Caçador de mim.

Há uma canção na MPB que se chama " Caçador de mim", e que gosto muito. Esta obra, musicalmente simples até, é de Luis Carlos Sá ( o do Sá e Guarabyra, lembram ?), e do Sérgio Magrão ( do 14 Bis), e de tão simples, se torna singela, verdadeira, e me traz uma paz , que preciso ter.

As vezes a toco ao violão, do meu jeito, e até que fica legal, sem falsa modéstia, e me lembro de todos os caras do "Grupo da esquina", e os mineiros , como ; Miltom Nascimento, Lô Borges, 14 Bis, Vanderli, Tavinho Moura, Flávio Venturini...e penso que Minas é uma nascente musical muito interessante.

"Por tanto amor

Por tanta emoção

A vida me fez assim

Doce ou atroz

Manso ou feroz

Eu caçador de mim

Preso a canções

Entregue a paixões

Que nunca tiveram fim

Vou me encontrar

Longe do meu lugar

Eu caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta

Nada a fazer senão esquecer o medo

Abrir o peito à força numa procura

Fugir das armadilhas da mata escura

Longe se vai, sonhando demais

Mas onde se chega assim

Vou descobrir

O que me faz sentir

Eu caçador de mim "

Esta letra traz coisas muito interessantes, que valem a pena parar para analisá-las, como ; " Vou me encontrar longe do meu lugar..." Sim, é verdade, é muito difícil se encontrar quando estamos "dentro" , o ambiente e o meio não nos permitem, são forças que nos impulsionam , que nos jogam para todos os lados.

"Entregue a paixões que nunca tiveram fim...", são as paixões da vida, e não das pessoas própriamente dito, o amor que carregamos quando simplesmente sentimos o que nos cerca.

" Nada a temer senão esquecer o medo", esta frase é linda...É muito importante ter medo, pois a coragem vem justamente do medo, não do pavor, mas do medo. É ele que nos protege e nos faz avançar e combater, por mais paradoxal que possa parecer.

No início da música, que já começa muito bem, o autor diz ; " Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim..." Assim como ? e ele mesmo responde ; " Doce ou atroz, manso ou feroz...eu caçador de mim". Aqui ele mostra o conflito humano, a dualidade em que se vive, e a auto-cobrança que nos flagela, o que é um pecado, pois o pulsar da alma é exatamente isso, uma personagem "redonda", como se diz na teoria literária, que sabe chorar e rir, que sente medo e coragem, que vive cada minuto como se fosse o seu último momento.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 24/03/2015
Reeditado em 24/03/2015
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