Educando para a argumentação: contribuições para o ensino da lógica
Por Andrea Paiva
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Segue o resumo do primeiro capítulo da obra "Educando para a argumentação: contribuições do ensino da lógica" de Patrícia Del Nero Velasco. Neste capítulo, a autora discorre sobre o tema Lógica com o objetivo de elucidar o que é e do que trata a disciplina de Lógica.
O que é Lógica e do que trata?
Segundo COPI (1978, p.19 apud VELASCO, 2010, p. 15), “para compreender o que é, de fato, lógica, uma pessoa tem que estudá-la”. O que revela, portanto, a dificuldade que é a apresentação conceitual do termo. No entanto, no primeiro capítulo, VELASCO busca situar o leitor no universo da Lógica para que este não espere até o término do livro para, só então, entendê-la.
Importante se faz ressaltar que, embora houvesse observações a respeito de manifestações de atividades lógicas anteriores a Aristóteles, este é considerado como sendo o “pai da lógica”. Aristóteles representa a ação pioneira de “sistematizar os processos argumentativos em uma disciplina específica, denominada, posteriormente, Lógica.” (VELASCO, 2010, p. 16).
O objetivo de Aristóteles com tal disciplina era a sistematização do pensamento que possibilitasse regras precisas propiciando a obtenção de verdades apoiadas na pressuposição de outras verdades, permitindo, portanto, analisar ou demonstrar tais verdades.
Importante se faz ressaltar que, embora houvesse observações a respeito de manifestações de atividades lógicas anteriores a Aristóteles, este é considerado como sendo o “pai da lógica”. Aristóteles representa a ação pioneira de “sistematizar os processos argumentativos em uma disciplina específica, denominada, posteriormente, Lógica.” (VELASCO, 2010, p. 16).
O objetivo de Aristóteles com tal disciplina era a sistematização do pensamento que possibilitasse regras precisas propiciando a obtenção de verdades apoiadas na pressuposição de outras verdades, permitindo, portanto, analisar ou demonstrar tais verdades.
Nesse sentido, a Lógica foi concebida por Aristóteles como um instrumento de análise ou resolução, por meio do qual determinadas ideias eram fundamentadas (e justificadas) com base em outras. Da suposta verdade de determinados enunciados era possível, com base na lógica aristotélica, extrair a verdade de um outro enunciado. Este, uma consequência necessária daqueles. (VELASCO, 2010, p. 16 – 17).
Percebe-se, neste caso, que a Lógica aristotélica alcançava verdades necessárias a partir de supostas verdades. Dessa forma, segundo a autora, o filósofo grego introduz uma particularidade fundamental do pensamento lógico “a prescrição de regras de raciocínio que independem do conteúdo expresso nos enunciados”. (VELASCO, 2010, p. 17). Ou seja, um argumento pode ser considerado válido (ou verdadeiro) do ponto de vista lógico, mas apresentar sentenças falsas numa perspectiva epistemológica, religiosa, etc.
Apesar de o filósofo introduzir a distinção entre a forma e a significação do argumento, segundo ele, não basta apenas considerarmos a ciência a partir de sua coerência interna, faz-se necessário também pensarmos sob a ótica da validade dos enunciados.
A Lógica para Aristóteles apresenta-se como um instrumento indispensável ao conhecimento verdadeiro. No entanto, embora ofereça corretas regras de argumentação, não garante o acesso às verdades. Tal acesso depende igualmente da observação e da experimentação.
Etimologicamente, o termo “lógica” vem do grego logos, que significa “pensamento”, “razão”, “raciocínio”, assim como “linguagem” e “discurso articulado”.
Nesse sentido, designa tanto uma atividade reflexiva quanto uma atividade discursiva. Para os gregos antigos, o pensamento podia ser efetuado de forma linguística: o pensamento é a articulação de um discurso, ainda que tal discurso não seja dito em voz alta ou escrito em alguma linguagem específica. (VELASCO, 2010, p. 18).
No entanto, a autora ressalta que não se pode cometer o equívoco de considerar a Lógica como sendo o estudo da linguagem ou do pensamento. Cabe à Psicologia o estudo do pensamento, e à Linguística o estudo da linguagem. Embora a Lógica trate do pensamento e da linguagem, “não o faz em sua totalidade, ou seja, não estuda tudo aquilo que o termo ‘pensamento’ engloba, assim como não se dedica a tudo aquilo que o termo ‘linguagem’ diz respeito”. (VELASCO, 2010, p. 18).
Neste caso, quanto ao pensamento, podemos afirmar que a Lógica se dedica aos princípios e métodos do raciocínio. E, no que se refere à linguagem, é possível afirmar que a Lógica estuda os argumentos articulados entre as sentenças de determinada língua. “Dessa forma, a Lógica tem por objeto as inferências e os argumentos”. (VELASCO, 2010, p. 18, negrito da autora).
Quando as pessoas raciocinam, fazem inferências. Essas inferências podem transformar-se em argumentos, e as técnicas da Lógica podem então ser aplicadas aos argumentos resultantes. É desse modo que se avaliam as inferências a partir das quais os argumentos se originaram. (WESLEY SALMON, 2002, p. 1 apud VELASCO, 2010, p. 18).
Os objetos de estudo da Lógica são, portanto, os processos ou regras de inferência, assim como os argumentos. Isso indica a relevância de conhecermos tais termos que, pela autora, são tratados nos capítulos II e III.
BIBLIOGRAFIA
VELASCO, Patrícia Del Nero. Educando para a argumentação: contribuições do ensino da lógica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010 – (Coleção Ensino de Filosofia, 3); Cap. I, pg. 15 - 19.