Considerações sobre o Prof.José Pompílio da Hora
Ref: Livro AO PEDRO II, TUDO OU NADA?
ORGANIZADORES
MIRIAN S.CAVALCANTI
PAULO RUBEM DE SOUZA VALENTE
FERNANDO ANTONIO QUINTELLA RIBEIRO
Inicialmente, cumpre ser feita a minha breve apresentação, para em seguida ser exposto o que se segue:
Sou Ana Maria Martins Pompílio da Hora, ex-aluna do Colégio Pedro II, seções TIJUCA (anos 1977 a 1979) E SÃO CRISTÓVÃO (anos 1980 e 1981), filha dos Professores José Pompilio da Hora (de Latim e de Filosofia) e Níria Martins Pompílio da Hora ( de Português), ambos do Colégio Pedro II.
Meus irmãos, Lorenzo e Nilo César Martins Pompílio da Hora, professores universitários (Faculdade de Direito-UFRJ), são igualmente ex-alunos do CPII.
Há poucos dias, recebi de Lorenzo o exemplar do livro Ao Pedro II, tudo ou nada?, com a observação de terem sido escritos textos em homenagem a nosso pai.
Confesso que passei os olhos de um modo geral no livro e que me ative aos comentários feitos pelo Jornalista e Economista Fernando Quintella e pela Professora primária Lourdes Maria Ventura Bóscoli, que muito me honraram e o último texto, de autoria da mestra Lourdinha, em especial, muito me divertiu, pelo teor sincero, ainda que simplório, pela forma como declinou a sua "pior experiência" com o "impiedoso" Prof. Pompílio da Hora.
Ab initio, revelo não ter a facilidade irretócavel para escrever, do naipe de um Jornalista como o Fernando e muito menos, de uma profissional formada em Letras, Pedagogia e Direito, como a Lourdinha, motivo pelo qual solicito a benevolência e a paciência que somente a cultura e o conhecimento conferem a seus portadores, como se trata desses renomados ex-alunos do CPII.
Caro Fernando, parabéns por ter sobrevivido ao "implacável" Pompílio da Hora, visto que "sobreviver" a ele não era para qualquer um mesmo. Mas você (permita-me a respeitosa intimidade) demonstrou a sua idoneidade moral, cultural e emocional não apenas nas belas palavras constantes de seu texto, mas pela coerência de suas colocações e pelo profissional de comunicação que se tornou, de grande relevância no contexto nacional, conforme "levantei", por força de minha rotina profissional.
Uma única observação merece ser trazida à baila: no concurso público para o Itamaraty, o pai não "ficou" na prova de inglês. A reprovação foi pelo fato de ser negro e não por não ter obtido a aprovação devida nas matérias correspondentes. No caso dele, a prova foi de francês e ele obteve êxito.
A realidade é que o racismo, no Brasil, é um dos piores a nível mundial. É o que chamo de racismo à brasileira, dissimulado, camuflado, diria mais, "não às claras". O(a) racista, aqui, exterioriza a sua mediocridade e covardia através de expressões e palavras pejorativas, por demais negativas e que tentam disfarçar a sua essência pequena e acanhada. E mais: como não tem a coragem explícita de se intitular racista, a frequente utilização de outros adjetivos infelizes se traduz como o recurso que externaliza a sua real intenção que é atingir o negro. E quando o(a) racista ocupa alguma posição de relevo social, faz mal uso de tal poder e comete sucessivas injustiças que não passarão "em branco" não, ao longo da vida. Causa e efeito. Inevitáveis na vida de qualquer um.
Interessante observar, ainda, que os(as) racistas, em sua quase totalidade, revelam-se profissionais sem nenhuma relevância, frustrados, apagados, ocupantes de espaços inexpressivos na sociedade, embora procurem ostentar uma imagem de sucesso existente apenas na mente deles. São sim dignos de piedade, até porque, diria meu pai, são portadores de uma "cultura superficial", verdadeiros engodos sociais.
Mas, retornando ao objetivo deste texto, obrigada mesmo, Fernando, pelas palavras corretas e honestas endereçadas a meu saudoso pai, para mim, brilhante em todos os sentidos.
