Leitura Crítica de Os paralelepípedos da Vila Mimosa, de Alexandre Coslei, pela Professora Doutora Lúcia Facco:
"Gostaria de dizer que gostei bastante do livro. Apesar de você possuir um estilo de escrita fluido, o seu texto não é absolutamente fácil de ler. E isso é uma grande qualidade. Digo que não é um texto fácil, porque passa ao largo dos “finais felizes” desejados pelos leitores menos “treinados”.
Seu livro, ao apresentar os personagens “marginais”, fala das angústias de todos nós. Do tédio, da solidão, da luxúria, enfim, de sentimentos e circunstâncias que nos levam, todos os dias, para caminhos que não escolheríamos se fôssemos seguir aqueles ditados pela sociedade. A fuga ao tédio imposto pela sociedade (vida regrada, metódica, sexo regular com o/a cônjuge, emprego estável em repartições públicas) se dá na escolha pela vida “dissoluta”, desregrada, a busca do prazer improdutivo.
À primeira vista, as histórias são cruéis, os personagens amorais. Em um olhar mais atento, percebemos que é exatamente isso, mas colocado como uma crítica ácida aos nossos costumes, nossa sociedade, nossa vida. É uma amoralidade pura, sem remorso, sem desejo de ser diferente, apenas desejo de libertação, de felicidade.
É bastante interessante o livro começar por um soneto. Uma forma clássica para tratar de um assunto tão profano. Mas a Vila Mimosa e suas meninas não são o ponto central do livro, e sim o pano de fundo onde circulam as mais diversas personagens que poderiam ser como cada um de nós, ou vice-versa, se tivéssemos enfrentado certas dificuldades, ou ainda, se tivéssemos coragem.
Seu livro lembrou-me o delicioso Desabrigo, publicado em 1945 por Antonio Fraga. Este autor (Se você não conhece, deve conhecer. Garanto que você vai adorar) cresceu no Mangue, onde conviveu com prostitutas e malandros. Podemos dizer que a “Zona” foi a fonte onde bebeu, transformando-a em arte – pura literatura."
Lúcia Facco - Professora e Doutora em Literatura Comparada
"Gostaria de dizer que gostei bastante do livro. Apesar de você possuir um estilo de escrita fluido, o seu texto não é absolutamente fácil de ler. E isso é uma grande qualidade. Digo que não é um texto fácil, porque passa ao largo dos “finais felizes” desejados pelos leitores menos “treinados”.
Seu livro, ao apresentar os personagens “marginais”, fala das angústias de todos nós. Do tédio, da solidão, da luxúria, enfim, de sentimentos e circunstâncias que nos levam, todos os dias, para caminhos que não escolheríamos se fôssemos seguir aqueles ditados pela sociedade. A fuga ao tédio imposto pela sociedade (vida regrada, metódica, sexo regular com o/a cônjuge, emprego estável em repartições públicas) se dá na escolha pela vida “dissoluta”, desregrada, a busca do prazer improdutivo.
À primeira vista, as histórias são cruéis, os personagens amorais. Em um olhar mais atento, percebemos que é exatamente isso, mas colocado como uma crítica ácida aos nossos costumes, nossa sociedade, nossa vida. É uma amoralidade pura, sem remorso, sem desejo de ser diferente, apenas desejo de libertação, de felicidade.
É bastante interessante o livro começar por um soneto. Uma forma clássica para tratar de um assunto tão profano. Mas a Vila Mimosa e suas meninas não são o ponto central do livro, e sim o pano de fundo onde circulam as mais diversas personagens que poderiam ser como cada um de nós, ou vice-versa, se tivéssemos enfrentado certas dificuldades, ou ainda, se tivéssemos coragem.
Seu livro lembrou-me o delicioso Desabrigo, publicado em 1945 por Antonio Fraga. Este autor (Se você não conhece, deve conhecer. Garanto que você vai adorar) cresceu no Mangue, onde conviveu com prostitutas e malandros. Podemos dizer que a “Zona” foi a fonte onde bebeu, transformando-a em arte – pura literatura."
Lúcia Facco - Professora e Doutora em Literatura Comparada