O MENINO BONZINHO EM UM DOMINGO DE PRIMEVERA
O MENINO BONZINHO
EM UM DOMINGO DE PRIMAVERA.
Tom Maior
CHEGADA DA PRIMAVERA
A primavera chegou e tudo ficou muito belo!
0 menino bonzinho acordou bem cedo, no domingo.
Após tomar um delicioso café da manhã..., saiu pelo jardim.
Logo na primeira roseira do lindo jardim, avistou um lindo pássaro azul, que cantava bem alto, então pensou:
-“Ele deve estar querendo acordar a Deus, mas será que Deus também dorme?”
Quando chegou bem pertinho da roseira, o lindo pássaro azul parou de cantar e ficou olhando para ele...
Então o menino bonzinho disse:
-Bom dia lindo pássaro! E bom dia para senhora também, dona Roseira!
Foi então que percebeu, que o pezinho direito do passarinho estava preso no galho da dona roseira:
-Pobre passarinho!
-Muito obrigado menino bonzinho, você está sendo muito gentil!
- Pode ficar tranqüilo! O seu pezinho está preso no galho de dona Roseira! Calma que eu vou libertá-lo...
E o lindo pássaro azul agradeceu seu novo amigo, e saiu voando baixinho... Foi então que o menino bonzinho percebeu que dona Roseira não havia ficado muito satisfeita...
Cruzando seus galinhos como se fossem dois braços, fechou um pouco mais suas pétalas, com ar meio zangado. O menino bonzinho perguntou-lhe:
-Como é dona Roseira, está gostando da chegada da primavera?
-Yés! Of the spring, yés! (sim, da primavera, sim), pois da primavera as flores gostam, mas da sua chegada eu não gostei muito.
-Mas pôr que dona roseira? Se eu sempre fui tão amável com as flores e vivo cuidando da senhora?
-Sabe o que é Menino Bonzinho; é que já fazia tanto tempo que nenhum passarinho vinha me cheirar, e quando aquele lindo pássaro azul resolveu vir sentir meu perfume, logo pela manhã, você aparece para espantá-lo.
-Ora dona Roseira! Não fique assim, pois eu não o espantei, vi que ele estava preso em seus braços e eu o libertei!
-Libertou não! Você o tirou de mim, pois eu não estava prendendo o lindo pássaro, só o estava segurando, para que o vento não o carregasse.
-Olhe em volta, dona Roseira, não está ventando.
-Eu sei que não, ainda não começou Menino Bonzinho, mas em breve irá começar uma grandiosa ventania, é o que diz a meteorologia do jornal do jardim.
-Dona Roseira, a senhora leu a notícia do outono, esta ventania já passou e todas as folhas e pétalas que ela levou já foram substituídas.
Nossa, dona Roseira! Como a senhora está bonita e cheirosa! Sua beleza e seu esplendor são incontestáveis. Gostaria de pedir permissão para colher algumas de suas rosas, e levá-las para casa, para enfeitar e perfumar nosso lar.
-Está bem Menino Bonzinho, você me convenceu!
-Sabe dona Roseira; nesta época de primavera, as flores parecem mais brilhantes, atraem as borboletas, abelhas, os beija-flores, e quando eu as levo para casa; todos vão nos visitar.
-Pode colher as rosas que me pediu, mas cuidado com os botões, pois ainda são bebes, sem contar, que eu também tenho sentimentos, também sinto dor quando os arrancam de mim brutalmente. Áh! Mas quando me sinto acariciada como agora, estou feliz! Me sinto tão especial; você é um representante de Deus valorizando a minha existência!
-Obrigado pelas rosas dona Roseira! E não se preocupe quanto aos passarinhos, pois o que os deixou ausentes foi o frio do inverno, mas já chegou a primavera, e eles retornaram aos montes. Breve faltará braços na senhora para abrigar a todos.
-Como é bom saber disso! Você é muito bem informado, mas será que poderia me trazer um pouco de água para mim?
-É claro dona Roseira! Será um prazer. Vou trazer um regador de água fresquinha, e regar também as outras flores do jardim. Volto em alguns minutos.
-Ok! Vou aguardar, bay, bay! (Tchau, tchau!)
Estava o menino bonzinho, em direção de sua casa, com aquelas lindas rosas na mão, e ao entrar logo viu sua mamãe, adivinha só o que ela estava fazendo? Ela estava a regar as folhagens...
-Mamãe!!! Deixa-me regar as flores do jardim?
-Claro que sim filho, vou terminar em cinco minutos, assim você pode pegar o regador, e molhar as flores do nosso maravilhoso jardim.