O mesmo agradecimento é extensivo à Lourdinha, a quem peço vênia para assim chamar. Apenas me sinto na obrigação de tecer algumas considerações, por igualmente ter sido aluna do Colégio Pedro II e ter estudado o tão "temido" Latim, com a obrigação de me sair bem nas provas, afinal, meus pais eram profundos conhecedores da matéria. Simplesmente adorava o estudo da língua latina e, ao longo do meu exercício profissional, incomodei diversos medíocres funcionais com citações em Latim, obrigando-os a estudar, pesquisar, para que entendessem o teor dos documentos oficiais expedidos por mim. Era(É) prazeroso contribuir para o aprimoramento de quem resiste a estudar e/ou se reciclar.
Assim sendo, sem nenhum cunho de crítica negativa ou de passionalidade no comentário a seguir, acho indispensável um certo conhecimento do Latim sim, Lourdinha, pois a língua latina é a língua mater. Português, espanhol, francês e italiano são línguas originadas do Latim.
Outrossim, é cediço que a História é "a mestra da vida", por isso, é necessário algum conhecimento da literatura greco-romana. Saber, por exemplo, quem foi CATILINA, o grande orador Cícero, César, Virgílio, Horácio e outros. Podemos deduzir daí que muitos acontecimentos hodiernos já se verificavam com as mesmas características há séculos atrás. "ATÉ QUANDO CATILINA ABUSARÁS DE NOSSA PACIÊNCIA?" "ATÉ QUANDO ESTE TEU FUROR NOS ENGANARÁ?". Isso encontramos nas "CATILINÁRIAS", sendo "esse o nome" sim (página 82 do livro Ao Pedro II, tudo ou nada?) , professora Lourdinha.
Cumpre ressaltar que o Colégio Pedro II, apesar das reformas do Ensino que pregavam "a múltipla escolha", sendo que as provas de Português deveriam adotar tal critério, sempre se posicionou exigindo a redação, o conhecimento da Ortografia e da regência nominal e verbal e um aprendizado voltado também para o Latim.
Não posso me esquivar de trazer à tona que, para fazer uma tradução de um texto latino, era necessário o pleno conhecimento das funções sintáticas. Exemplos: sujeito, objeto direto, objeto indireto, para estabelecer as ligações com a declinação latina. Assim, o nominativo era o caso do sujeito, o acusativo, caso do objeto direto; o objeto indireto iria para o dativo.Prosseguindo, o ablativo era o caso dos adjuntos adverbiais: de tempo, de lugar, etc. Ora, para fazer uma tradução, era necessário agir com inteligência, obrigando-nos a raciocinar, o que era muito importante para a aquisição dos conhecimentos, numa fase de formação de nossas vidas.
Necessário ainda considerar que a ex-aluna Lourdinha, assim como eu, estudou DIREITO. Para o exercício da advocacia ou de áreas afetas, como é o meu caso, deve-se, invariavelmente , ter um prévio conhecimento das expressões latinas que, a cada momento, surgem ao longo de tal estudo, pois temos de conhecê-las bem, para que peças jurídicas possam ser bem fundamentadas em sua elaboração, por conta do exercício profissional. E tais expressões, sabe-se, são inúmeras e frequentes.
Como observações finais, não posso deixar de me contrapor a algumas colocações feitas pela ex-colega de CPII.
Meu pai, o Professor José Pompílio da Hora, dono de uma inigualável e vasta cultura, jamais exibiu "um ar permanente de superioridade" (página 82 do livro citado), como foi subjetiva e equivocadamente apontado pela comentarista. Ele possuía sim o ar de uma pessoa extremamente inteligente que inegavelmente era, mas também era detentor de uma fisionomia que inspirava confiança e admiração pela impressionante simplicidade. Alías, ele mesmo afirmava que, "quando a pessoa tinha realmente cultura, era extremamente simples ". Por isso, "ganhava o coração dos alunos desde os primeiros momentos"(página 155 do livro).
Por fim, para não tornar o texto cansativo, aqui deixo registrado um alerta que ele deu a seus filhos, em nossa adolescência: "não importa o que tirem de nós, ninguém pode tirar a nossa intelectualidade"- DA HORA, JOSÉ POMPÍLIO .
