Sobre um poema de Fernando Pessoa
Análise
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar,
Que ao entreter meus olhos nos teus
Perco-os de vista
E nada fica em meu olhar.
E dista teu corpo do meu ver, tão longemente
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te;
E ao saber-me, sabendo que tu és,
Que só por ter-me consciente de ti
Nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te,
Minto a ilusão da sensação e sonho
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo que te vejo,
Ou sequer que sou
Risonho do interior crepúsculo tristonho,
Em que sinto que sonho, o que me sinto sendo!
(Fernando Pessoa)
Esta poesia de Fernando Pessoa, Análise, requer leitura e releituras, para brotar o sentimento. A releitura é pra que fique gravada e possa ser monologada, sempre que se fizer necessária uma purificação da alma. Nem me permito falar do fecho da poesia - em que sinto que sonho o que me sinto sendo! - expressão viva da literatura, bastando-se em seu metafisicismo; de interpretação difícil, procuro estudá-la em seu sentido. Dei-lhe disposição ao meu gosto, sem falsear uma palavra. Ainda não consegui entender algumas expressões! Entra nesta edição, não que se a queira antologia, apenas colaborando à divulgação no círculo restrito familiar. Curiosamente, Pessoa fez um slogan para a Coca Cola - Primeiro estranha-se. Depois entranha-se.
Deu a maior confusão e o Ministério da Saúde de Portugal mandou apreender os estoques por conterem estupefacientes!