-A dona roseira está com sede. Ela deu-me estas rosas perfumadas, para perfumar e embelezar a nossa casa.
-Ótimo! São realmente lindas! Seu pai também vai gostar, coloque-as num vaso com água.
Áh! Meu menino bondoso... Aproveite que vai regar as flores, colha algumas orquídeas para seu pai, e umas dálias para mim. Chegue cedo para o almoço, sua avó Florlinda virá nos visitar, e certamente vai lhe contar uma daquelas historinhas que você adora ouvir.
-É mesmo mamãe! Que bom, estou cheio de saudades da vovó, trarei flores pra ela também. Qual será a flor que ela gostaria de ganhar?
-Que tal a Flor de Elegante? Ela ficará emocionada; pois esta é a flor que ela mais adora, a que tem significado mais profundo.
-Mas, mamãe? Onde encontro a Flor de Elegante?
-A Flor de Elegante nasce entre as pedras, e seu perfume é tão precioso, que dá para sentir a uns 100 metros de distância. Pergunte ao seu amigo Barreirinho...
O menino bonzinho saiu de casa muito alegre, rumo ao jardim, conversando consigo mesmo, em voz alta;
-“Vovó virá nos visitar e talvez vá me contar a historinha da menina boazinha, que entendia os sentimentos dos animais, e que, pôr ser boa, todos os bichinhos eram seus amiguinhos”.
O menino bonzinho precisa encontrar a Flor de Elegante, ele não sabe explicar com palavras, mas se um dia as pessoas sentissem o que ele sente, quando vai regar as plantas e flores, todas poderiam entender:
-Amiguinhos - diz ele olhando alguns marimbondos mirins -, a vida é muito valiosa, ainda que seja somente para regar uma flor. Essas experiências deveriam ser vividas pôr todos os seres humanos e teríamos um mundo diferente.
No caminho, o menino bonzinho encontrou um amiguinho pequenininho, mas que voa velozmente, ele é delicado... Ele é capaz de bater as asas 90 vezes em apenas um segundo.
-Olá , meigo beija-flor!? Como vai? Tudo bom?
-Vou bem amiguinho bonzinho, é bom vê-lo novamente, o dia está perfeito para um bom passeio. E você, como vai?
-Também vou bem, vim trazer água para as flores, elas sentem sede nem sempre o orvalho é suficiente e precisam de carinho, além da seiva que retiram da terra.
-Posso ir também?- Pergunta eufórico o meigo beija flor.
-Claro! Venha; assim você me faz companhia. Vamos, que quero lhe apresentar a Dona Roseira, ela veio dos E.U.A. (Estados Unidos da América), quando ainda era jovem e se comunica um pouco na língua portuguesa e um pouco na língua pátria dela que é a inglesa, e às vezes mistura as duas fazendo uma “salada”...
-Boa notícia, eu adora fazer novas amizades, principalmente quando se trata de flores! Mas uma roseira internacional eu ainda não tive a oportunidade de conhecer... É uma oportunidade imperdível. Será que ela tem o mesmo perfume das roseiras nacionais?
-Eu acho que sim. - Respondeu o menino bonzinho coçando a cabeça meio intrigado -, Olha meigo beija-flor!? Ali está ela! É linda! Não é mesmo?
-Puxa, se é! E que perfume gostoso!!!
Ao aproximarem-se o menino bonzinho fala:
-Áh! Dona Roseira? Eu trouxe um amiguinho, ele está ansioso
para conhecê-la. Este é o meigo beija-flor.
-Olá, dona roseira!
-Hello! How you? (Alô! Como vai você?)
-Eu vou bem. Vim em companhia do meu bondoso amiguinho. Ele trouxe água fresquinha da fonte.
E dona roseira recebeu uma chuvarada de água potável, cristalina.
-Yés! Yés! Sim! Sim! Regue-me! Regue-me! Thank you, very much! (obrigado, muito obrigado!) Io Love You God Boy (Eu amo você, menino bonzinho). Sempre que sentir saudades, volte. Eu estarei no mesmo lugar. Já espalhei minhas raízes pôr aqui onde darei continuidade a minha genealogia. Esta terra agora é o meu lar.
-Está certo, eu voltarei em breve.
-Good Bay, menino bonzinho.
-Até lá dona roseira, tchau.
-Adeus para você também, Meigo beija-flor!
-Adeus dona roseira! Qualquer dia eu venho visitá-la novamente, foi realmente um prazer conhecê-la.
Então o menino bonzinho e seu companheiro meigo beija-flor, seguiram, um andando e o outro voando e logo no caminho, encontraram outra amiga...
-Olá, bom dia jovem bonzinho, você parece bem?
