DOCUMENTARIOS SOBRE ARTUR BISPO DO ROSÁRIO

Cabe-me na exiguidade de espaço tecer uma breve analise referente à dicotomia que se faz presente entre a arte e o sagrado. Tomarei como fonte de referencia dois documentários ( Prisioneiro da Passagem e Artur Bispo do Rosário) que retratam um pouco da historia de um dos maiores gênios da arte contemporânea. Sem sombra de duvidas esse grande artista imerso em um mundo que para nós denomina-se loucura, consegue demonstrar através da simplicidade de suas obras o verdadeiro significado da ligação entre a arte e o sagrado. Pode-se perceber durante os documentários a presença religiosa quem em algum momento se fez presente em sua vida e que agora transcende-se através de suas obras no seus momentos de loucura. Não significa, contudo que o ser artístico veio através da sua loucura, ao contrario “Ele é artista apesar da loucura, ele não é artista porque é Louco”( Frederico Moraes, documentário Artur Bispo do Rosário) . Bispo consegue na pureza deixar emergir mesmo de forma inconsciente o verdadeiro significado da arte, que não coloca ao artista nenhum tipo de muralha ou empecilho, mas que o liberta de qualquer tipo de amarra, como acredita Malevich “O artista deve manter sua independência espiritual para poder criar, [...] O artista tem que ser livre” ( Arte e revelação do sagrado em Luigi Pareyson,p3). Como falado outrora à figura do sagrado se faz transparecer de forma contundente na postura e no modo como Bispo analisa a suas criações, como sendo a criação de um mundo diferente do que esta sendo habitando, que teriam como objetivo descrever a sua função divina na terra e servindo como um elo de ligação entre o humano e o divino, uma oportunidade de reconstrução proporcionada pelo sagrado que encontra em suas obras a ponte para um mundo onde não existira mais nenhum tipo de dor, sofrimento ou tristeza “ Não se precisaria mais de médicos, pois não vai existir mais doenças nesse mundo” ( Artur Bispo do Rosario). Tentar desbruçar-se no entendimento clinico para explicar que tudo isso seria fruto de momentos de devaneio, é retirar do artista a sua essência totalizante de encanta-se por “ aquilo que não pode ser visto, mas que, de igual modo, embora invisível, ou quase, encontra-se sempre presente” ( MALEVICH, Arte e revelação do sagrado em Luigi Pareyson, p5).Concluo essa breve analise com a certeza do aprendizado adquirido através da interação que nos é demonstrada pelo grito silencioso proporcionado por Bispo na peculiaridade que se faz presente em cada uma de suas artes, nos deixando a certeza que “ A obra de arte pode ser a possibilidade de se abrir ao mistério de modo mais pleno justamente por aquilo que a faz especifica, ou seja, a sua liberdade de ser arte sem mais” (Arte e revelação do sagrado em Luigi Pareyson, p10).