A grade
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Este é um poema Concreto do Acadêmico Saulo Pessato. Ocupante da Cadeira de número 22, da AIP - Academia Internacional do Poetrix.
Os poemas concretos são basicamente visuais e de fortes efeitos gráficos. Nos remete à década de 50, com os irmãos Haroldo de Campos e Augusto de Campos, bem como, Décio Pignatari e Ferreira Gullar.
Farei alguns comentários a respeito deste poema, que me encantou de verdade.
Já de início, destaco a importância do título - "A grade". Ele se enquadra perfeitamente ao texto, um casamento singular. Os concretistas, de um modo geral, não valorizam o título, infelizmente. Sem ele a identificação do poema fica mais complicada, muitas vezes o poema só é conhecido pelo primeiro verso.
Vide sonetos de Camões.
É interessante notar, neste poema, que a forma e o conteúdo estão intimamente conectados. Se completam lindamente!
Ouso dizer que: "A grade" é a moldura da narrativa.
Olhando para a figura, à primeira vista, tem-se a impressão de que se trata de uma obra de estrutura simplista. Nada rebuscada.
Porém, depois de compreendida, ela ganha enorme dimensão.
Note-se que, no desenrolar do texto, só se lê e relê... a palavra "agrade", que foi exaustivamente repetida. Esta reiteração desmedida, nos leva a perceber que se ficarmos buscando agradar, agradar, agradar... indefinidamente, estaremos construindo, de fato, uma prisão. Uma masmorra que nos colocaria nos subterrâneos da nossa própria existência.
A estética do poema sugere uma prisão de estrutura robusta, uma fortaleza - Alcatraz - com barras de ferro retorcidas e paralelas.
A imagem ganha tanta força que penso que, alguns, poderão se ater mais à leitura visual do que à outra, mais profunda.
Este é um expressivo exemplo de poema Concreto.
E esta é minha leitura, questionável...
Os poemas Concretos parecem uma brincadeira de palavras, por isso são enigmáticos, misteriosos e às vezes, indecifráveis.
Não são facilmente entendidos e muito menos palatáveis.
É preciso um olhar atento e, antes de mais nada, o gostar desta arte, por demais, experimental.
E viva a poesia!!!