Aforismos 2 - Erros, modernidade, boa vida
Quem não reconhece erros transforma a sua vida em um espinheiro de dores.
A modernidade pós-Revolução Francesa colocou um problema interessante: você pode recriar o mundo a partir de uma narrativa bem-feita. Um caçador fraco que se vangloriasse da própria competência poderia colocar em risco a sobrevivência da comunidade. Hoje, você pode dizer que não existe inflação enquanto os preços disparam na gôndola. Se tiver poder real, suas palavras mascaram os fatos.
O simples bem-feito vale muito mais do que o complexo mal-feito.
Em assuntos particulares ou de governo, a voz da sensatez raramente se impõe.
Quem gosta de discrição é o aristocrata. Já o favelado quer mesmo é desfilar as próprias qualidades na Marquês do Sapucaí.
Na época do Absolutismo Monárquico, as pessoas viviam as suas vidas sem se importar com que o rei fazia na capital. O nível de interferência na vida pública era baixíssimo. Hoje em dia, a presença do Estado é opressiva até mesmo na privacidade dos indivíduos. Impostos cavalares sobre renda, propriedade e consumo; classe política parasitária mamadora de dinheiro; controle policialesco sobre a liberdade de expressão e o direito de crítica; mídia mainstream que exige verba pública para manipular as opiniões.
A indignação precisa ser acompanhada por atitude de fuga ou transformação da realidade. Indignação que se revela como mera "reclamação" é inócua e irritante aos ouvintes.
Quem busca afeição são idosos e crianças. Homens adultos devem priorizar mesmo é o cumprimento das responsabilidades.