-É verdade, estou bem obrigado, minha vovó vem me visitar hoje. E a senhora; como vai dona Dália?
-Bem. Senti saudades menino bonzinho, enviei-lhe ontem, pela manhã meu perfume, mas você ainda estava dormindo. Escutei sua mãe lhe acordando.
-Sim, a senhora tem razão, mas eu senti seu perfume, sonhei que passeava entre as flores mais lindas da terra. E a senhora estava lá, sorrindo.
-E o que mais?
-Bem.
-Conta logo! Você sabe como sou curiosa.
-Aconteceu; que de repente a terra começou a se abrir, e a senhora estava caindo num buraco.
-Não, que horrível!
-Mas eu cheguei a tempo de salvá-la!
-Há! Você me deu um grande susto!
-Fique tranquila dona Dália Genial, foi apenas um sonho.
-Mesmo assim, por pura precaução, vou me enraizar mais, pois se pôr acaso o seu sonho virar realidade, eu estarei mais segura e não terei nenhum pesadelo. Mas, quem é esse meigo beija-flor, que está me cheirando desde que chegou?
-Oh sim, desculpe-me não tê-lo apresentado, é que eu estava distraído admirando-a . Este é o Meigo beija-flor, pôr quem eu tenho grande estima.
-É seu amigo?
-Sim. Pequeno no porte, mas grande em valor.
-Se é amigo seu deve ser um bom passarinho, pois você escolhe bem as suas amizades. É um prazer conhecê-lo, chamo-me Dália Genial. Pára os íntimos, Dadá.
-O prazer é todo meu, eu já a conhecia pelo cheiro.
-E os outros beija-flores? Já me conhecem?
-Sim, és famosa no mundo inteiro.
-Dona Dália, o meu amiguinho Meigo Beija Flor é um excelente poeta. A senhora quer escutar uma poesia dele?
-Sim! É claro! Eu adoro poesias, parece que adivinharam, estou pronta. Sou toda ouvidos, recite, por favor.
-Escute com carinho a voz desse passarinho em louvores que vive fazendo ninho no coração das boas flores:
“Foi Deus quem criou as flores, para o bem,
dando-lhes o perfume que elas contém.
E dos confins do universo pintou as pétalas
numa linda explosão de milhões de cores.
E fez a nós beija-flores seus eternos adoradores”.
Então Dália Genial não resistiu, chorou lágrimas perfumadas, feito uma Dália infantil...
O menino Bonzinho perguntou, secando suas lágrimas cheirosas:
-Ora, dona Dália Genial, porque está chorando assim?
-É que tenho sensibilidade a flor da pétalas, na minha emoção, é difícil conter a felicidade que flui do meu coração. Eu já sou vidrada em poesias, ainda mais sendo de um beija-flor tão meigo. Ele é um poeta que deixa a floresta encantada.
-Quero lhe pedir umas Dálias, para minha mãe, porém, gostaria de colher Dálias sorridentes.
-Espere-me secar as lágrimas, e então colha as mais belas dálias que encontrar. E muito obrigado pôr virem me visitar e também pôr ter me apresentado para este meigo beija-flor, ele me emocionou muito.
-Dona dália, como suas lágrimas são cheirosas! - dizia o Meigo Beija-flor beijando as flores da charmosa Dália -, Quando eu passar pôr aqui outra vez, virei fazer-lhe uma longa visita.
-Ficamos combinados assim. Vou esperar pôr sua visita. Bom domingo para vocês, e muito obrigado pela água e pela poesia.
Após se despedirem de dona Dália, o menino Bonzinho e o Meigo beija-flor seguiram, levando consigo o regador e as flores num cesto, e nosso amiguinho beija-flor voando baixo, perto do ombro do menino Bonzinho, disse:
-Eu desejo viver bastante, para conhecer as diversas flores existentes, sentir muitos perfumes e conhecer beija-flores e outros pássaros diferentes. E você amigo Bonzinho? Também deseja conhecer muitos seres humanos? Muitos frutos e muitas galáxias que existem no cosmo?
-Sim, desejo conhecer tudo, até as galáxias do universo, mas principalmente o planeta Terra e as espécies que aqui vivem, incluindo os meus semelhantes e as tantas espécies de beija-flores...
-Veja! É uma lesma. Como ela é vagarosa!
-É mesmo. - Concorda o menino Bonzinho. -, Imagine se ela andasse em linha reta pôr uma semana, errasse o caminho, ela levaria uma semana para retornar ao ponto de partida. Ela poderia ser considerada o cúmulo da paciência e da perseverança.
