Análise de uma Aldravia

Este tema é relativamente novo para mim, ainda não consigo decifrar suas amarras com segurança, mas vou tentando aqui, acolá. Quem sabe me tornarei, futuramente, um poeta Aldravianista por excelência. Vontade, não me falta.

A interpretação será diretamente relacionada ao conhecimento que tenho do mundo poético e do gênero Aldravia, por isso minha análise será única, este é um dos mais belos trunfos da poesia.

Como exercício, farei uma análise breve de uma Aldravia que li no blog “Louco por Cachorros” do escritor e poeta, André Luiz Vianna. Médico, radicado em Brasília. O poema diz o seguinte:

ipê

branco

neve

em

pleno

cerrado

Sem dúvida uma bela Aldravia. São seis palavras que fluem como se fossem brisa, suavemente, quando as lemos.

É preciso apreciarmos o texto para entendermos o sentido de cada uma de suas palavras, dentro do contexto. Não é necessário que sejam feitas releituras para termos certeza de que não deixamos escapar nenhum detalhe significativo, que pudesse nos impedir de ouvir o que a Aldravia nos diz.

Ao abrir o olhar para o poema, deparei-me de imediato com a palavra IPÊ. Nesse momento me vieram à mente outras variedades da espécie, tais como: amarelo, roxo e verde. Porém o autor destacou o branco para fazer contraponto com a palavra neve e, para solidificar sua ideia, completou com os seguintes versos: “em/pleno/cerrado”.

A imagem que se cria, com a leitura do texto, é a de que o cerrado, como se fosse possível, está tomado pelo frio intenso e que as pétalas brancas penduradas nas extremidades das galhas, desprovidas de quaisquer folhas, vão se soltando lentamente para compor a camada de “gelo” que se esparrama pelo chão, reforçando a ideia de neve.

Outro aspecto que gostaria de ressaltar é que o texto não traz, em sua configuração, nenhuma rima, o que, a meu ver, fortalece o poema. Além de que o torna mais moderno e atual.

O texto tem ainda uma conotação ambientalista que nos leva a refletir que é preciso proteger o cerrado. Só assim, teremos este esplendor todos os anos, nos meses de agosto e setembro, não só no nosso imaginário poético.

E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 05/10/2016
Código do texto: T5782008
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