A carne, por Paulo de Tarso Bezerra
.:.
"A Carne” é livro para se ler à noite. Ou melhor, nas altas horas das noites. Seja porque cada página deixará o leitor um pouco mais acordado e afoito, seja para render louros às memoráveis noites aqui descritas pelo nosso incansável autor.
Para valer o termo ‘baquistas’, uma referência a Baco, sugiro que o leitor o faça após um bom tinto. Esse pormenor há de valorizar ainda mais aquela noite. E mais: que a leitura seja a quatro mãos. Ou a duas bocas - aqui também me valendo da deixa do extravagante Nijair Araújo Pinto.
Ora atuando no futuro do pretérito, ora no passado mais que perfeito, ora num exercício de futuro e desejos, Nijair exercita a memória e a criatividade ao máximo e confunde o caro leitor que tem que decidir se o que acaba de ler é ficção, lembranças tórridas ou desejo pelo que ainda não se fez. Essa incerteza é ainda mais intrigante e nos faz avançar página a página, de capa a capa.
Seja no trocadilho inteligente e perigoso de “Recortes” - onde palavras expressam mesmo o que querem dizer; seja na irreverente “Aos Amantes” - em que o profano e o sagrado se aproximam; seja na dolorosa e, ao mesmo tempo, sensual “Meu Amor” - uma dose de loucura que só os amantes entendem; em todos os seus poemas, Nijair fala sobre desejos, paixões, mulheres e carne. Muita carne, em sua melhor essência.
“A Carne, Versos Baquistas” é um presente aos nossos sentimentos mais primitivos. Um deleite para eternos amantes.
Paulo de Tarso Bezerra é médico
.:.