Sobre o filme As Crônicas de Narnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa
Neste filme é possível perceber o uso alegórico de diversos elementos bíblicos, por exemplo: as crianças humanas da história são chamadas “de filhos de Adão e filhas de Eva”, uma referência não só à humanidade delas, mas também ligando-as com a criação de Deus.
Outra alegoria ainda mais clara é o Leão Aslam, cuja presença e história no filme apresentam ocorrências quase idênticas aquela que a Bíblia relata a respeito de Jesus, “O Leão da Tribo de Judá”. Na história, Aslam é “o filho do Imperador do Além-mar”, ele se sacrifica para salvar Edmundo, o qual, no final, é declarado “o justo” pelo próprio Aslam. Na Epístola aos Romanos 3.26 Paulo, acerca da obra de Cristo, diz : “no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” Aslam foi morto na “Mesa de pedra” (um elemento semelhante ao altar do sacrifício onde os cordeiros eram sacrificados), a qual se parte quando ele ressuscita, semelhante ao que ocorreu na morte de Cristo, segundo relata Mateus 27.51: “o véu se rasgou em dois... e fenderam-se as pedras”. Acerca disto e sobre a justificação do culpado, Paulo ainda diz: “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.”
Mais adiante, Aslam abocanha a cabeça da Feiticeira, vencendo a batalha. Na Bíblia, a profecia dizia que o Messias é aquele que iria ferir a cabeça da serpente.
Em Aslam é possível verificar até características divinas: o seu sopro devolvia a vida aqueles que foram petrificados pela feiticeira. Em outro momento, ele diz à Feiticeira: “Não ouse ensinar a magia antiga para mim. Eu estava lá quando ela foi escrita.”
As alegorias são recursos muito usados na Bíblia. O próprio Jesus, muitas vezes, ensinou por parábolas. Nesta história, C. S. Lewis parece pretender algo semelhante, isto é, usar o imaginário, a fantasia, para transmitir certas verdades. Em um análise mais abrangente do filme, fazendo uso das alegorias, poderíamos dizer que o mundo fora do guarda-roupa é o mundo natural, o mundo da racionalidade, e o mundo de dentro do guarda-roupa é o mundo espiritual, o mundo da fé, da crença, onde encontramos as mais diversas figuras, sejam bíblicas, mitológicas, heroicas e até infantis (o papai Noel). A fé pura de uma criança tornou possível ter acesso ao mundo espiritual. Já a razão pura o impediu, até mesma quando a criança tentou mostrá-lo. Isto lembra o Evangelho, onde muitos, com uma fé simples, tentam anunciá-lo, mas a racionalidade pura, atrapalha. Porém, quando aqueles que não acreditam precisam, pela necessidade ou desespero, de um “abrigo” para se esconder, então o encontram. É preciso reparar que ambos os mundos estão em guerra. Há frieza em ambos os lados. Semelhantemente, o Evangelho nos ensina que há as batalhas físicas e as batalhas do espírito, mas a luta do Cristão não deve ser contra a “carne e o sangue”, mas contra as forças da maldade nos lugares espirituais.