-E da lerdeza também. - Concluiu o meigo Beija-flor.
-Mas ai teria que ser uma corrida delas em câmera lenta.
-Áh! Ah!! Ha!! Ha!!!
-Eles ficaram rindo e rindo sem parar e o beija flor quase bateu suas asas na cabeça do menino.
Então se aproximaram da dona Orquídea que ainda estava dormindo e surpreenderam-na com um delicioso banho...
-Oba! Oba! Água revitalizante! Fresquinha! Cristalina! Sem cloro! Como eu gosto de água. Oba! Eu deveria ter nascido um peixe para poder viver na água.
-Mas se tivesse nascido um peixe não terias este perfume delicioso. Agora que você já se refrescou, poderia me dar umas orquídeas?
-Ora menino Bonzinho, depois desses elogios tão agradáveis e desta água refrescante, seria mesmo impossível negar-lhe alguma coisa. Pode colher quantas quiseres, desde que sejam as orquídeas alegres, sorridente.
Após colher cuidadosamente as lindas orquídeas, colocando-as na cesta:
-Muito obrigado querida Orquídea! Adoraria ficar mais, mas temos que continuar, pois ainda vou regar outras flores. Além do mais, tenho que encontrar a Flor de Elegante para dignificar a existência de minha Vovó Florlinda. Ela já é bem idosa, tem cabelos alvinhos, mas gosta de tudo o que é precioso e belo.
-Ela tem bom gosto. - Dona Orquídea fala com ares de humildade...
-Até qualquer dia dona Orquídea. - Se despede bonzinho acariciando suas folhas.
-Tchau! Você é muito bonzinho. E até qualquer dia meigo beija-flor.
-Até qualquer dia do futuro. Madame Orquídea, a senhora está no auge de sua beleza e sabedoria, aproveite-a e seja muito feliz.
Nossos amiguinhos seguiram em frente, deixando nossa belíssima Orquídea em companhia de muito ar puro... Espere! O que será que os fez parar? Vamos nos aproximar para podermos observar melhor.
-Nossa! São os marimbondos vermelhos, amigo Bonzinho! Estão furiosos, porque será que eles estão tão bravos?
-Aquelas crianças devem tê-los provocado, atirando pedras com seus estilingues em sua cachopa.
-Meu querido amiguinho Bonzinho, não é com todas as crianças que eu posso brincar, muitas delas quando me vêem, pensam logo em me pegar na mão, elas não sabem, mas eu sou tão delicado, que ao me segurarem, podem me machucar. É pôr isso que você é muito importante para mim, você me compreende e eu adoro você.
-Imagine, você é que é maravilhoso!
-Gostaria de poder ficar mais tempo contigo, mas vou ter que me despedir agora. Qualquer dia desses nós nos encontraremos novamente, foi proveitoso compartilharmos parte dessa manhã de Domingo de primavera, Tchau amiguinho!
-Até breve Meigo Beija-flor! Não voe muito alto e não passe dos oitenta quilômetros pôr hora.
-Obrigado por se preocupar com minha segurança, mas ninguém voa rápido e alto demais se voa com as próprias asas...
Logo o beija flor desapareceu no límpido céu azul.
Em seguida o menino Bonzinho chegou na colmeia das Abelhinhas da esperança. Muitas delas chegaram juntas com ele, isto é, elas se aglomeravam sobre as flores na cesta que ele carregava no braço esquerdo e algumas bebiam água no regador que ele carregava no braço direito. Ele cumprimenta, educadamente e com voz tranquila, a abelha da guarda real:
-Como vão abelhinhas da esperança?
-Nós estamos bem, e como podes ver, estamos trabalhando pôr uma causa pública. Queremos tornar o mundo mais doce, mais organizado. Mas a nossa abelha rainha está passando pôr momentos delicados, ultimamente ela anda soluçando sem parar, e não temos um método de cessar o soluço.
-Não será o Zangão a causa do soluço? - perguntou Bonzinho.
-Não! Creio que não! Eles vivem em intensa lua de mel, são eternos namorados. Diferentemente do reino humano, no nosso reino a função primordial do Zangão é procriar.
-Então é fácil cessar o soluço.
-Fácil?!!
-Sim. É só dar-lhe um susto e o soluço passará já.
-Nós já havíamos pensado nisso, mas não podemos assustá-la.
-Ora, mas um sustinho de nada, de vez em quando não faz mal a ninguém.
-É que ela tem um coração muito sensível, pode ter taquicardia e morrer de susto e uma colmeia inteira, órfã de sua Abelha Rainha é muito triste.
-Existe outra alternativa que também costuma dar certo:
-E qual é?
