Hamlet: uma apreciação crítica
O texto abaixo fica prejudicado pela inexistência de alguns recursos de editoração/digitação neste site. Uma versão mais elaborada encontra-se disponível no blog causos em http://www.ctbornst.blogspot.com.
Aproveitando a encenação de Hamlet por Aderbal Feire Filho com Wagner Moura no papel principal, resolvi ler a peça, coisa que eu nunca tinha feito. Como sei que a linguagem em Shakespeare é fundamental e que nenhuma tradução consegue reproduzir jogos de palavras, trocadilhos, resolvi utilizar uma versão que coloca a linguagem original ao lado de uma versão em inglês moderno. Li a versão moderna, mas, quando o trecho era particularmente bonito eu lia a versão original em voz alta para poder melhor apreciar a sonoridade. Fiz uma leitura cuidadosa, consultando a internet para maiores detalhes, conhecer o pano de fundo, situar a peça no seu tempo, etc.
Mesmo antes de lê-la eu já tinha uma visão preconcebida da peça: Shakespeare é diversão. E, de fato, me diverti muito. E não foi tão somente com a ação, com as tramas que Shakespeare monta, com as gracinhas que Hamlet diz. Foi com o espirituoso dos diálogos, a perspicácia dos argumentos, o embate / jogo de palavras, a ironia fina. Ao terminar a leitura da peça, voltaram-me as dúvidas iniciais: porque Hamlet é uma peça tão famosa?
A resposta a esta pergunta não é fácil. Shakespeare não é Goethe, um escritor erudito cujo público é a elite cultural. Shakespeare fazia teatro popular; a pretensão dele era divertir, entreter, fazer sucesso e o seu teatro, o Globe, ficava do outro lado do Tâmisa. O objetivo de Shakespeare, ao contrário de Goethe, não era fazer literatura, deixar uma obra para a posteridade, tanto é que ele próprio jamais publicou a peça e a versão escrita por ele jamais chegou aos nossos dias.
A versão que chegou às nossas mãos é uma colcha de retalhos. Ela provavelmente é o resultado de anotações de diversas encenações. O Hamlet que aparece nesta peça é um sujeito cheio de incoerências. Começa imerso em dúvidas existenciais, cuidadoso, cauteloso e termina metendo-se de forma atabalhoada em um monte de confusões. Como é que um sujeito tão desconfiado que não aceita o fantasma do seu próprio pai, aceita montar uma intrincada armadilha para pegar o seu padrasto? Ele lhe nutre tanto ódio que se recusa a matá-lo, porque o encontra imerso em confissões que o poderiam livrar dos pecados. Como é que ele então aceita participar de um duelo armado por este mesmo vilão? Como é que este sujeito apunhala alguém que se esconde atrás de um tapete sem nem ao menos verificar de quem se trata? Como é que um sujeito tão ardiloso que desconfia que a viagem à Inglaterra é uma armadilha, não desconfia da armadilha que Claudius (o vilão, tio de Hamlet e assassino de seu pai) está lhe armando jogando-o contra Laerte? Porque Hamlet não se abre com Laerte conquistando-o para o seu lado e desmascarando o verdadeiro culpado?
Aliás, o gran finale da peça dá uma boa idéia das preocupações do autor. Shakespeare faz ribombarem os trovões e após o ápice reduz tudo ao silêncio. É a busca do efeito, a busca dos aplausos de um dramaturgo, dono de uma companhia de teatro que sabe que o dinheiro só chega com o sucesso.
A peça é cheia de concessões. Começa com o fantasma, concessão à crendice e à superstição popular (fantasmas na época ocupavam o imaginário de boa parte da população). O fantasma não é pura alegoria, não é produto da sua consciência, da sua imaginação, não é um alter-ego com o qual Hamlet dialoga para esclarecer as suas dúvidas. O fantasma é de carne e osso, ele fala, ele o critica e o repreende.
