Brasileiros endividados

Na data de 25 de julho, encontrei na seção Opinião deste jornal um artigo sobre o endividamento de brasileiros, famílias brasileiras endividadas e a crise econômica, destacando números e percentuais em capitais brasileiras, baseados em pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, a FecomércioSP, e o estudo denominado Radiografia do crédito das famílias nas capitais brasileiras (2010 e 2011).

Buscando o citado relatório, pude observar que a situação não é tão calamitosa quanto parece. As pesquisas estão baseadas em macrodados obtidos por terceiros e não representam o brasileiro como consumidor individual e sim como grupos familiares. Como também não determina o período da dívida, o tamanho da dívida e a que se referem as dívidas. Apenas se baseia em comprometimento de renda familiar.

Tal trabalho foi elaborado por uma instituição que representa basicamente o grupo de comerciantes do Estado de São Paulo e suas expectativas quanto ao futuro dos créditos e financiamentos na aquisição de seus produtos e serviços, por seus potenciais consumidores. Toda pesquisa é tendenciosa aos seus objetivos, que aqui procura descobrir o perfil de seus clientes e o quanto dos seus gastos, suas dívidas em bens de consumo é direcionado, partilhado, dividido como sistema financeiro. Provavelmente deverão em outro momento sensibilizar a sociedade consumidora, a perceber o quanto gastaram em encargos financeiros, ou seja, em 2011, bilhões deixaram de ser contabilizados pelo comércio, sendo contabilizados pelos bancos e financeiras.

A pesquisa levantou um grande volume de informações que destas foram selecionadas aquelas consideradas mais relevantes, para fornecer uma visão dos fatos que ocorreram entre dois anos. No ano de 2010, com acesso ao crédito e no ano de 2011, que iniciou com ações restritivas aos empréstimos, principalmente para as pessoas físicas.

Muitas são as possibilidades de um comprometimento de renda familiar. O comprometimento da renda de uma família pode estar relacionado com o custeio de uma universidade, seja dos filhos ou dos provedores. Com o financiamento da casa própria, com a aquisição de bens duráveis. Comprometimento com aquisição de remédios de uso contínuo, necessidades de exames periódicos e otineiros ou dietas específicas. Um socorro financeiro de um parente ou amigo desempregado ou atrapalhado com as contas. Até mesmo uma ajuda no reestabelecimento de saúde, de um componente da família, de um parente, até que este possa novamente reingressar no mercado de trabalho.

Seria preciso uma análise mais profunda da pesquisa para entender sobre as dívidas e comprometimento de renda, de cada família. A mensalidade de um plano de saúde pode ser um comprometimento de renda visando não adquirir uma dívida em uma situação emergencial. Já nascemos com dívida, visto que um casal que pretenda ter um filho poderá ou terá que antecipadamente adquirir um plano de saúde, cumprir as carências para então se beneficiar da assistência médica e hospitalar, na condição de parturiente. Um estudante que ingresse hoje na universidade particular e faça opção pelo credito educacional já estará se endividando para um tempo futuro, depois de formado e depois de empregado.

Vivemos hoje uma nova revolução industrial e o consumo vem se popularizando e intelectualizando com produtos desta nova revolução, com sistemas de C&T e P&D, um momento que pode-se chamar de economia do conhecimento. Portanto razões e motivos não faltam para justificar um comprometimento de renda familiar.

Roberto Cardoso Produtor Cultural e Ativista Cultural | Reiki Master & Karuna Reiki Master

Texto publicado em 06/ago/2012

Jornal de Hoje

Natal/RN

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 18/07/2015
Reeditado em 21/07/2015
Código do texto: T5314928
Classificação de conteúdo: seguro