MÁGOA
            Aproveitando o tema canino abordado no dia anterior, colocarei mais uma história das muitas de Chico Xavier, para alimentar nossas reflexões de como nos corrigir para nos capacitar a ser cidadãos do Reino de Deus. Vamos ver um dos “Lindos casos de Chico Xavier”.
            A MÁGOA
            Há muitos anos, Chico possuía um cachorro deficiente. Esse animal lhe dava um trabalho muito grande. Quando chegava em casa de madrugada, após o trabalho no Centro Espírita, tinha que limpar todo o quarto. Comprava, com seu diminuto ordenado, uma coberta que não chegava a durar um mês. Assim foi durante muito tempo. Certo dia, quando ele chegou, o cachorro estava morrendo. – Parecia que ele estava me esperando... – disse com tristeza – Olhou-me demoradamente de uma maneira muito terna, fez um gesto com a cauda, e morreu.
            Enterramo-lo no fundo do quintal, não sem antes derramar muitas lágrimas. Passaram-se alguns meses e uma de suas irmãs lhe disse: - Chico, você se lembra daquele cachorro aleijado? – Claro, como poderia esquecê-lo? – Olha, vou contar uma coisa. Ele não morreu naturalmente não. Dona Fulana tinha pena de ver você chegar todo dia de madrugada e ter tanto trabalho. Então, querendo aliviá-lo, deu veneno para o cão.
            - Ah, meu Deus! Não me diga uma coisa dessas!
            - É verdade, Chico. Ele não sentiu raiva, pois em seu coração não havia espaço para isso. Mas uma tristeza invadiu-lhe a alma e uma sombra começou a envolver-lhe o coração. Passados alguns dias, o Espírito Emmanuel lhe disse:
            - Chico, essa mágoa que você asila no coração está atrapalhando o trabalho dos Bons Espíritos. Você precisa se livrar dela.
            - Não consigo esquecer... – disse-lhe Chico amargurado. – Mas é preciso. Como fazer?
            - Você precisa dar uma grande alegria a ela.
            - Eu dar alegria a ela?! O ofendido fui eu!
            - A receita não é minha... É de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Fazei bem aos que vos aborrecem.” Leia o Evangelho.
            Obediente e resignado, Chico procurou descobrir o que a pessoa gostaria de ter e não tinha. Era uma máquina de costura.
            Chico comprou, então, uma máquina de costura, a pagar em longas prestações.
            Quando foi visita-la, a pessoa estava tão feliz, tão feliz, que quando viu o Chico chegando, correu para ele e lhe abraçou com tanto amor, que uma luz intensa se desprendeu dela e o envolveu da cabeça aos pés. Quando ela soltou o abraço, a sombra havia desaparecido.
            Eis aí uma receita para quem ainda carrega mágoas no coração. E você, já deu sua máquina de costura hoje?  
            É um caso interessante. A mulher quer fazer um bem ao Chico envenenando o cachorro que lhe dava muito trabalho. Na mente da mulher foi um bem. Na mente do Chico foi um agravo. Para o cão pode ter sido um bem, afinal ele estava sofrendo, não aproveitava bem a vida. O Chico apesar de ser uma alma evoluída, desenvolveu mágoa. A mulher foi beneficiada por orientação dos Bons Espíritos, devido a mágoa que o Chico criou. Então, a mulher foi beneficiada materialmente e o Chico beneficiado espiritualmente. O cão também foi beneficiado. Todos foram beneficiados. Se o Chico não tivesse sido avisado do envenenamento, não haveria desarmonia no relacionamento. O Chico não teria desenvolvido mágoa; a mulher não teria ganho a sua máquina de costura.
            Fica a lição para nós, candidatos a cidadania do Reino de Deus: não podemos nos apresentar com nossa roupa perispiritual manchada pela mágoa.