A peça utiliza todos os recursos da época para entreter. Tem poesia rimada (a peça dentro da peça), tem canções (entoadas pelos coveiros), tem teatro dentro do teatro (este é um artifício de Shakespeare para introduzir o teatro popular, a commedia dell’arte), tem palhaços, tem luta de esgrima (há que lembrar que a esgrima, na época, devia ser o que hoje é o boxe ou a luta livre) e acima de tudo tem intriga, falsidade, vilania e miséria humana. Tem mentira de montão, falsidade, dissimulação, ódio, traição, bajulação. Reforça a idéia de que o homem é mau e que o bem está tão somente na metafísica. Em particular, é bom que o povo acredite que o reino dos ricos é tão somente podridão, para que se contentem em ficar onde estão, ou então, para que se contentem com o reino dos céus. Poder e riqueza só levam à perdição.
Isto é velho e está em toda e qualquer novela da Globo. Da mesma forma que a Globo, Shakespeare no seu teatro, the Globe, enche a trama de ação e histórias dentro da história. Melhor diria, naturalmente, que a Globo segue o the Globe. A peça tem 20 cenas distribuídas em 5 atos. Será que não foi com Shakespeare que a televisão / cinema moderno aprendeu a encher a narrativa de cortes e cenas rápidas? No que diz respeito às tramas internas tem, por exemplo, a cena em que Polônio manda Reinaldo espionar o seu filho Laerte na sua viagem à França. Para que Shakespeare introduz esta cena? O caráter intrigante de Polônio já estava claro desde o primeiro momento. Ou então toda a trama que Polônio tenta montar para mostrar que a verdadeira causa da loucura de Hamlet é o seu amor por Ofélia. Mas porque o amor, ou até mesmo a negação do amor (Polônio manda Ofélia recusar o amor que Hamlet lhe oferece) levariam Hamlet à loucura? E porque isto surge assim tão de repente? Qual é o objetivo de Polônio? Casar Hamlet com Ofélia? E porque isto não tem seguimento? O que isto tem a ver com o restante da trama?
Aliás, os personagens femininos estão muito mal resolvidos. Para início de conversa tem Ofélia. É difícil acreditar que uma moça inteligente (e isto fica claro no diálogo no ato III, cena 1 quando Hamlet diz que não ama mais Ofélia) não tenha um mínimo de senso crítico em relação a seu pai, um intrigante contumaz. Ofélia participa de todas as tramas que este último monta e segue-lhe as ordens cegamente. Porque Ofélia enlouquece? É pelo amor de Hamlet que lhe é negado? Mas, neste caso, como aceita participar do jogo sujo de Polônio? Além disso, amor exigiria entrega e em nenhum momento isto aparece. Seria o amor de Ofélia pelo pai que a levaria à loucura? Mas, Polônio, em nenhum momento, nos é mostrado como um indivíduo possível de ser amado, ainda por cima por uma moça virtuosa e honesta como Ofélia.
A versão psicanalítica diz que Ofélia enlouquece porque realiza através de Hamlet o assassinato que ela própria almeja, uma vez que, Polônio a impede de entregar-se ao homem que ela ama. Atordoada pelo drama de consciência de assassinar o pai pelas mãos do amante, ela enlouqueceria. Aqui vemos armada a confusão. Como amar Hamlet, um homem que diz que não a ama, ao qual ela nunca se entregou e que, na peça, é mostrado como um amor, distante, fugaz e passageiro? O drama de consciência denotaria um apego a Polônio que é difícil de acreditar pelos motivos já apontados. A hipótese de amar ambos, denotaria um personagem frágil, desorientado e também isto não aparece. Além do mais se a interpretação psicanalítica é verdadeira, ela é uma interpretação a posteriori, que nada tem a ver com a peça.
