Take a vacation!
Os três últimos anos de minha vida desprovidos dos constantes pesares que acabariam por vir a assombrá-la foram 2008, 2009 e 2010. E duas circunstâncias deveras cômicas são as responsáveis por isto: a primeira é que, ao decorrer deste triênio, ainda não havia me tornado escritor – e a segunda tem a ver com a trajetória do Panic! at the Disco.
Como todo pré-adolescente com tendências góticas/alternativas que cresceu durante os anos 2000, eu amava o P!atD e os visuais não convencionais de seus videoclipes; por mim, inclusive, colocaria “I Write Sins, Not Tragedies” em alguma lista dos melhores do século XXI. O ano era 2005, e mal podia esperar para continuar acompanhando-os depois de terem lançado “A fever you can’t sweat out”, um álbum que encapsula todos aqueles anos de minha juventude.
Saltemos agora para 2008, ano do lançamento de “Pretty. Odd.”; um álbum doce e melódico, influenciado pelo rock dos anos 60, tresandando a flores e a antigas gravuras do “turn of the century”. Ainda hoje, em meus momentos de profunda tristeza, costumo me pegar cantarolando “Northern Downpour” – e só Deus sabe quando foi a última vez que escutei este álbum! Entretanto, nunca deixará o lugar mais que especial em meu coração que a ele fiz.
Em 2009 veio a surpresa: dois integrantes do P!atD deixaram a banda para formarem seu próprio projeto, o The Young Veins; seu álbum de estreia, “Take a vacation!”, saiu no ano seguinte. Enquanto o P!atD retornava a um estilo mais pop, os Young Veins pretendiam seguir com a direção rock dos anos 60 iniciada com “Pretty. Odd.”, e nisto lançaram um álbum tão doce e gostoso quanto seu precursor, com sabor de cálidos dias de verão, passeios na praia ao entardecer e memórias de divertidas férias. Sempre que for forçado a lembrar-me de meus verdes dias, automaticamente terei que conjurar não só o “Take a vacation!” como também o “Pretty. Odd.” da memória – e recordar-me que, em 2011, os Young Veins se separaram, o P!atD lançou um álbum medíocre a respeito do qual nem lembro-me para poder discorrer sobre, e meus percalços após abraçar oficialmente a carreira de escritor se iniciaram para nunca mais darem-me trégua.
(São Carlos, 16 de novembro de 2021)