas raízes e tradições culturais, é importante que nos reportemos à obra O Tempo e o Vento do escritor gaúcho, natural de Cruz Alta, Erico Lopes Verissimo (1905-1975).

A produção deste romance, - um dos seus maiores sucessos literários-, iniciou no ano de 1947. Na realidade, ele havia previsto que sua obra poderia ser lançada num único volume, mas o Tempo e o Vento ultrapassou o número de 2.200 páginas, resultando em uma trilogia.

A obra é considerada pelos um romance histórico. Veríssimo, por meio de suas personagens, retratou dois séculos da história do Rio Grande do Sul desde a sua formação sociopolítica, econômica e cultural.

A narrativa da trilogia começa em 1745, com o nascimento de Pedro Missioneiro e com a chegada do português Maneco Terra (que se desloca de Sorocaba, para cultivar o trigo), e se encerra, em 1945, com o fim do Estado Novo (1937-1945), implantado por Getúlio Vargas (1882-1954).

Dedicando-se, durante 15 anos, ao processo de elaboração desta obra, Erico Veríssimo narra a saga da família Terra Cambará e de sua principal opositora, o clã dos Amaral. A produção de O Tempo e o Vento se divide em três tomos::O Continente (1949), O Retrato (1951) e o Arquipélago (1961). Personagens como Ana Terra, Bibiana e Capitão Rodrigo Cambará se imortalizaram no imaginário dos leitores.

Esta obra, entre outras do autor, tem sido objeto de estudo, inclusive, em trabalhos acadêmicos, a exemplo da tese intitulada O Tempo e o Vento e a tessitura das Memórias (2016), defendida, na UFSM, por. Francisco Mateus Conceição.

Na Semana Farroupilha de 2013, no dia 20 de setembro, data magna para os gaúchos, entre outros eventos oficiais alusivos à Revolução dos Farrapos (1835-1845), ocorreu a estreia nacional do filme O Tempo e o Vento, baseado na trilogia de Erico Veríssimo. Atingindo um público de 711.267 espectadores, que lotaram as salas de cinema, o filme alcançou uma renda de 7,7 milhões de reais em bilheteria. Com roteiro da dupla Tabajara Ruas e Letícia Wierzchowski, a direção deste filme ficou a cargo de Jayme Monjardim.

Em 1985, O Tempo e o Vento, totalizando 26 capítulos, foi apresentado pela Rede Globo numa minissérie, exibida de 22 de abril a 31 de maio daquele ano.

A trilogia de Erico Veríssimo, além do longa de 2013, , inspirou a realização de outros filmes, como O Sobrado (1956), Um Certo Capitão Rodrigo (1971) e Ana Terra (1972). Este último foi dirigido por Durval Gomes; o segundo por Alselmo Duarte e o primeiro pela dupla Cassiano Gabus Mendes e Walter George Durst.

Com certeza, O Tempo e o Vento seguirá encantando gerações pela sua grandeza literária e por representar a formação histórica-identitária do povo rio-grandense.

Publicado em Zero hora / Almanaque Gaúcho, em 18/09/2020