Gertrude, a rainha, mulher do rei morto e posteriormente mulher do novo rei, assassino do primeiro, é ainda pior resolvida. É difícil imaginar tal situação, sem um grande amor (pelo novo rei) ou uma grande ambição por trás, ainda mais se for levado em conta, que o novo casamento se dá alguns meses depois da morte do primeiro rei. E, no entanto, em Gertrude nada faz crer nem uma coisa, nem outra. Nada na peça explica o seu possível amor por Claudius, nem tampouco consegue-se ver qualquer sinal de ambição ou sede de poder. Gertrude é simplesmente uma submissa. Mas no Ato III, cena 4 em que Hamlet a acusa de traição, o que vemos é uma mulher alquebrada e arrependida pelos seus erros. Como acreditar que uma mulher fraca participe de uma trama forte? Mesmo que ela não soubesse do assassinato do antigo rei, é difícil acreditar que ela não soubesse da ambição do novo rei e do conflito deste com o seu próprio filho. Como explicar a aliança incondicional com o primeiro em detrimento do segundo, sem a existência de uma profunda cisão entre Gertrude e Hamlet que, no entanto, em nenhum momento aparece?
Novamente, a interpretação psicanalítica diz que as dúvidas de Hamlet decorrem do fato de que no assassinato realizado por Claudius, realiza-se seu sonho edipiano de matar o pai para ficar com a mãe. Mas novamente isto é uma interpretação a posteriori e nada na peça nos faz sentir o amor de Hamlet por sua mãe.
Aliás, Hamlet não mostra amor por mulher nenhuma. Ele maltrata Ofélia e Gertrude e a sua relação com as duas denota ódio e desprezo muito mais do que desilusão, dor ou sofrimento. Afeição Hamlet só demonstra por seu amigo Horácio o que talvez tenha contribuído para reforçar comentários sobre o homossexualismo de Shakespeare.
Mil histórias deste tipo eu poderia enumerar para mostrar que a peça é cheia de descontinuidades e incoerências. A maioria das análises que eu li, reconhece estes fatos e os desculpa dizendo que Shakespeare cria personagens complexos. Shakespeare não cria personagens complexos, os personagens é que parecem complexos porque Shakespeare não cria, ou melhor, não se aprofunda na sua complexidade. É este aprofundamento que, jogando luz sobre o personagem, explicaria as suas motivações, tornando-o mais claro.
As conjeturas, interpretações e dúvidas levantadas acima apontam para uma peça que deixa tudo em aberto, que abre mil portas, mas não fecha nenhuma, que aponta para caminhos, mas não os segue. Aí está uma primeira explicação para a fama da peça. Pois o sonho de qualquer diretor é justamente encenar uma peça que lhe dê condições de desdobramento e interpretação. O problema é que qualquer interpretação e desdobramento que se queira dar, seguindo por uma destas portas abertas, implicaria em reescrever a peça, adicionando diálogos e novas cenas. E aí provavelmente falta coragem para realizar tal interferência em uma obra do porte de Hamlet. Ou seja, a definição da indefinição (do conteúdo) esbarra na definição (do prestígio da peça).
O pior na peça, no entanto, não é a incoerência a descontinuidade, a indefinição dos personagens. O pior mesmo é que o ponto central da peça, a vingança, é tratada de forma absolutamente superficial. Mesmo o famoso monólogo ser ou não ser no ato III, cena 1, resume-se a uma dúvida sobre o agir ou não agir. Ao agir, Hamlet sujeitar-se-ia a um julgamento post mortem. Neste monólogo, aparece um dilema. De um lado, ao agir, existe um perigo que se conhece. Do outro lado, o post mortem apontaria para um perigo que se desconhece. A prevalência do risco metafísico leva Hamlet a não agir e a concluir que a reflexão nos torna covardes.
Analisemos esta questão com um pouco mais de profundidade. Primeiro tem a equivalência entre o ser ou não ser com o agir ou não agir que colocaria Descartes, para quem pensar é ser, de orelha em pé. Para Shakespeare, pelo contrário, pensar é não agir (a reflexão nos torna covardes).