Ana Maria Martins Pompílio da Hora
Sou Ana Maria Martins Pompílio da Hora, ex-aluna do Colégio Pedro II, seções TIJUCA (anos 1977 a 1979) E SÃO CRISTÓVÃO (anos 1980 e 1981), filha dos Professores José Pompilio da Hora (de Latim e de Filosofia) e Níria Martins Pompílio da Hora ( de Português), ambos do Colégio Pedro II.
Meus irmãos, Lorenzo e Nilo César Martins Pompílio da Hora, professores universitários (Faculdade de Direito-UFRJ), são igualmente ex-alunos do CPII.
Há poucos dias, recebi de Lorenzo o exemplar do livro Ao Pedro II, tudo ou nada?, com a observação de terem sido escritos textos em homenagem a nosso pai.
Confesso que passei os olhos de um modo geral no livro e que me ative aos comentários feitos pelo Jornalista e Economista Fernando Quintella e pela Professora primária Lourdes Maria Ventura Bóscoli, que muito me honraram e o último texto, de autoria da mestra Lourdinha, em especial, muito me divertiu, pelo teor sincero, ainda que simplório, pela forma como declinou a sua "pior experiência" com o "impiedoso" Prof. Pompílio da Hora.
Ab initio, revelo não ter a facilidade irretócavel para escrever, do naipe de um Jornalista como o Fernando e muito menos, de uma profissional formada em Letras, Pedagogia e Direito, como a Lourdinha, motivo pelo qual solicito a benevolência e a paciência que somente a cultura e o conhecimento conferem a seus portadores, como se trata desses renomados ex-alunos do CPII.
Caro Fernando, parabéns por ter sobrevivido ao "implacável" Pompílio da Hora, visto que "sobreviver" a ele não era para qualquer um mesmo. Mas você (permita-me a respeitosa intimidade) demonstrou a sua idoneidade moral, cultural e emocional não apenas nas belas palavras constantes de seu texto, mas pela coerência de suas colocações e pelo profissional de comunicação que se tornou, de grande relevância no contexto nacional, conforme "levantei", por força de minha rotina profissional.
Uma única observação merece ser trazida à baila: no concurso público para o Itamaraty, o pai não "ficou" na prova de inglês. A reprovação foi pelo fato de ser negro e não por não ter obtido a aprovação devida nas matérias correspondentes. No caso dele, a prova foi de francês e ele obteve êxito.
A realidade é que o racismo, no Brasil, é um dos piores a nível mundial. É o que chamo de racismo à brasileira, dissimulado, camuflado, diria mais, "não às claras". O(a) racista, aqui, exterioriza a sua mediocridade e covardia através de expressões e palavras pejorativas, por demais negativas e que tentam disfarçar a sua essência pequena e acanhada. E mais: como não tem a coragem explícita de se intitular racista, a frequente utilização de outros adjetivos infelizes se traduz como o recurso que externaliza a sua real intenção que é atingir o negro. E quando o(a) racista ocupa alguma posição de relevo social, faz mal uso de tal poder e comete sucessivas injustiças que não passarão "em branco" não, ao longo da vida. Causa e efeito. Inevitáveis na vida de qualquer um.
Interessante observar, ainda, que os(as) racistas, em sua quase totalidade, revelam-se profissionais sem nenhuma relevância, frustrados, apagados, ocupantes de espaços inexpressivos na sociedade, embora procurem ostentar uma imagem de sucesso existente apenas na mente deles. São sim dignos de piedade, até porque, diria meu pai, são portadores de uma "cultura superficial", verdadeiros engodos sociais.
Mas, retornando ao objetivo deste texto, obrigada mesmo, Fernando, pelas palavras corretas e honestas endereçadas a meu saudoso pai, para mim, brilhante em todos os sentidos.
O mesmo agradecimento é extensivo à Lourdinha, a quem peço vênia para assim chamar. Apenas me sinto na obrigação de tecer algumas considerações, por igualmente ter sido aluna do Colégio Pedro II e ter estudado o tão "temido" Latim, com a obrigação de me sair bem nas provas, afinal, meus pais eram profundos conhecedores da matéria. Simplesmente adorava o estudo da língua latina e, ao longo do meu exercício profissional, incomodei diversos medíocres funcionais com citações em Latim, obrigando-os a estudar, pesquisar, para que entendessem o teor dos documentos oficiais expedidos por mim. Era(É) prazeroso contribuir para o aprimoramento de quem resiste a estudar e/ou se reciclar.