-Diga a ela para tomar três gotas de água seguidas, sem respirar.
-Esperamos que dê certo, ela está com fome e não pode comer. Vou designar alguém para falar com ela. Obrigado menino Bonzinho.
-De nada, é um prazer poder servir.
O menino Bonzinho continuava sua caminhada tranquilamente, quando de repente, um pássaro passou voando rápido e o cumprimentou...
-Olá Bonzinho?
-Olá pombo branco da paz?
-Estou atrasado para a festa do ano internacional da paz. Não posso descer para apertar a sua mão, mas amanhã eu irei bem cedo na sua casa para te contar as últimas.
-Está bem, ficamos combinados assim. Boa festa para você!
E assim, o pombo branco da paz se foi em paz, pois foi eleito o representante da paz mundial pôr não ter seu corpo sem fel, ele possui esta natureza pura, e a sua cor branca simboliza a união de todas as cores. Combinação perfeita!
Ah alguns poucos passos dali, Bonzinho se dirigiu até uma casinha de barro que se encontrava em cima de um poste de luz. Pois ali mora um pássaro muito inteligente, ele é o arquiteto da floresta e aproveita a iluminação pública quando tem que trabalhar até mais tarde.
-Barreirinho. Barreirinho de fé!? Você está me ouvindo?
-Sim!!! - Ele respondeu meio sussurrando e fazendo psiu com a pena indicadora no bico e desceu rápido até onde estava o Bonzinho.
-O que está acontecendo? - Perguntou o menino Bonzinho meio apreensivo.
-Está tudo bem. - Falou ele com normalidade - Estou com visitas.
-Está com a casa cheia?
-Lotada! Não cabe nem mais uma pena lá dentro. São os meus parentes que vieram passar um final de semana. Eles chegaram ontem pela manhã e como era sábado e ninguém tinha compromisso hoje cedo, ficamos de prosa até bem tarde, e a maioria da passarinhada está roncando, e não quero que o sono deles seja interrompido. Você já é conhecedor do humor da minha Joanabarra, quando ela é acordada fora de hora.
-Ora se conheço! Virei conhecer seus parentes no final da tarde, quando todos estiverem bem acordados. Agora preciso de uma informação sua com certa urgência.
-Pode falar menino Bonzinho; em que posso lhe ser útil?
-Você poderia informar-me, onde encontro a flor de Elegante?
-Bem, vejamos, a bela flor é a vitória régia, que nasce no Amazonas.; a formosa é a tulipa negra, e a elegância em flor, a Flor de Elegante, nasce e cresce entre as pedras do morrinho branco.
-Morrinho Branco? E onde fica o morrinho branco?
-Bem; esta já é outra informação, quem pode lhe fornecer, são as borboletas da liberdade.
-Será que encontrarei as borboletas da liberdade em casa? Justamente hoje, elas estão dando abertura na semana da amizade e costumam madrugar neste dia, vou me apressar. Obrigado Barreirinho de Fé!
-Se precisar de alguma coisa; Voe até lá em casa. Tchau!
-Está bem! Bom Domingo, menino Bonzinho!
O menino Bonzinho seguiu seu caminho, muito apressado, uma cigarra Zem que voava ali o notou, e o interpelou:
-Zi zi, zi, zi, zi zimm? (Jovem Bonzinho, onde vais, com tanta pressa?
-Estou indo até a residência das Borboletas da Liberdade.
-Zi, zi, zimm, zi... Zi! Zi, zimm, zizemzi. (Há! Eu passei pôr lá, elas estavam se aprontando para irem dar abertura na semana da amizade. Eu vou voltar pelo atalho e pedir que elas lhe esperem).
-Será um grande favor, cigarra Zem. Agradeço antecipadamente.
E foi graças a cigarra Zem, que menino Bonzinho chegou a tempo de encontrar as borboletas da liberdade em casa.
-Olá borboletas da liberdade?
-Oi jovem Bonzinho? A que devemos a honra da vossa visita?
-Estive nas proximidades da casa do Barreirinho de Fé, e lhe perguntei, onde encontrar a Flor de Elegante? Ele me respondeu que vocês poderiam me conduzir até lá, e é pôr isso que eu estou aqui.
-Sim, é verdade, nos sabemos o local onde ela se encontra, vou providenciar uma comitiva para levá-lo até lá, mas porque você quer saber sobre a Flor de Elegante?
-Quero ofertá-la à minha vovó florlinda, que virá visitar a nossa família, hoje, para o almoço dominical.
-Certo, parece uma causa nobre. Aguarde um momento, por favor.
