Estrela do Norte, de Lindalva Rosa

“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.” (Cora Coralina)

Todo ser que se bole, que grunhe, que respira, que geme, que grita, que chora ... tem alguma coisa a dizer, alguma história a contar, algum fruto a colher.

Parabéns pelo livro Estrela do Norte, Lindalva Rosa. É uma obra feita com cautela, não foi feita a toque de caixa nem de afogadilho. É uma coletânea de textos que foram talhados ao longo dos anos. A citação de autores consagrados no início de cada texto revela cultura, leitura, erudição, estudo. A ideia da genealogia é excelente e requer pesquisa, empenho, dedicação. É fascinante estabelecer a gênese. Hoje, 15 de julho de 2017, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, li Estrela do Norte, de Lindalva Rosa e descobri que daquela fazenda brotaram e brotam diversas rosas.

Aprender a nadar abraçado nas cabaças, é um luxo que eu também experimentei na vida. Senti um aperto no coração quando demoliram a casa grande do Baixio. Dissiparam-se, como chuva no vento, anos de memória. Tenha certeza, amiga Lindalva Rosa, nenhuma picareta, trator, temporal ou até mesmo tsunami será capaz de extirpar das tuas entranhas os aromas que você guarda desse lugar.

Logo no início já esbugalhei os olhos de tanta fartura e um cardápio requintado. Senti que você gostava de adoecer só para tomar guaraná. Só muita travessura de criança permitiria ao organismo conseguir metabolizar tanta comida entre uma refeição e outra.

Como cunhou Euclides da Cunha, o sertanejo é, antes de tudo, um forte. Assim foi Zacarias Vieira Rosa, formado na escola da vida, dono de “pensão e albergue”. E de um coração acolhedor também.

Neuroses a parte, todos nós temos nossos medos, fobias e inseguranças. A falta de afeto é a marca autoritária de um passado bem remoto. Até parece requisito indispensável aos patriarcas das gerações que nos antecederam. Cada experiência feliz ou infeliz deve ser agregada à nossa mochila como forma de aprendizado e não como mais um elo pesado de uma enorme corrente a ser arrastada.

Quando algo agradável ou sinistro ocorre e você imediatamente clama por uma pessoa, essa pode ser catalogada como amiga. Assim é Flaubênia.

O meu acampamento no Sítio Maranata ocorreu no carnaval, do ano de 1986, mas isso detalharei em outra oportunidade para não alongar mais ainda esse texto.

Não tenho formação acadêmica nenhuma, adorei as dicas de humanidades, todavia. Parece ser minha praia.

Parabéns pela estrutura familiar que “compartilhou mais risos que lágrimas”.

Erros triviais de digitação denotam que não houve uma boa revisão. Imagino a sua frustração ao se deparar com isso depois que a flecha foi lançada. Não é mais possível recolher da prateleira, da estante, dos olhos do leitor atento... No entanto, isso não tira o brilho do seu trabalho que foi magnífico. Não modifica o DNA do cerne do livro, não tira o brilho do seu conteúdo, não apaga a mensagem que você queria passar e passou. Mensagem de aromas inesquecíveis.

Lindava Rosa, a partir da clareza ebúrnea com que você descreve seus aromas, eu posso assegurar, sem sombra de dúvidas, que foi um prazer imenso conhecer um pouco da sua história de vida e percorrer a Fazenda Estrela do Norte, principalmente por que estou a mais ou menos três mil quilômetros de distância.

Alber Liberato Escritor
Enviado por Alber Liberato Escritor em 29/07/2020
Código do texto: T7019873
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