PREFÁCIO
Uma Índia no Mundo da Cultura
Uma Índia no Mundo da Cultura
"João Batista escreveu um livro peculiar. Dividiu-o em cinco partes. Na primeira parte ele reuniu 22 poemas sobre a natureza, o amor, os costumes e a cultura, mas principalmente sobre a mulher. Branca, negra, índia ou portuguesa, a mulher é exaltada, colocando em evidência possíveis recordações, desejos ou amores outrora vividos ou sonhados pelo autor. A primeira parte do livro é fruto da miscigenação que todo brasileiro herdou e ainda carrega dentro de si. Retrata a ligação forte com a natureza e a vida simples que resiste à ganância e ao progresso abusivo, desvairado. Até quando? Difícil responder. Entretanto, ao lermos as poesias singelas e ritmadas que o autor nos apresenta, arrisco afirmar que haverá bastante resistência tal e qual João Batista expressa no trecho do poema Mato Grosso “onde a mata verde é soberana, ao homem não se pode enganar... é berço sagrado da vida, sua folha é fonte de fibra enquanto a vida durar.”
Na segunda parte o autor escreveu quatro textos cuja ideia prevalente em todos é invocada: o poder da escrita, da informação para a preservação de um mundo mais humano e solidário. Reconhece também o esforço individual e das instituições em prol deste mundo. Ressalta ainda, o esforço cotidiano daqueles e daquelas que não desistem de lutar pela dignidade do viver mediante as falhas tão presentes em cada ser humano. No texto “Os Valores da Academia” João Batista Silva, que é membro da Academia Bom Despachense de Letras, homenageia os colegas e as colegas. Destaca “o motivo da causa, profundamente”, a que todo poeta ou poetisa traz em seu íntimo quando trabalha de forma coletiva para tornar realidade o sonho acalentado, muitas vezes, individualmente ou de forma solitária e presenteia a comunidade onde vive com a criação de uma Academia de Letras.
Na terceira parte intitulada História e Cultura, ele explana sobre os conhecimentos que possui sobre a Epopeia e a Lírica Camoniana. Luiz de Camões é patrono do autor na Academia Bom-Despachense de Letras. Homenagem valorosa ao poeta que nasceu em Lisboa e ganhou o mundo e a eternidade pela grandeza e beleza de sua obra. Nas palavras do autor “na lírica ou na épica, o gênio de Camões é daqueles muitos raros, que se mostram continuamente aptos a proporcionar o encontro com o sublime, a solução ao mesmo tempo mágica e de extrema inteligência, o acerto ou revelação definitiva, que magnetiza o leitor e o eleva, de súbito, a outro estado de percepção.” João Batista finaliza a terceira parte de seu livro apresentando um trecho do seu discurso de posse na Academia Bom-Despachense de Letras dedicado ao mais ilustre autor português, seu patrono.
Na quarta parte ele destaca as biografias de Antônio Teixeira de Lacerda (Salgado), Tadeu Antônio de Araújo Teixeira, Apolinário Teixeira Neto, Maria da Conceição de São José e Teresa Lopes das Graças. A relação com a música, a educação, a ciência, a religião e o modo singular de viver são tratados de forma respeitosa e com admiração pelo autor. O que revela também o apreço pela trajetória e a história de cada biografado.
Na quinta parte o autor traz à tona a sua bibliografia e biografia. Cronologicamente, o autor destaca a diversidade de seus escritos. Poemas, textos diversos, crônicas, contos e livros publicados individualmente ou em coletâneas. Ambas confirmam o seu interesse e a sua produção no mundo das Letras. Como afirmei anteriormente, Uma Índia e o Mundo da Cultura é repleto de peculiaridades. O autor mescla vivências, aspirações e indagações, muitas vezes carregadas de subjetividade. Mas acima de tudo, o livro traz uma escrita autêntica, alicerce que ampara e tenta dar sentido ao absurdo do mundo em que vivemos."
Denise Coimbra
23 de janeiro de 2018
(Página 11 do livro Uma Índia no Mundo da Cultura)