A comitiva das borboletas é organizada e a líder se dirige à ele:
-Você vai ter que conseguir um favo de mel para levar para o Ursanto.
-Quem é o Ursanto?
-O que, você não conhece o Ursanto? Em que mundo você vive, hein?
-Não! Não conheço e vivo no mesmo mundo de vocês. Vocês conhecem a vovó Florlinda?
-Não.
-Então estamos empate.
-Bem, eu vou falar do Ursanto e você me fala da vovó Florlinda no caminho, está bem?
-Combinado. - Disse Bonzinho.
-O Ursanto é o ursinho encarregado de cuidar da Flor de Elegante para que ninguém a maltrate.
-Está bem. Eu já sei onde encontrar o mel, estarei de volta em seguida. Vou até a colmeia das abelhinhas da esperança.
O menino Bonzinho deixou o regador com água e a cesta de flores e saiu correndo rapidamente em direção a colméia das abelhinhas da esperança, chegou lá gritando...
-Abelhinhas da Esperança! Abelhinhas da Esperança!
-O que foi, incêndio? - Perguntou a abelha chefe da guarda.
-Preciso muito de vocês! Desculpem-me! É que eu preciso de um favo de mel para dar ao Ursanto, para que ele me permita colher umas Flores de Elegante.
-Zum, zum, zum (Aguarde um momento - diz a abelha chefe da guarda em tom burocrático -, eu vou falar com o porta voz da colmeia para ver se ele pode expor o seu caso a Nossa Alteza, que é a Abelha Rainha).
Enquanto isso, lá dentro da colmeia. Aproximou-se a abelhinha porta voz fazendo uma reverência:
-Dá licença, Vossa Alteza Real? Tem um jovem da família dos bonzinhos, pedindo um favo de mel para dar ao Ursanto.
-Acaso foi ele quem me assustou? - Pergunta a Abelha Rainha sem soluçar.
-Bem, Alteza, ele chegou aos gritos aqui na colméia. Vossa Magestade assustou-se com algum grito?
-Sim! E meu soluço findou! Em reconhecimento pelo feito, autorize que as amáveis operárias dêem ao Bonzinho um suculento favo de mel, para ele levar ao amigo Ursanto, e que levem a família dos bonzinhos uns dez favos suculentos. Para mim, ordene que tragam um banquete de geléia real, estou com um enorme apetite!
A abelha chefe da guarda voltou ao menino Bonzinho, juntamente com várias abelhas operárias trazendo o suculento favo para o Ursanto.
-Zum, zum, zum. (A Nossa Majestade está muito satisfeita, pois os seus gritos eufóricos a assustaram e ela esqueceu-se do soluço, portanto, aqui está o favo de mel, o mais suculento da nossa colméia, como prova de gratidão de Vossa Alteza).
-Obrigado! - Bonzinho recebe o favo, e o mel escorre em seus dedos, ele lambe os dedos da mão esquerda -, Que bom que a Abelha Rainha melhorou! Agora que está tudo resolvido vou me apressar, pois as borboletas da Liberdade estão a minha espera para irmos ao encontro do guardião da Flor de Elegante.
E ele seguiu quase correndo com aquele favo que atraia seres que se alimentam de néctar, chegando ofegante até as borboletas:
-Consegui, borboletas da Liberdade! Agora podemos ir.
-Vamos lá. Fica atrás do morrinho branco.
No caminho para o morrinho branco, o menino Bonzinho contou em detalhes para as borboletas da Liberdade quem é a vovó Florlinda, e o que ela representa na vida dele, como verdadeira mestra da arte do amor verdadeiro. Todas as borboletas da comitiva ficaram encantadas e pediram que ele as apresentasse à vovó no final da tarde. Ele concordou...
Enquanto isto, lá em cima no morrinho branco...
Ursanto estava a descansar, sob a sombra de uma amoreira, carregada de amoras madurinhas, perto de um tronco de uma árvore que havia caído, quando percebeu um movimento diferente no pé do morrinho. Rapidamente subiu no velho tronco, para ter uma visão mais privilegiada. A visão que teve o surpreendeu, era como uma nuvem, mas com todas as cores juntas, vindas em sua direção, parecia mesmo o arco-íris. As cores brilhavam em contraste com os raios de sol. Então, ao chegar um pouco mais perto, Ursanto percebeu que eram as asas das suas amiguinhas borboletas da Liberdade...
-Bom dia Ursanto. - Cumprimentou-lhe sorridente a borboleta chefe da expedição.
-Bom dia à todos. Sejam bem vindos ao Morrinho Branco. A tempos que vocês não vinham me visitar. Em que posso ser-lhes útil?
