Edgar Alan Poe até agora, o único gênio do terror!

"No coração do mar", livro de Nathaniel Philbrick (ganhador do Pulitzer 2000), recentemente (2014) transferido para as telas por Hollywood, pretende contar a história do que realmente aconteceu na embarcação Essex que foi destruída por uma baleia e naufragado em 1923, da qual inspirou Herman Melville a escrever o épico "Moby Dick". O livro de Herman é um compêndio sobre os marinheiros e os baleeiros e encerra sua narrativa no naufrágio e não há dúvidas sobre a relação do Essex com Moby Dick. Nathaniel Philbrick em “No Coração do Mar” dramatiza a história e cria o suspense a partir do naufrágio, com base em um relato descoberto em 1960, de autoria do menino marinheiro sobrevivente ao naufrágio e ainda demorou vinte anos para obter o certificado de autenticidade. O fato da baleia branca persegui-los nos botes não chega a ser o principal ataque a sobrevivência da tripulação, mas sim a fome e a sede. Serão 90 dias à deriva. O horror fica por conta do canibalismo do corpo de um marinheiro morto por não resistir e o desumano, quando são obrigados por sorteio do menor graveto a decidir quem morre para ser o sustento de quem fica vivo. Um dramático e horripilante enredo pretendendo esclarecer a verdade sobre a tragédia do naufrágio do Essex, não contadas pelo Capitão e o 1º imediato, também sobreviventes (foram oito no total). Philbrick, historiador e pesquisador náutico, monta sua história debruçado em pesquisas profundas nos documentos históricos. O que surpreende é que o canibalismo é abordado apenas no relato encontrado em 1960, documento que demorou para revelar sua autenticidade, mas longe de apurar se a história contada é verdadeira. Herman Melville em Moby Dick, não esconde suas influências no estilo e na caracterização de alguns personagens da obra de Edgar Alan Poe. Uma breve pesquisa na internet, descobriremos vários estudos universitários que se dedicam ao assunto. Há comprovações da leitura por Herman em uma dedicatória à sua esposa em 1951, após a publicação de Moby Dick, presenteando-a com livro de contos de Poe. O que é intrigante para mim nisso tudo é a cronologia dos fatos. “A narrativa de Arthur Gordon Pym” foi publicado em 1938, ou seja 15 anos após o naufrágio do Essex e 12 anos antes da publicação de Moby Dick. No seu único romance, Poe narra além de outros horrores, a sobrevivência em um bote com cenas de canibalismo e a escolha de quem vai morrer através de sorteio. A crítica ficou escandalizada com o livro de Poe caracterizando-o como exagerado. Herman Melville faz uma pequena referência ao canibalismo na introdução do personagem que o narrador conhece no início do livro, o índio arpoador, oriundo de uma tribo canibal e só isso. A história de Arthur Pym tem personagens que, sem muito esforço poderão ser encontrados com características e aspectos motivacionais semelhantes em Moby Dick. Influências que um escritor deixa para outros são toleráveis e admiráveis e em boa parte um fator positivo dentro de uma obra. O que me chamou a atenção, foi quando tomei conhecimento do enredo da história de Nathaniel Philbrick, “No coração do mar”, focando clara e enfaticamente no canibalismo como o grande segredo mantido na narrativa da longa luta pela sobrevivência da tripulação do Essex. Dos oito sobreviventes à época, não se teve conhecimento de nenhuma descrição e relato sobre canibalismo. O que se sabe, é que o capitão e o 1º imediato conseguiram antes do Essex afundar completamente, retirar água e mantimentos para sobrevivência nos botes. Como não sou cientista, nem historiador, nem muito menos escritor, apenas um leigo e mero leitor esporádico, mas apaixonado por Edgar Alan Poe, quem considero um gênio que criou personagens que até hoje se multiplicam e são “inventados”, acho ou simplesmente tenho a intuição que Mr. Philbrick, plagiou as aventuras de Arthur Gordon Pym após 162 anos, baseado em um manuscrito, que talvez tenha sido escrito no delírio da imaginação do genial Alan Poe. Mas o que é um Pultizer, depois de engolir um Nobel para Dylan?