1126-ÓCIO CRIATIVO - Comentário de Livro.

ÓCIO CRIATIVO

Acabei de ler o livro de Domenico Di Mais intitulado “Ócio Criativo”.

O que parece ser, pelo título, a apologia da preguiça ou do desperdício de tempo, terror das pessoas bem sucedidas, daquelas viciadas em trabalho, horário e produção; para as quais ócio é apenas nada fazer ficar à toa no dolce far niente atribuído aos italianos.

Ledo engano. O ÓCIO qualificado de criativo é a ideia de como ficar sem fazer nada e ao mesmo tempo CRIAR. Criar, com novas ideias e direcionando o pensamento, algo de agradável ou proveitoso como inventar coisas, novos padrões para as atividades já rotineiras, criar artes. Dar asas à imaginação. Criar, criar, criar.

A premissa que o trabalho mecânico, repetitivo, será cada vez mais dado aos robôs, o tempo dos seres humanos será cada vez mais de ociosidade, como é proprio da nossa existência.

O ócio deve ser direcionado para o movimento, a ginástica, em primeiro lugar, já que somos bípedes e temos necessidade de andar, caminhar, sim. Uma caminhada é um momento de ócio, que servirá para captarmos energia do sol, do ar e do vento. A caminhada torna-se criativa a partir do momento em que começamos a prestar atenção nos locais por onde passamos, nas pessoas que encontramos, nas situações que porventura passamos a viver e participar diretamente.

E, em consequência, fixar tais observações, contatos pessoais e acontecimentos em poemas, telas de pintura, em escritas de qualquer gênero, enfim, em qualquer expressão de criatividade.

Na caminhada, na prática de esportes, ao assistir um evento — quer seja ele social, cultural, esportivo, etc. — nos leva ao encontro com outras pessoas, estabelecendo novas relações, com a consequente troca de energia na intercomunicação. E causam flashes, insights, de intuição criativa, que nos predispõe a criar.

O autor, Domenico Di Mais é ilustre e conhecido sociólogo italiano, se propõe a discutir, avaliar e imaginar como será uma sociedade em que o trabalho dos homens e mulheres, reduzido ao mínimo, será cada vez mais destinado à criatividade — o que elevará, na certa, nossos padrões de civilização a níveis que dificilmente poderemos imaginar.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 30 de agosto de 2019.

Comentário classificado como

Conto # 1126 da Série “Infinitas Histórias”

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 06/02/2020
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