ALDRAVIAS BRASILIANAS*
eixos em cruz monumento a Jesus |
mãos de concreto aos céus oração |
superquadra sem satélite universo sem verso |
na esplanada muitos mi(ni)stérios para nada |
cabeça tronco rodas corpo candango ápoda |
eixo eixinho eixão esquinas? tem não |
na praça do relógio perde-se tempo |
sem asas meu norte é morte |
eixos tão largos ainda assim engarrafados |
rodoviária: caldo-de-cana pastel amores de aluguel |
planalto da esperança: só povo dança |
ante imenso despudor cerrado esconde flor |
punho erguido no cerrado grito desesperado |
lago do Paranoá só burguesia dá |
três poderes saciados os outros sacaneados |
são todos podres poderes ou não |
um cheiro estranho no lago: corrup(olui)ção |
Juscelino o fundador e Joaquim horrorizou |
*Aldravia é um minipoema “constituído numa linométrica de até seis palavras-verso. Esse limite de seis palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração” (J. B. Donadon Leal. In: Jornal Aldrava Cultural).
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Texto publicado originalmente na revista literária baiana REFLEXOS DE UNIVERSOS, n° 82, março de 2014.