Sobreviviendo- Victor Heredia

Há muito queria mostrar alguma canção deste fantástico argentino chamado "Victor Heredia" , amado em toda, ou quase toda a América latina , pois é pouco conhecido no Brasil, em razão do canto tão diferente do que estamos acostumados a ouvir por aqui.

Conheço várias canções dele, com letras de muita força, um verdadeiro poeta, também o considero um músico excepcional, amigo de Mercedes Sosa, Renato Teixeira, Milton Nascimento, Leon Gieco, e essa turma engajada que amadureceu no início dos anos setenta.

Escolhi " Sobreviviendo", uma canção que para mim está no mesmo nível de " Pra não dizer que não falei das flores", do "Geraldo Vandré". - Imaginem o nível !

Ele nos diz; " Enquanto fabricarem armas, eu estarei nestes campos, apenas sobrevivendo".

" Me preguntaran como vivia, me preguntaran

Sobreviviendo dije, sobreviviendo.

Tengo un poema escrito más de mil veces,

En él repito siempre que mientras alguien

proponga muerte sobre esta tierra

y se fabriquen armas para la guerra

yo pisaré estos campos sobreviviendo

todos frente al peligro, sobreviviendo

tristes y errantes hombres, sobreviviendo.

Sobreviviendo...sobreviviendo...

Hace tiempo no rio, como hace tiempo,

y eso que yo reia, como un jilguero

tengo cierta memoria que me lastima,

y no puedo olvidarme lo de Hiroshima,

cuánta tragedia, sobre esta tierra...

hoy que quíero reírme apenas si puedo,

ya no tengo la risa como un jilguero

ni la paz de los pinos del mes de enero

ando por este mundo sobreviviendo

Sobreviviendo...sobreviviendo...

Ya no quiero ser sólo un sobreviviente

Quiero elegir el dia para mi muerte

Tengo la carne joven, roja la sangre

la dentadura buena y mi esperma urgente

quiero la vida de mi cimiente

no quiero ver la vida manifestando

por la paz en el mundo a los animales

Cómo me reiria ese loco día

ellos manifestándose por la vida.

y nosotros apenas sobreviviendo, sobreviviendo

Sobreviviendo...sobreviviendo...

Fica chato ler um texto tão longo , não é ? Para mim, não ! Sempre li, e leio textos e livros de várias dimensões, de vários tomos, de muitos estilos e densidades...desde que eu goste , tudo bem . O tamanho da leitura depende do leitor e não do escritor, é assim que concebo a literatura .

" Eu já não quero ser somente um sobrevivente, quero escolher o dia em que possa morrer". Isto para mim é muito forte , não sei se pensam assim ( ?).

" Ter uma boa dentição e acelerar o sêmem", esta frase que vem logo após ,de ter uma "carne jovem, e um sangue rubro" identifica o que o autor deseja dizer; A coragem e a rápida reprodução, para que os filhos se tornem mais coerentes, e melhores com o mundo, pois a nossa geração não venceu o desafio. Uma frase crua, e de altruísmo .

"Hace tiempo no rio como hace tiempo, y eso que reia como un jilguero", e ao pé da letra ; - "Faz muito tempo que não rio tanto, e olhem que eu ria como um pintassilgo" . Particularmente gosto muito desta frase do Víctor, pois quem já teve um pintassilgo, como eu , na minha infância, sabe a alegria deste pássaro, ele anuncia todas as manhãs, alegrando todo o dia.

Heredia inicia a canção de um jeito diferente, que poucos usam; " Me perguntaram como vivia ..." Isto é interessante, e a seguir ele mesmo responde ; " Sobreviviendo", e esta afirmação cantada, vai marcando os compassos da canção inteira, como justificando-se. - "Olhe, eu não era assim, a vida me transformou...", ( algo assim ), e eu gosto desta confissão, e presto atenção no que me diz .

Há uma frase encantadora, ( ao meu ver), " ...tengo un poema escrito más de mil veces ...". Aqui Victor, deixa claro o seu cansaço mas também a sua perseverança, com o esforço a favor da paz, da natureza e dos animais. Me curvo em reverência, e faço minha as suas preces. Ele fala da bomba atômica em Hiroshima, fala da terra, e dos animais , sempre "pulsando " a verbo conjugado no gerúndio " sobrevivendo"...o verbo da humanidade !

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 11/11/2015
Reeditado em 11/11/2015
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