Quer ter um verdadeiro caráter, pratique ao menos este único conselho

"Quer ter um verdadeiro caráter? Pratique ao menos este único conselho:

- Não se empenhe em parecer ser aquilo que você gostaria de ser.

- Por outro lado, sim, este deve ser o seu maior empenho: torne-se verdadeiro naquilo que você apenas aparenta ser."

#Considerações finais para favorecer a boa reflexão:

* Para um tema tão amplo quanto esse, que diz respeito a integridade de caráter, um único e singelo conselho pode parecer ínfimo e de validade restrita, mas nesse caso a intenção foi justamente formular um pensamento com um único elemento primordial, fácil de assimilar e ser lembrado, para que o praticante desse conselho sempre tenha consigo esse conhecimento bem acessível em sua mente, em todos os momento da sua vida. Portanto, se ainda não percebeu a profunda mensagem que existe nesse conselho ou deseja se aprofundar no seu significado, leia as considerações adicionais para melhor esclarecimento.

(Dica! Se estiver sem tempo, leia diretamente a síntese no último tópico e deixe para ler a reflexão completa quando puder fazer isso atentamente)

* Na sociedade, atualmente, embora exista diferentes crenças, aprendizados, culturas, posicionamentos sociais, e até ideológicos, a maioria das pessoas maduras são geralmente dotadas de muitas referências importantes ao longo da vida, que podem lhes permitir desenvolver um significativo valor humano, social e intelectual, ou seja, elementos importantes para o caráter. Portanto, mesmo sabendo-se que essas diferenças interferem bastante na qualidade e na quantidade de conhecimentos adquiridos por cada um ou cada diferente grupo, isso não é motivo para rejeitar a ideia de que muita coisa importante para o caráter se aprende naturalmente durante a vida, pois isso é fato bastante notável na vida da maioria das pessoas.

* Servindo-se da validade do que já foi dito, há uma questão fundamental que merece atenção:

Por que o aprimoramento do caráter é tão difícil?

Para obter essa resposta, basta observar que, por um lado somos bombardeados pelas mais diferentes discussões sobre como deve ser o comportamento humano para a melhor aceitação social e familiar, por um outro lado temos diversas pressões para superarmos limitações, sermos competitivos e defendermos nosso espaço na sociedade.

Não parando por aí, pois há muitos lados nessa questão, de modo que pelo menos mais um fato de merece destaque nesse contexto: temos ainda que lidar com a globalmente massificada ideia de que precisamos ser populares, atraentes e influentes, seja no seu meio social,profissional, e, dentre outros, até no meio familiar.

Tudo isso ocorre como se precisássemos ser um modelo das melhores referências daquilo que a sociedade foi treinada para cobrar de nós e, por conseguinte, cada um vem sendo treinado para para cobrar de si mesmo e o resultado disso, simplificando em poucas palavras, é que o ser humano vive correndo desenfreadamente para alcançar mais e mais daquilo que a sociedade cobra dele e que ele mesmo passou a acreditar que precisa alcançar, mesmo que a maior parte dessas cobranças não tenha legitimidade e sejam mais nocivas do que eficazes para algum propósito.

* Embora não se precise ter tantas coisas, ou SER tantas coisas, porque não há razão lógica verdadeiramente justa para isso, acredita-se que isso seja necessário. E assim a fatídica realidade expõe o ser humano a si mesmo, mostrando-lhe todas as suas próprias deficiências e incapacidades diante da alta demanda que ele tem dentro de si, demanda essa que lhe foi imposta e que serve muito mais (ou apenas) para interesses alheios, não para os seus próprios, mas isso já não mais importa, porque a crença dessas obrigações já lhe foram incutidas na mente. Por esses e outros motivos é que é tão difícil o aprimoramento do caráter. A vida se tornou uma concorrência para ser o que não se é e ter o que não se tem, portanto o ser humano encontrou uma aparente solução possível para essa alta cobrança, que é o uso da estética e a cosmética do caráter, a arte de aparentar ser e ter o que não se consegue ser nem ter.

* Diante de tudo o que foi apresentado, que faz parte de um oceano maior ainda, como se chegar à validade do único conselho fundamental apresentado inicialmente? Antes de responder, o conselho será repetido aqui.

"Quer ter um verdadeiro caráter? Pratique ao menos um único conselho: Não se empenhe em parecer ser aquilo que você gostaria de ser.Por outro lado, sim, seu maior empenho deve ser: tornar-se verdadeiro naquilo que você apenas aparenta ser."

A resposta para fundamentar a validade do conselho será resumida em apenas quatro breves proposições, que farão um síntese de tudo o que foi dito:

1º. Perceba, claramente, que o TER é sempre para o SER, portanto preocupe-se, antes de tudo, com o SER.

2º. Os maiores valores de vida de que você realmente necessita, por tudo o que você já aprendeu ao longo do seu amadurecimento, já estão no seu campo de conhecimento, mesmo sendo pouco acessíveis à sua consciência, por tudo o que você já viu, aprendeu e viveu.

3º. Em tudo o que você se esforça para aparentar ser e, principalmente, naquilo que você já consegue aparentar mesmo não sendo, procure examinar qual é o verdadeiro valor disso para a sua vida, quando encontrar verdadeiro valor, procure dentro de si os recursos para passar a viver verdadeiramente isso, empregando seu melhores esforços para isso. Quando não encontrar real valor para si naquilo que você procura aparentar por necessidades alheias a você, dedique-se a eliminar isso da sua vida de maneira cuidadosa e adequada.

4º. Fazendo isso, o seu aparente começará a dar espaço para o seu verdadeiro ser e essa será a sua jornada para aprimorar o seu verdadeiro caráter.

Phil Sophos Human, 2018