GOAD #1
Acordamos em mais um dia infeliz, no fim do mundo. Estava nublado, e logo atrás veio a chuva, com uma breve brisa num soar da manhã. A mesma e velha questão: "O que fazer hoje?". Seria normal sairmos para a varanda, e numa cadeira de balanço tomar um café observando o dia nascer. Mas Julie está dormindo ao meu lado, não querendo incomoda-la, debrucei sobre meu travesseiro e lembrei que o que eu tenho para fazer hoje é, nada além de um texto. Eis o grande desafio! Ou, um grande desafio!
Ontem recebi uma carta de Harvard, e nela dizia que para eu conseguir uma vaga na universidade, era preciso apenas uma escrever uma redação.
Esse o desafio! Não há possibilidade de escrever algo, porque no fim do mundo é o fim das inspirações, e por incrível que pareça, o tema da redação é: "Inspiração".
Sem inspiração.
Não há casas ao redor, só pastos, não há mercados, ou lojas. Sim, tem uma Igreja, onde há um Pastor e três membros. Eu, Julie e o Sr. Murphy. Não há no que se inspirar. Até meu nome é o nome de meu avô, que foi o nome de meu pai e agora é o meu nome.
- Julie - Cutuco ela
- Andy, você sabe que não temos nada para fazer hoje, me deixe dormir mais um pouco. - Falou, só que em forma de murmúrios.
- Não, levante-se, a carta pode nos tirar desse lugar!
- Que carta?
- A carta de Harvard!
Eu tentei buscar no céu, no lago que ficava a Noroeste, nos pássaros, e até mesmo no vento, mas depois de tanto procurarmos inspirações, chegamos a conclusão de que seria impossível escrever um texto naquele fim do mundo.
- Não dá! Literalmente não dá! - Gritou ela.
Vi umas letrinhas minúsculas ao fim da carta, que passou despercebido, e resolvi ler.
"Válido até 12 de Outubro de 1914". A Carta era para meu avô.