Poesia de
Joaquim Osório Duque Estrada


Este espaço eu estou usando para falar da obra de grandes escritores, como forma de homenageá-los e analisar suas obras. Resolvi então dedicar meu tempo a eles colaborando com a análise e falar um pouco dos momentos de reflexão do autor e de suas poesias.
Em fim, hoje eu quero passar uma destas obras aos meus leitores e o homenageado agora é o escritor e poeta Joaquim Osório Duque Estrada.

 
Ninho Azul
O nome da habitante... é um pecado dizê-lo:
A luz do seu olhar, o ouro do seu cabelo
Não têm rivais nos sóis nem nas manhãs serenas
E claras: é uma flor entre outras mais pequenas...
Quando ela sai de casa, um instante, a passeio,
Se deixa, descuidosa, o tesouro do seio
Fugir da renda, em toda a extensão da alameda
Erra um perfume quente e sensual que embebeda...
Acende-se o vergel ao seu encanto, como
À onda clara de luz um verdejante pomo;
E no alto da montanha, e por todo o valado,
Embaixo, em cima, o sol, mais quente e mais dourado
Rutila. Enche-lhe a veste o olor das brancas pomas...
Se pisa a alfombra, no ar uma oblata de aromas
Se eleva; e as flores vão beijar-lhe os flancos, uma
Por uma, e o róseo pé feito de jaspe e espuma...
Guarda na fina pele, em ondas voluptuosas,
A neve dos jasmins e a púrpura das rosas;
E da ânsia e do prazer toda a volúpia louca
Eletriza-lhe o seio e esbraseia-lhe a boca.
Se o vento rodomoinha em torno, ou, brisa terna,
Quer descobrir-lhe o pé e acariciar-lhe a perna,
Ou, com a fúria brutal de um desvairado amante,
Cobiçoso, se afoita a caminhar por diante,
Bebendo da alva pele o aroma capitoso
Naquele céu de carne onde lateja o gozo,
A alva do seu roupão busca logo escondê-la
Como uma nebulosa ocultando uma estrela.




Poema integrante da série Primeira Parte: Flora de Maio.
 
Não da pra se dizer que as fazes colocadas em versos seja uma experiência vivida pelo autor ou por alguém na narrativa do autor. Podemos analisar que o personagem citado em verso e prosa vivencia um tórrido romance de época, bastante envolvente e volupioso. A magnitude do poema torna intensa a leitura o que para época eletrizaria qualquer leitor neste modesto poema de Duque Estrada. Provando que mesmo os grande poetas descreviam bem qualquer assunto.

Para quem não sabe Duque Estrada é pouco conhecido no Brasil por suas grandes poesias, mas seu maior trabalho foi à letra do nosso Hino nacional. Que antes também foi um de seus poemas depois reconhecido por decreto na gestão do então presidente Epitáfio Pessoa como hino do Brasil com a musica de Francisco Manuel da Silva tornando-se também um dos Símbolos Nacionais em 6 de Setembro de 1922. Duque Estrada Nasceu em 29 de Abril de 1870 e faleceu em 5 de Janeiro de 1927. Foi membro da Academia Brasileira de Letras. Dentre seus maiores trabalhos estão os livros de poesias “Aévolos” ”Flora de Maio” e “A Arte de Fazer Versos”.

 
Altair Feltz
Enviado por Altair Feltz em 10/08/2015
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