Se considerarmos que ser é agir, então, não agir é não ser. Ora, como para Shakespeare pensar é não agir, como não agir é não ser, temos, como consequência que pensar é não ser, que é exatamente o contrário do que diz Descartes. Trata-se de anti-racionalismo. Seria já um produto do empirismo inglês? Mas nem Hume nem Locke tinham nascido quando Hamlet foi escrito. As bases do empirismo inglês, no entanto, já estão lá. Que seja desculpado em Shakespeare o fato de ele ser um empirista prematuro. O que não dá para desculpar, no entanto, é reduzir o problema da vingança ao julgamento post mortem, ou seja, ao pecado. Hamlet no seu famoso monólogo diz que ao se recusar a agir, ou seja, ao se recusar a vingar o pai, o estaria fazendo por medo de algo que possa ocorrer após a morte. E ele conclui dizendo que este tipo de reflexão nos torna covardes.
No caso de Hamlet a questão tem ainda alguns agravantes. Primeiramente Claudius é um assassino. Tratar-se-ia, portanto, de assassinar um assassino. Além disso, ao deixar Claudius vivo, Hamlet estaria deixando o trono da Dinamarca nas mãos de um criminoso. Nada disto é mencionado no monólogo.
Uma outra vertente da vingança, a honra, tampouco recebe a ênfase necessária. O que é honra? Para que? O que significa? Como se justifica? Nada disso é mencionado. No início da peça, Hamlet ainda menciona a honra como uma das motivações de seus atos, mas do meio para o final os diálogos parecem indicar que a principal fonte para o sentimento de vingança de Hamlet é realmente o fato de Claudius estar repartindo o leito de sua mãe, o que reforça a versão psicanalítica.
Finalmente tem a questão do ódio que tampouco recebe tratamento adequado. É claro que Hamlet odeia Claudius e nos parágrafos anteriores vimos que a raiz deste ódio não é exposta de forma clara.
Outra coisa que não dá para desculpar em Hamlet é a pobreza do tratamento político. Em uma Inglaterra em que Elisabeth I e, antes dela, Henrique VIII, mandam decapitar um grande número de concorrentes (Maria Stuart por exemplo) onde assassinato, traição, disputa pelo poder e ambição são os temas mais comuns na corte, é muito estranho que uma peça que aborda justamente esta problemática, não faça qualquer alusão à situação vivida na Inglaterra e, ao invés disto, escolha um longínquo reino da Dinamarca como local da trama. Pior ainda é a quase total omissão de uma questão central destes assassinatos: a ambição e a disputa pelo poder. Na peça fica claro que Claudius é um vil intrigante e armador de ciladas e emboscadas, mas não fica claro que se trata tão somente de meios para atingir um fim. O fim que justificaria tudo, a ambição, a busca por riquezas, regalias, direitos e poder, fica imersa em obscuridade. Se não é possível sentir em Claudius a ambição, porque teria ele cometido o assassinato? Não se sente ambição nem em Claudius, nem em Hamlet, este último mais um cético, um desiludido do que um aspirante ao trono da Dinamarca. Nem ao menos em Polônio, a mais rastejante das personagens da peça, sente-se ambição como motivação para os seus atos. Porque? Seria medo de se expor à perseguição dos poderosos?
Tendo enchido o texto com críticas e palavras pouco lisonjeiras, é chegada a hora da virada. Porque, apesar de tudo que eu disse, eu gostei da peça. Não tenho dúvida nenhuma que a leitura de Hamlet foi para mim um fato importante. E o foi não somente por causa de entretenimento e diversão, mas porque me acrescentou, me trouxe uma série de elementos e idéias novas.
Primeiramente tem a linguagem e se alguns dos seus recursos, como idéias e imagens podem ser traduzidos, outros, como trocadilhos e jogos de palavras perdem-se totalmente com a tradução. Devo também dizer que apesar da leitura cuidadosa, estou consciente que uma boa parte da beleza foi perdida por conta da temporalidade das imagens.
Em Hamlet o mais importante é a forma de dizer as coisas, a extrema elegância, a fina ironia, o humor das formulações. Cito algumas passagens só para exemplificar, porque o número excede em muito o espaço aqui disponível.