Assim sendo, sem nenhum cunho de crítica negativa ou de passionalidade no comentário a seguir, acho indispensável um certo conhecimento do Latim sim, Lourdinha, pois a língua latina é a língua mater. Português, espanhol, francês e italiano são línguas originadas do Latim.
Outrossim, é cediço que a História é "a mestra da vida", por isso, é necessário algum conhecimento da literatura greco-romana. Saber, por exemplo, quem foi CATILINA, o grande orador Cícero, César, Virgílio, Horácio e outros. Podemos deduzir daí que muitos acontecimentos hodiernos já se verificavam com as mesmas características há séculos atrás. "ATÉ QUANDO CATILINA ABUSARÁS DE NOSSA PACIÊNCIA?" "ATÉ QUANDO ESTE TEU FUROR NOS ENGANARÁ?". Isso encontramos nas "CATILINÁRIAS", sendo "esse o nome" sim (página 82 do livro Ao Pedro II, tudo ou nada?) , professora Lourdinha.
Cumpre ressaltar que o Colégio Pedro II, apesar das reformas do Ensino que pregavam "a múltipla escolha", sendo que as provas de Português deveriam adotar tal critério, sempre se posicionou exigindo a redação, o conhecimento da Ortografia e da regência nominal e verbal e um aprendizado voltado também para o Latim.
Não posso me esquivar de trazer à tona que, para fazer uma tradução de um texto latino, era necessário o pleno conhecimento das funções sintáticas. Exemplos: sujeito, objeto direto, objeto indireto, para estabelecer as ligações com a declinação latina. Assim, o nominativo era o caso do sujeito, o acusativo, caso do objeto direto; o objeto indireto iria para o dativo.Prosseguindo, o ablativo era o caso dos adjuntos adverbiais: de tempo, de lugar, etc. Ora, para fazer uma tradução, era necessário agir com inteligência, obrigando-nos a raciocinar, o que era muito importante para a aquisição dos conhecimentos, numa fase de formação de nossas vidas.
Necessário ainda considerar que a ex-aluna Lourdinha, assim como eu, estudou DIREITO. Para o exercício da advocacia ou de áreas afetas, como é o meu caso, deve-se, invariavelmente , ter um prévio conhecimento das expressões latinas que, a cada momento, surgem ao longo de tal estudo, pois temos de conhecê-las bem, para que peças jurídicas possam ser bem fundamentadas em sua elaboração, por conta do exercício profissional. E tais expressões, sabe-se, são inúmeras e frequentes.
Como observações finais, não posso deixar de me contrapor a algumas colocações feitas pela ex-colega de CPII.
Meu pai, o Professor José Pompílio da Hora, dono de uma inigualável e vasta cultura, jamais exibiu "um ar permanente de superioridade" (página 82 do livro citado), como foi subjetiva e equivocadamente apontado pela comentarista. Ele possuía sim o ar de uma pessoa extremamente inteligente que inegavelmente era, mas também era detentor de uma fisionomia que inspirava confiança e admiração pela impressionante simplicidade. Alías, ele mesmo afirmava que, "quando a pessoa tinha realmente cultura, era extremamente simples ". Por isso, "ganhava o coração dos alunos desde os primeiros momentos"(página 155 do livro).
Por fim, para não tornar o texto cansativo, aqui deixo registrado um alerta que ele deu a seus filhos, em nossa adolescência: "não importa o que tirem de nós, ninguém pode tirar a nossa intelectualidade"- DA HORA, JOSÉ POMPÍLIO .
Ana Maria Martins Pompílio da Hora
SOBRE ANA MARIA MARTINS POMPÍLIO DA HORA.
- Filha de JOSÉ POMPILIO DA HORA e de NÍRIA MARTINS POMPÍLIO DA HORA;
-Irmã de LORENZO E DE NILO CÉSAR MARTINS POMPÍLIO DA HORA;
-Nascida na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1964;
-Formada em DIREITO pela Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ;
-Delegada de Polícia Federal, Classe Especial, atualmente chefiando a Polícia Federal do Aeroporto Santos Dumont-RJ.