Resumo: Literatura, Literalidade e os livros para crianças e jovens In Faria, M. A. Como usar a literatura infantil na sala de aula.
O livro tem o propósito de refletir sobre aspectos literários de livros para crianças e jovens. De acordo com os Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental, os textos podem ser divididos em: Funcionais: monossêmicos. Apresentam um único sentido. Por exemplo, receitas culinárias. Os textos literários são polissêmicos, pois além da informação trazida no texto, permite ao leitor outras sensações, como reflexões, novas ideias, etc.
Diante do questionamento “como definir um texto literário?”, Poslaniec afirma que não há um padrão, os textos caminham dentro da proposta polissêmica, ora mais próximo de um extremo, ora de outro. É importante que o mediador da leitura conheça a literalidade dos textos para melhor apresentá-los às crianças. Isso implica a relação entre personagem, narrador e espaço-tempo. É importante também que o mediador faça uma leitura para apreciação antes.
Pesquisadores de literatura infanto-juvenil propõem diferentes níveis de leitura de acordo com as reações que causam no leitor e nas competências deste:
Maria Helena Martins propõe o nível sensorial, que está ligado a aspectos externos à leitura como o tato, ilustrações, etc. O nível emocional está ligado a fantasia e emoções. Já o nível racional está ligado ao intelecto, costuma seguir uma hierarquia estabelecida pela elite intelectual.
Para Baudelot, Cartier e Detrez as duas modalidades de leitura são: comum, onde o leitor mantém relação afetiva com o texto e erudita, onde o leitor mantém distanciamento do texto.
Poslaniec e Houyel tratam de três tipos de leitura. A leitura comprometia onde há identificação com o texto. Na leitura aprofundada o leitor é considerado maduro e a experiência pessoal transforma a leitura emotiva. A leitura literária está para além do sentido imediato proporcionado, se relaciona com a forma de construção do texto.
Para Poslamiec e Houyel competências ligadas à compreensão do texto e ao prazer da leitura são necessárias para a formação do leitor na infância. E destacam quatro competências que as crianças já tem antes da alfabetização. São elas: Domínio da língua oral; Domínio da capacidade abstrata de associar (associar uma palavra ao seu referente colabora com a leitura de imagens); Conhecimento sobre objetos de leitura (a criança está cercada por propagandas, cartazes, etc); e Conhecimento intuitivo de que ler é compreender.
A partir disso a escola deve proporcionar as crianças leituras para que estas experimentem uma vivencia simbólica por meio da imaginação e preencham os “brancos” de cada leitura com suas competências lógicas.
Para que a criança produza os seus próprios textos ela precisa já ter passado pela audição e leitura de outros textos. É preciso levar em consideração os pequenos saberes da criança que em sua vida já tem contato com relatos familiares também televisivos, que seguem uma estrutura narrativa e, a partir disso, ampliar suas possibilidades.
O contato da criança com o livro é necessário desde a pré-escola por entender-se que para a criança avançar na decodificação, no sentido, projeção, identificação, etc., é essencial o exercício da leitura.