Trocadilhos: a) Trocadilho em torno da palavra tender que pode significar oferecer ou então meigo e propostas, no diálogo entre Polônio e Ofélia (Ato I, cena 3). b) Hamlet para Polônio, falando de Ofélia (Ato II, cena 2): Conception (entender) is a blessing, but since your daughter may conceive (dar a luz) in another way... c) No ato V, cena 1 na cena dos coveiros, Hamlet tece comentários sobre a morte utilizando o trocadilho com a palavra fine que pode significar multa, fino, superior, puro: Is this the fine end of his fines and the recovery (devolução) of his recoveries (indenizaçâo), to have his fine head full of fine dirt? d) No mesmo ato na mesma cena tem o famoso trocadilho de lie (deitar) com lie (mentir) e calve (novilho) com calve (calvo).
Som: a) Veja a maravilhosa sonoridade em termos de sons de v/w no seguinte texto do ato 1, cena 5, em uma fala do fantasma com Hamlet: Yes that incestuous, that adulterous beast, working witchcraft with his wits, with a gift for treachery - oh wicked wits and gifts that have such seductive power! - he conquered the will of my seemingly virtuous Queen to satisfy his shameful lust.
Jogos de palavras: a) No ato II, cena 2, quando Polônio tenta convencer Gertrude que a razão da loucura de Hamlet é o amor: And now it remains that we should find out what caused this effect - or rather what caused this defect - for there must be a cause that effects this defect. b) No ato III, cena 4 no diálogo em que Hamlet acusa a rainha, esta última diz: Be assured that if words are made out of breath and breath is the product of life, I hardly have life to breathe a word... c) Veja o maravilhoso jogo de palavras no ato V, cena I, no diálogo dos coveiros em que se usa se offendendo no lugar de se deffendendo e ao mesmo tempo em que se critica a ignorância das classes baixas, ao tentar imitar (o latim) das classes altas, tece-se alguma reflexões sobre o suicídio. d) Ato V, cena 2: If it’s going to be now, it won’t be still to come. If it’s not still to come, it will be now. If it’s not now, it will still be to come. e) Veja o ritmo e a sonoridade da seguinte frase no diálogo de Hamlet com Gertrude (ato III, cena 4), quando Hamlet comenta o assassinato de Polônio: It has pleased heaven to punish me with his death and to punish him through me...
Pensamentos: a) No ato II, cena 2: Nothing is either good or bad unless you think it is that way; b) Na mesma cena: the substantial thing an ambitious man desires is just a shadow of a dream (a essência do desejo do ambicioso nada mais é do que a sombra de um sonho); a dream itself is only a shadow. c) Ato III, cena 2: Anything overdone...contradicts the purpose of acting - the point of which both traditionally and today, is to mirror reality. d) Ato III, cena 3 no monólogo em que Claudius confessa suas culpas: What’s mercy (compaixão) for, except to look sin in the face? And what is there in prayer except this double strength: to stop us befere we fall into sin or to pardon us once we’ve fallen? e)Veja o maravilhoso diálogo entre Claudius e Hamlet no ato IV, cena 3 a respeito de vermes que comem reis e são comidos por mendigos. Mendigos comendo reis? f) Ato 4, cena 5: Guilt is so full of suspicion that its very paranoia gives it away (a culpa é tão cheia de suspeitas que o medo da culpa acaba por revelá-la).
Alguns destes efeitos ou brincadeiras não são nada sutis, são até um pouco over e até mesmo aí reside a genialidade de Shakespeare: chamar atenção, reforçar e enfatizar a sua habilidade. Há que lembrar que teatro é palavra falada e se não houver clareza e destaque na fala, esta se perde.
Tentando fazer uma síntese geral de tudo o que foi dito acima eu diria que em Hamlet, Shakespeare assume algumas das características que se costuma atribuir ao inglês. O importante não é o que se diz, o conteúdo, mas sim como se diz, isto é, a forma. Forma é importante, ou seja, lendo Shakespeare aprende-se sobre a importância da forma.