Faça a Coisa Certa (Spike Lee, 1989): minorias, maiorias, amor e ódio.
 
O filme abre com uma dança que também se torna uma luta. A música é forte, os movimentos também. O locutor da rádio local avisa que vai esquentar e que a cor do dia é preto. E trama esquenta mesmo, como a temperatura anunciada durante a trama.

Na pizzaria do ítalo-americano Sal, encravada num bairro de maioria afro-americana, há vários retratos de celebridades brancas de origem italiana na parede. Um dia um cliente negro questiona a inexistência de retratos de negros ali. É expulso com agressividade. Daí em diante o calor aumenta ainda mais.

A meu ver, o filme é uma metáfora muito bem realizada sobre a concentração de poder nas mãos de poucos, que fazem o que bem entendem, desconsiderando o que sentem e pensam a maior parte das pessoas, alijadas do poder como minorias.

A narrativa mostra personagens interessantes. Sal, por ex., dono da pizzaria, não é um vilão que só faz maldade, apesar de reforçar uma estrutura racista e excludente, defendendo que o direito de propriedade prevalece: em seu restaurante ele faz o que bem entender.

Além de Faça a Coisa Certa, Spike Lee tem outros trabalhos muito legais, como o recente Infiltrado na Klan, Malcolm X, O Verão de Sam, O Plano Perfeito, entre outros longas, além de clipes, como They Don't Care About Us do Michael Jackson, e séries.

Faça a coisa certa: respeite a quarentena e veja filmes do grande Spike Lee.