O "P" da paixão. (Alceu Valença).
Alceu Valença tem uma das melhores cabeças da MPB, e não duvidem desse pernambucano. Um homem das letras, um dramaturgo, , ator, cineasta, poeta e músico. Dono de uma energia criativa que parece não ter limites, e quando pegamos a sua obra, temos que prestar atenção.
Poucos defendem e difundem o folclore nordestino como ele o faz, conhecedor profundo dos ritmos e origens dos diferentes sons , um homem que se formou em direito e trabalhou como tal por um bom tempo, um leitor e pesquisador voraz, dono de uma cultura respeitável.
Ainda hoje, quando os turistas passam pela sua rua, lá em Olinda, apontam em grupo para a sua casa, e ele costuma sair à sacada e acenar com um sorriso de boas vindas.
" O "P" da paixão provoca o poema
E o "P" do poema é um parto , é um parto
São poucas pegadas nas pedras do porto
E um poema torto persegue teus passos
O "P" do passado provoca o presente
E o "P" do presente que importa, que importa
São poucas palavras que batem no peito
No fundo da alma, na porta , na porta".
Alceu, brinca com a letra "P", e encanta num tom de fado, eu gosto muito desta canção, e de todas as que eu conheço da sua autoria , é uma das minhas preferidas, pois mostra a sua versatilidade e o quanto é capaz de mostrar-se sem limites ou amarras , navegando por Portugal, Espanha, Holanda...onde o nordeste se encontra, na mistura dos diferentes povos navegantes, ao negro e ao índio.
Sou fã do artista, e dedico este texto ao sofrido e maravilhoso povo do nordeste, tão descriminado pela ignorância e arrogância de muitos, dos que nada conseguem ver além das cercas dos quintais de suas casas.