-Nossa visita não é pessoal, viemos até aqui fazendo um favor ao nosso amigo Bonzinho, ele está em busca da Flor de Elegante.
-Hum... Oi menino Bonzinho. Algumas Flores já me falaram de você. Tens fama de ser cuidadoso com as plantas e os animais. Saiba que é um prazer conhecê-lo.
-A recíproca é verdadeira! Sinto-me lisonjeado em conhecê-lo, Ursanto. Sua missão de guardião é muito louvável. - Ele estende a mão cumprimentando a mão direita peluda do Ursanto.
-Mas o que o fez vir atrás da Flor de Elegante?
-É que a minha vovó Florlinda virá almoçar em nossa casa hoje e eu assumi a missão de surpreendê-la com um ramo de Flores de Elegante. Quero emocioná-la!
-Você falou em almoço e eu estou sentindo um cheiro bom de mel - Ursanto fala passando a mão na barriga e a língua em volta da boca -, estou com apetite daqueles.
-Ah, sim é claro! O cheiro que estas sentindo deve ser do suculento favo de mel que eu trouxe para você da colméia das abelhinhas da Esperança. - Na cesta, entre as flores, ele retira o favo de mel e o entrega ao Ursanto, que tem um brilho mais intenso no olhar.
-O mel da colméia das abelhinhas da Esperança é o melhor mel das redondezas. Muito Obrigado! Não pre-ci-sa-vaaaa. Hum... - Ele termina a frase colocando um pedaço de favo de mel na boca, deliciando-se com seu alimento predileto -, Que delí-cia!!! Hum! Pode pas-sar me-ni-no Bonzi-nho. Hum! Dês-cul-pe-me, fa-lar de bo-ca che-ia, mas es-tá mui-to gos-toooosoooo! Hum! É a-li. - Ele aponta o dedo lambuzado de mel na direção da Flor de Elegante, com os olhos fechados, sentindo o sabor do mel com a boca e a alma...
O menino Bonzinho, deixou suas amigas borboletas observado o Ursanto em estado de graça, e seguiu em direção a trilha indicada pelo seu novo amigo.
-Hum... - Aspira profundamente Bonzinho e fala consigo mesmo -, Mas que perfume delicioso é este, só pode ser da Flor de Elegante, é diferente de tudo, nunca senti algo assim tão envolvente!
Sentindo aquela fragrância mágica, ele estava flutuando quando avistou a maravilhosa Flor de Elegante. Ela estava protegida entre as pedras, a suavidade envolvia aquele local, e ele ao chegar à frente dela, se postou de joelhos, fazendo uma reverência de adoração. Ele estava em transe! Parecia até uma cerimônia. Após alguns segundos, levantando a cabeça e abrindo os olhos, falou lentamente:
-Nossa. Como és majestosa! Estou completamente extasiado. Seu encanto e sua beleza rara me hipnotizam. És a Flor mais Elegante do universo. Estou tomado de uma emoção de tranqüilidade e de paz.
-Agradeço seus sinceros elogios. Mas eles me desconcertam um pouco... Por mais que o tempo passe, nunca estou preparada suficientemente para administrá-los... É muito difícil conviver com tantos atributos de grandeza sem se envaidecer. Mas, eu é que devo curvar-me com meus ramos, minhas folhas e minhas pétalas para você. É você o verdadeiro senhor da criação. Eu só cumpro completamente com a finalidade para a qual existo, quando sou reconhecida e apreciada por você. A começar pelo meu nome, foi uma menina que assim me chamou, dando-me uma identidade exclusiva. Ela me plantou aqui, ainda mudinha frágil. Ela cresceu dando-me atenção e carinho. Neste banco de pedra que vês ao meu lado ela namorou, depois sua mão foi pedida em noivado aqui, junto a mim, tendo meu perfume por testemunha. No casamento dela eu decorei a igreja e em sua lua de mel ela esteve aqui com seu marido, o seu avô menino Bonzinho. Você, hoje vê toda minha beleza rara e sente meu perfume especial, porque dentro de você existe um padrão de beleza rara que vem da relação que tens com os seus queridos e amados semelhantes. E o meu perfume aromático encontra ressonância no seu interior, porque lá dentro de você habita a fragrância mais pura e agradável. O seu reconhecimento dos meus atributos o tornam o senhor do universo, o meu bondoso senhor. - Ela curva-se completamente para o menino Bonzinho e ele a acaricia com ternura. Depois de algum tempo, com as emoções recompostas ele fala:
-Só agora percebo, que minha mãe já sabia o seu real significado Flor de Elegante. A vovó deixou este jardim de herança para nós, porque aqui ela viveu o início do romance apaixonado dela com o vovô, e aqui eles foram felizes na formação daquela família, da qual hoje somos a continuidade. - Enquanto ele falava, a Flor de Elegante ficava corada e seu perfume espalhava-se com mais consistência envolvendo todo o ar.
