“No princípio é a relação” (Buber).
“No princípio era a ação” (Goethe).
“No princípio era o Verbo” (João).

(Newton A. Von Zuben)

 
 
Minha visão sobre relações e relacionamentos foi expandida ao entrar em contato com a alma de Martin Buber através do livro eu e tu.

 Mergulhei até o fundo do fim nas palavras-princípio “Eu-Tu” e “Eu-Isso”, onde o diálogo não é uma categoria puramente racional, mas um encontro essencial. O mundo como experiência diz respeito à palavra-princípio Eu-Isso. A palavra-princípio Eu-Tu fundamenta o mundo da relação.


 As atitudes se traduzem pela palavra-princípio “Eu-Tu” e pela palavra-princípio “Eu-Isso”. A primeira, Eu-Tu, é um ato essencial do homem, atitude de encontro entre dois indivíduos na reciprocidade e na confirmação mútua. A segunda, Eu-Isso, é a experiência e a utilização, atitude objetivante. Vale ressaltar que o ‘’isso’’ não está necessariamente ligado à objetos, mas a ‘’coisificações’’, como de pessoas também, vai depender da relação. À guisa de exemplo, minha relação com esse livro é de Eu-Tu pelo tanto de afeto e amor que dedico a ele.

O questionamento de Buber sobre o sentido do Homem está relacionado a sua existência a partir de suas atitudes, tendo como base cada postura atualizada por uma das palavras-princípio, “Eu-Tu” ou “Eu-Isso”. Nessa dimensão, “a palavra-princípio uma vez proferida, fundamenta um modo de existir”.

Nessa perspectiva, uma relação autêntica é aquela em que o cerne do diálogo está no “entre”, ou seja, na interação, onde há presença efetiva e afetiva de um interlocutor na promoção e celebração do encontro – a reciprocidade como imperativo ético: “o princípio do homem situado no mundo com o outro”.

Nesse momento, me veio à boca o gosto do chá que saboreei, ontem, num encontro de presença e apreciação... Essa amiga me apresentou um conceito da cultura nipônica que está em consonância com o de Buber, o termo Ichigo-ichie que significa “uma vez, um encontro” ou “neste momento, uma oportunidade”. A intensão é interpontar que cada encontro, cada experiência vivenciada, é um tesouro único que nunca se repetirá da mesma maneira. Portanto, se o deixarmos escapar sem desfrutá-lo, ele estará perdido para sempre.

Para (in)conluir, convido a todos e, especialmente, a mim para um momento Eu-Tu para reflexão desse fragmento que peguei emprestado de Thoreau: "Não podemos matar o tempo sem ferir a eternidade".
Regina Ninna
Enviado por Regina Ninna em 06/06/2020
Reeditado em 07/06/2020
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