DA NOSSA VIDA MUTÁVEL E TRANSITÓRIA

  Pensar a vida humana é ter a intuição fundamental da inconstância e do que é ser evanescente. Somos seres em constante fluidez e transformação como todo ser vivo que se renova incessantemente como as folhas das árvores. Antes de sermos seres em transcendência, somos seres-para-a-morte como bem intuiu Heidegger; e seres que mudam perpetuamente, como bem dizia Heráclito e os pensadores que enfatizam o movimento da vida. A nossa existência é breve, inconstante e frágil, assim como todos os seres da natureza, seres nos quais são passíveis de sofrerem com os contratempos e as fatalidades tanto quanto os próprios seres humanos. Começamos, em nossa solidão essencial, a termos tais certezas quando vivenciamos a dor da perda de nossos entes queridos, de nossos animais de estimação e da constante mutação de nosso ser mais visível e concreto. Viver é também fazer a experiência indireta de nossa condição de seres mortais, sem o qual não seria possível o surgimento da filosofia, das mitologias e das religiões, pois cada uma delas procuram dar uma resposta sobre a nossa finitude; e existem, para todos os níveis, certas áreas do saber que, através da revelação, abrem os véus dos mistérios, dizendo sobre o que está para além da realidade perecível e mutável de todos os dias. A angústia em face da morte, talvez a maior tomada de consciência de um homem no seu romper com o senso comum da letargia cotidiana, é o que pode propíciar um florescimento profundo das artes, das ciências e, principalmente, do aprimoramento de nosso filosofar em meio às realidades transitórias da existência.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 10/02/2024
Reeditado em 29/02/2024
Código do texto: T7996438
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