-Não resistimos ao perfume e fomos atraídas até aqui. - Eram as borboletas da Liberdade que de surpresa esvoaçavam sobre a Flor de Elegante beijando-a por todos os lados. O Ursanto chegou em seguida e aproximou-se também, ainda com o rosto lambuzado de mel, lambendo os dedos da pata direita falou:
-Pare-ce que a emo-ção an-dou sol-ta por a-qui. A do-na Flor de Elegan-te exala es-te seu perfu-me com ta-manha inten-si-dade somen-te em oca-siões muito espe-ci-ais. O que es-tá a-com-te-cendo, Do-na Ele-gante? - Ursanto cheira dona Elegante mexendo o nariz.
-Ursanto meu querido - diz ela afagando-lhe a face peluda -, seu pai Ursantão, dedicou a vida a me proteger e você está herdando o curso dele, é típico dos filhos de piedade filial. Este menino Bonzinho é neto da vovó Florlinda, que foi quem me plantou aqui, a muito tempo atrás, quando eu era ainda uma frágil mudinha. Agora eu vou ter a oportunidade de estar com ela, sua filha e neto simultaneamente. Você sabe o que isso significa?
Ursanto, olha para o céu e passando a mão na barriga fala:
-São três ge-ra-ções jun-tas?
-Isto mesmo! Três gerações unidas e sentindo o meu perfume. A vovó plantou-me, uma pequena mudinha e veja no que me tornei...
-Is-to é fan-tás-tico! Po-de me dar o pra-zer de fa-zer um ar-ranjo com su-as flo-res, pa-ra o me-nino Bonzi-nho levar para a su-a vovó Flor-linda?
-Sim, faça um lindo ramalhete e enrole-o com cipó.
Ursanto colhe as flores e monta um lindo e perfumado bouquet, entregando-o ao menino Bonzinho. Ele o agradece colocando o bouquet junto às outras flores dentro da cesta.
-Eu quase me esqueci. Tenho água fresca no regador, a senhora quer um pouco? - Pergunta Bonzinho à ela.
-Sim! É lógico! Pode me banhar de cima para baixo. Assim aproveito bem cada gotinha desta água bendita. Dê um forte abraço na vovó Florlinda e à todos os seus familiares, por favor.
-Será dado. Vou convidá-los para virmos aqui juntos qualquer dia desses visitá-la. Certo?
-Vou aguardar com ansiedade. Até muito breve.
Eles se despediram e o menino Bonzinho saiu olhando para trás e acenando para eles até sumirem do seu raio de visão. As borboletas da Liberdade esvoaçavam sobre ele, algumas iam de carona na cesta de flores, um colorido esplendoroso...
-Daqui em diante, você pode continuar voltando sozinho Bonzinho - disse-lhe a borboleta chefe da expedição.
-Sim. Eu sei o caminho de volta. Agradeço de coração a grande ajuda que vocês me deram.
-Continue assim, cuidando das flores e estaremos quites. Seus filhos, netos e bis-netos e assim por diante..., provavelmente vão continuar amando a natureza. Isto será fantástico!
-Está bem. Farei minha parte! Boa abertura na semana da Amizade Primaveril. Até breve.
Ele seguiu pelo jardim em companhia de todas aquelas flores maravilhosas, cantarolando. Ao aproximar-se de sua casa, todos lhe esperavam e vieram sorridentes ao seu encontro. A vovó Florlinda ao receber as Flores de Elegante ficou bastante emocionada. O perfume das Flores de Elegante reviveram lembranças agradáveis e lágrimas de alegria desceram pela sua face meiga. Ela até embargou um pouco a voz enquanto recebia o lenço branco da filha:
-Obrigada meu neto! Você sempre encontra um modo de mexer com o coração da vovó. Amo você!
Após o almoço, a vovó sentou-se na cadeira de balanço reservada à ela, de frente para o morrinho branco, e o menino Bonzinho tratou de afastar apressado, seu gatinho de estimação Gentileza, pois aquela cadeira é a maior tortura do felino, quando o rabo dele fica embaixo dela no momento em que a vovó se balança, para frente e para trás... Depois da prevenção, a vovó começou a contar-lhe uma história sobre a motivação de sua bisavó de cultivar flores e repassá-las de geração em geração, e foi agradavelmente interrompida por uma comitiva de borboletas, que vieram especialmente para conhecê-la...
FIM